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Vale Encantado: Reflexões Sobre Leitura E Escrita

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Por:   •  6/11/2013  •  2.176 Palavras (9 Páginas)  •  1.191 Visualizações

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Vale Encantado: reflexões sobre leitura e escrita

“Quem tem muito pouco, ou quase nada,

merece que a escola lhe abra horizontes”.

Emília Ferreiro

“Por trás do último morro, depois que o rio mais longínquo desemboca nos confins do oceano, e atrás da nuvem mais distante, onde jamais se viu um ser humano, existe um vale – um vale mágico”. É assim que Oswaldo Montenegro inicia a história “Vale Encantado”, escrita em 1996, que dá aos personagens uma vida fora dos contos de fada e dos livros infantis, onde eles são pessoas que vivem em um lugar mágico, protegido por “João, o Vigilante”, estando todos sempre prontos a encararem mais uma vez sua própria história, “quando alguém precisa sonhar”.

A história inicia com a descrição dos personagens, ressaltando que lá, no Vale Encantado, todos os personagens dos contos de fada e das histórias infantis são amigos, como por exemplo, o Lobo Mau, a Vovó e Chapeuzinho Vermelho, que cuidam juntos de um pequeno jardim florido. Na história, o Pequeno Polegar e o Gigante também são grandes amigos e a Branca de Neve é perdidamente apaixonada pelo anão Dunga, mas esconde este sentimento por causa de sua história original. No Vale Encantado vivem também Robin Hood, Frei Tuck e o Gato de Botas, os quais estão sempre preparados para entrar nas suas histórias.

A história chega ao seu ápice quando, querendo conhecer o “Mundo dos Homens Sérios”, alguns personagens resolvem “roubar” a chave do portão do Vale Encantado, que é guardada por ninguém menos do que o Papai Noel, já que ele é o único que pode viajar pelo outro “mundo”. Alguns personagens não acham certo tal comportamento, mas nada fazem para interferir. Já Robin Hood, Lobo Mau, Pequeno Polegar e o Gigante, com a ajuda de outros personagens conseguem pegar a chave, enquanto Papai Noel está dormindo. Eles abrem o portal e quem vai primeiro é Pequeno Polegar, chegando ao “País dos Velhos” (onde as pessoas idosas ficam relembrando o que passou, com semblante triste), depois ao “País dos Adultos” (terra de homens sérios e mal-humorados) e, por último ao “País das Crianças” (que mais parecem mini-adultos). Os personagens ficam muito tristes com o que veem: tristeza, desencanto, mau humor e “mini-adultos”, que nem ao menos sorriam... Pequeno Polegar fica desesperado com tanta tristeza e pede à Fada Azul que o leve de volta ao Vale Encantado – mas felizmente, tudo não passava de um pesadelo do menino. A Fada lhe diz então, que o Mundo dos Homens sérios “só existe para fazer dormir as crianças do Vale Encantado”, pois assim como se conta histórias para as crianças da Terra dormirem, lá no Vale Encanto acontece isso também.

Acredito que esta história faz com que pensemos a respeito dos problemas que a sociedade, em geral, enfrenta tais como a pobreza, a mendicância, o desrespeito com os idosos, confirmando que um mundo perfeito ainda não existe – ficando visíveis estas preocupações do autor em trazer esta abordagem.

Outra questão que quero abordar é em relação à estimulação da leitura e da escrita. Com uma história simples como essa, é possível fazer com que as crianças possam desfrutar de lugares talvez nunca antes imaginados por elas. Para complementar minha ideia, levei este livro para uma amiga que é professora do 1º ano das séries iniciais, em uma escola da rede municipal de Cidreira e, antes de mostrá-lo, fiz a seguinte entrevista:

1. Você costuma contar histórias para seus alunos?

Sim. E eles adoram quando trago livros para a sala de aula.

2. Que critérios você utiliza para a escolha das histórias?

Geralmente escolho uma história que tenha a ver com o assunto que quero desenvolver com eles.

3. Que recursos são utilizados?

Gosto de usar fantoche, varal, montagem do cenário no isopor. Após contar a história, permito que eles usem o material e recontem a história da sua maneira.

4. Você se prepara antes de contar a história? Como é o seu planejamento?

Quando vou começar um tema novo, estudo a história antes de contá-la, para poder dramatizá-la. Faço vozes diferenciadas para os personagens. Gosto que as crianças sentem-se no tapete em círculo. Já me fantasiei de bruxa e eles adoraram, principalmente quando dei uma gargalhada bem alta! Depois que terminei de contar a história, as crianças montavam na vassoura e gargalhavam também. Foi uma folia só! E cada um dava suas ideias para sabermos o que íamos colocar no caldeirão da bruxa! Gosto também de usar um macacão que eu tenho, que é de T.N.T. verde, cheio de enfeites. As crianças ficam muito atentas, para ver o que vai acontecer na história e sempre respondem quando são solicitados.

5. Então a sua turminha adora quando você traz os livros?

Sim, eles adoram. Toda criança adora histórias e, uma vez por semana, no dia da história livre, levo os livros do meu filho e deixo que eles manuseiem bastante, depois escolhemos em conjunto para ler.

6. E o que fazem depois da história?

Fazemos dobraduras, desenhos e depois sigo com o tema da semana, utilizando palavras que apareceram na história. Para começar um tema que quero abordar com eles, nada melhor que uma história. Também fazemos a leitura das palavras que escolhemos para o glossário, e as escrevo em um cartaz de papel pardo, porque depois vamos usá-las para a identificação de letras e sílabas.

7. Que livro você indica para ler para as crianças?

“Menina Bonita do Laço de Fita”, da Ana Maria Machado, porque trabalha a curiosidade e diferenças de cor e raça.

8. E o que você acha deste livro – O Vale Encantado? Você já o conhecia?

Uma vez eu contei esta história para os meus alunos do 2º ano (no ano passado). Eles adoraram, pois ele fala dos personagens como se eles não estivessem na sua própria história, não é mesmo? Acho que este é um livro muito bom de se trabalhar. Se eu não me engano tenho ele lá na outra escola e acho que vou usá-lo de novo.

9. Por quê?

Este é um livro encantador e as crianças gostam de ver os personagens dos contos de fadas em outras situações. Lembro que quando contei esta história, uma menina ficou

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