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ÉTICA E CIDADANIA

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Por:   •  19/8/2014  •  Artigo  •  3.211 Palavras (13 Páginas)  •  222 Visualizações

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ÉTICA E CIDADANIA

Luis Carlos Ludovikus Moreira de Carvalho

Grandes transformações ocorreram no ciclo histórico da humanidade desde a experiência filosófica e democrática vivida pelos gregos antigos, quando instauraram a razão, desmitificando preconceitos e mitos, e quando derrotaram tiranias, instando o cidadão no poder, há dois mil e quinhentos anos atrás.

O mundo conheceu o poder monárquico fundado em heranças “divinas”, que usurparam o poder do cidadão; surgiram novas descobertas filosóficas, científicas e invasões territoriais em nome da civilização, transportando modos distintos e diferenciados de viver; veio a derrocada das monarquias e impérios, fato que conclamou os indivíduos à uma nova postura ante os assuntos políticos.

Emergiu, ainda, uma era de revoluções e guerras: a Revolução Francesa, a Inglesa, a Americana, o Manifesto Comunista, o Nazismo, o Fascismo, a Guerra Espanhola, as I e II Grandes Guerras Mundiais, e mais recentemente, as duas Guerras do Golfo e outros tantos conflitos nacionais e internacionais que encandeceram e continuam a encandecer as consciências dos povos.

E hoje, com o advento de novas técnicas, tecnologias e processos mais agressivos de globalização, as mudanças ocorrem de forma muito mais complexa, acelerada e de modo escamoteado e camuflado que exige uma atitude crítica apurada.

Portanto, falar sobre ética e cidadania é ter em mente todo esse elenco de fatos e acontecimentos. No entanto, os eventos e fenômenos humanos estão sujeitos às interpretações as mais distintas e diferenciadas quanto às visões sócio-econômica-política e cultural. Inclusive, o próprio ser humano, dada a sua complexidade, continua um ilustre desconhecido.

Além disso, os fatos não se apresentam verdadeiramente reais simplesmente porque alguém se propõe a tecer novas interpretações e descobertas. Pois, por detrás de cada discurso emerge um tipo de ideologia na hermenêutica utilizada. É o olhar do sujeito que se põe sobre o objeto dada a sua cultura, a sua estrutura mental e a sua postura valorativa. Uma vez que ninguém age de forma desinteressada.

Discorrer sobre ética e cidadania é, também, correr o risco de repetir o que já foi dito por alguém que tenha passado por essa senda, porque o conhecimento está disperso nos diversos saberes, seja da academia, da arte ou da escola da vida; é, sobretudo, estar numa corda bamba entre a percepção da falta de cidadania nas gentes, que foi e é causa dos mais desgraçosos horrores; e a apologia de sua prática, a qual trouxe mudanças significativas, quando foi assumida com ardorosa sedução.

Portanto, falar de ética e cidadania não é tarefa fácil, porque pode-se resvalar num discurso repleto de ufanismo, pensando que pelo simples fato de deter o conhecimento e do consenso sobre a necessidade da ética e da cidadania, possa por si só alcançar grandes transformações e trazer novas esperanças para a humanidade; ou, ao contrário, pode-se trilhar um caminho carregado de desesperança e resignação ante o poder político e econômico. Principalmente, devido ao encabrestamento dos povos à lógica de mercado.

Mas não se pode fugir ao problema.

Por isto, nada melhor do que discorrer sobre ética e cidadania, tendo por suporte a ciência filosófica. Não só porque é a filosofia que há milênios pensa a virtude como necessidade humana e o homem como um “animal político”, mas porque ela faz a reflexão da ética e do sujeito ético.

Todavia, não se pode perder de vista a diversidade social e cultural no mundo globalizado, seja quanto à produção ou ao consumo, seja quanto aos governos ou aos regimes.

Assim, este sucinto texto intenta identificar e refletir sobre os discursos éticos e as ideias valorativas para buscar a compreensão das implicações de uma cidadania não só local, mas planetária; pensando na fundação do sujeito ético.

Da ética

Etimologicamente a palavra ética (ethos) é uma transliteração de dois vocábulos gregos:  (ethos) que significa morada do homem, morada do animal: covil, caverna,  que dá o sentido de abrigo protetor, o homem encontra um estilo de vida e de ação no espaço do mundo. Acostuma-se com sua morada. Daí vem o costume, mas esta morada é passível de perfectibilidade, de aperfeiçoamento.

O outro vocábulo  (ethos), significa comportamento que resulta de um repetir os mesmos atos – uma constante que manifesta o costume, o ato do indivíduo – tem-se aí o hábito. Tanto costume, quanto hábito são construídos  (ethos), significa comportamento que resulta de um repetir os mesmos atos – uma constante que manifesta o costume, o ato do indivíduo – tem-se aí o hábito. Tanto costume, quanto hábito são construídos.

Estes dois vocábulos levam-nos a perceber que o espaço ético humano instaura-se no reino da contingência (isto é, naquilo possível, naquilo que pode ser necessário, ou naquilo livre e imprevisível, porque dá-se dentro de possibilidades e probabilidades); enquanto que, a natureza está no domínio da necessidade, porque ela é necessidade dada, sempre a sucessão do mesmo.

O mundo do ethos, da ética, começa a surgir, no mundo antigo, segundo o modelo do cosmos ou da ordem da natureza (modelo do cosmos = cosmocêntrico). Esta ética inicial concebida no modelo cósmico presidiu os primeiros ensaios pré-socráticos de uma ciência do ethos.

Heráclito é o primeiro a fundamentar a unidade do logos à ordem do mundo e a conduta da vida humana. O ethos verdadeiro, o modo de vida verdadeiro, deixa de ser a expressão do consenso ou da opinião da multidão e passa a ser o que está de acordo com a razão. O ethos dá-se como logos (razão) e não como dóxa (opinião).

No entanto, Sócrates é que vai ser o grande iniciador da ética. Ele concebe a virtude como fundamento. Não interessa apenas cumprir a lei, mas saber qual o sentido da lei. É uma tentativa de formulação da racionalidade da conduta.

Isto só foi possível, porque os gregos antigos instauraram a razão. Instaurar a razão significa dar sentido às coisas, isto é, explicar o porque às coisas.

O homem antigo se satisfazia com as respostas dadas pelo mito, ele não questionava. Porque o mito dizia a verdade dos deuses. O mito mandava agir de acordo com a lei divina, inquestionável.

Num dado momento, o homem começa a questionar a lei e as respostas dadas pelo mito. Dá-se, assim, a grosso modo, o aparecimento da filosofia. Uma dessas primeiras questões levantadas pelo homem grego foi: o que é o mundo, do quê ele é feito?

Quando

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