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Visão geral da história da linguística

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Por:   •  22/9/2014  •  Projeto de pesquisa  •  3.183 Palavras (13 Páginas)  •  625 Visualizações

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ROBERTA TREVISAN MARQUES DE SOUZA

RESUMO DOS CAPÍTULOS I AO VII QUE CORRESPONDEM À INTRODUÇÃO DO LIVRO CURSO DE LINGUÍSTICA GERAL ESCRITO POR FERDINAND DE SAUSSURE

DA DISCIPLINA DE LINGUÍSTICA

Resumo

Capítulo I

Visão Geral da História da Linguística

A ciência que se constitui em torno dos fatos da língua passou por três fases sucessivas de reconhecer qual é o verdadeiro e único objeto.

“Gramática”: Esse estudo, inaugurado pelos gregos, e continuado principalmente pelos franceses, é baseado na lógica e está desprovido de qualquer visão científica e desinteressada da própria língua; visa unicamente a formular regras para distinguir as formas corretas das incorretas; é uma disciplina normativa, muito afastada da pura observação e cujo ponto de vista é forçosamente estreito.

A seguir apareceu a Filologia. A língua não é o único objeto da Filologia, que quer, antes de tudo, fixar, interpretar, comentar os textos; este primeiro estudo a leva a se ocupar também da história literária, dos costumes, das instituições, etc.; em toda parte ela usa seu método próprio, que é a crítica.

Sem dúvida, essas pesquisas preparam a Linguística histórica: os trabalhos de Ritschl acerca de Plauto podem ser chamados linguísticos; mas nesse domínio a crítica filógica é falha num particular: apega-se muito servilmente à língua escrita e esquece a língua falada.

Origem da Filologia comparativa ou da “Gramática comparada”. Em 1816, numa obra intitulada Sistema de Conjugação do Sânscrito, Franz Bopp estudou as relações que se unem o sânscrito, ao germânico, ao grego, ao latim, etc. Bopp não era o primeiro a assinalar tais afinidades e a admitir que todas essas línguas pertecem a uma única família.

É de duvidar que Bopp tivesse podido criar sua ciência – pelo menos tão depressa – sem a descoberta do sânscrito.

Este, como terceiro testemunho ao lado do grego e do latim, forneceu-lhe uma base de estudo mais larga e mais sólida; tal vantagem foi acrescida pelo fato de que, por um feliz e inesperado acaso, o sânscrito está em condições excepcionalmente favoráveis de aclarar semelhante comparação.

Basta uma rápida observação para perceber a relação existente entre os paradigmas grego e latino. Admitindo-se provisoriamente que ganas que represente a forma primitiva, pois isso ajuda a explicação, conclui-se que um s deve ter desaparecido nas formas gregas gene(s) os, etc., cada vez que ele se se achasse colocado entre duas vogais. Conclui-se logo daí que, nas mesmas condições, o s se transformou em r em latim.

Curtius, filólogo notável, conhecido sobretudo por seus Princípios de Etimologia Grega (1879), foi um dos primeiros a reconciliar a Gramática comparada com a Filologia clássica. Esta acompanhara com desconfiança os progressos da nova ciência e tal desconfiança se tinha tornado recíproca. Schleicher, enfim, foi o primeiro a tentar codificar os resultados das pesquisas parciais. Seu Breviário de Gramática Comparada das Línguas Indo-Germânicas (1819), é uma espécie de sistematização da ciência fundada por Bopp. Esse livro, que durante longo tempo prestou grandes serviços, evoca melhor que qualquer outro a fisionomia dessa escola comparatista que constitui o primeiro período da Linguística indo-européia.

O primeiro erro, que contém em germe todos os outros, é que nas investigações, limitadas aliás às línguas indo-européias, a Gramática comparada jamais se perguntou a que levavam as comparações que fazia, que significavam as analogias que descobria.

Schleicher, por exemplo, que nos convida sempre a partir do indo-europeu, que parece portanto ser, num certo sentido, deveras historiador, não hesita em dizer que em grego e e o são dois “graus” (stufen) do vocalismo.

Schleicher via no o grego um grau reforçado do e como via no ā sânscrito um reforço de ã. De fato, trata-se de uma alternância indo-européia, que se reflete de modo diferente em grego e em sânscrito, sem que haja nisso qualquer igualdade necessária entre os efeitos gramaticais que ela desenvolve numa e noutra língua.

Esse método exclusivamente comparativo acarreta todo um conjunto de conceitos errôneos, que não correspondem a nada na realidade e que são estranhos às verdadeiras condições de toda linguagem.

Hoje não se podem mais ler oito ou dez linhas dessa época sem se ficar surpreendido pelas excentricidades do pensamento e dos termos empregados para justifica-las.

A Linguística propriamente dita, que deu à comparação o lugar que exatamente lhe cabe, nasceu do estudo das línguas românicas e das línguas germânicas. Os romanistas se achavam em condições privilegiadas, desconhecidas dos indo-europeístas; conhecia-se o latim, protótipo das línguas românicas; além disso, a abundância de documentos permitia acompanhar pormenorizadamente a evolução dos idiomas.

Os germanistas se achavam em situação idêntica; sem dúvida, o protogermânico não é o conhecido diretamente, mas a história das línguas que dele derivam pode ser acompanhada com a ajuda de numerosos documentos, através de uma longa sequencia de séculos. Também os germanistas, mais próximos da realidade, chegaram a concepções diferentes das dos primeiros indo-europeístas.

Graças aos neogramáticos, não se viu mais na língua um organismo que se desenvolve por si, mas um produto do espírito coletivo dos grupos linguísticos. Ao mesmo tempo, compreende-se quão errôneas e insuficientes eram as ideias da Filologia e da Gramática comparada. Entretanto, por grandes que sejam os serviços prestados por essa escola, não se pode dizer que tenha esclarecido a totalidade da questão, e, ainda hoje, os problemas fundamentais da Linguística Geral aguardam uma solução.

Capítulo II

Matéria e Tarefa da Linguística: Suas Relações com as Ciências Conexas

A matéria da Linguística é constituída inicialmente por todas as manifestações da linguagem humana, quer ser trate de povos selvagens ou de nações civilizadas, de épocas arcaicas, clássicas ou de decadência, considerando-se em cada período não só a linguagem correta e a “bela linguagem”, mas todas as formas de expressão.

A Linguística tem relações estreitas com outras

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