A GRAVURA EM METAL: TÉCNICAS E MATERIAIS
Por: Kleber Tangioni • 6/4/2018 • Monografia • 4.144 Palavras (17 Páginas) • 452 Visualizações
GRAVURA EM METAL: TÉCNICAS E MATERIAIS
RESUMO
A gravura é considerada uma das mais antigas técnicas no mundo da arte e está presente desde os povos antigos, tendo como primeiros usuários, o homem da caverna, que usavam uma técnica antecedente da gravura, talhando em rochas, arranhando e sulcando a pedra com a utilização de linhas variadas até o surgimento do desenho. No decorrer do tempo, passando por quase todas as culturas, a gravura foi evoluindo com a descoberta do papel e a criação da impressão pelos chineses, por volta do século II. A gravura só se desenvolve na Europa com a chegada do papel por volta do século XIV, e, no fim da Idade Média, surgem às primeiras gravuras na Europa. A Xilogravura predominava na Europa e, na metade do século XV, surge a Gravura em Metal ou Calcogravura. Ligadas às atividades do ourives, permitiam uma tiragem maior na hora da impressão e melhor qualidade no traço. É nesse período que aparece a prensa, máquina indispensável na gravura em metal. Surge então a necessidade de reunir neste trabalho, um apanhado geral de todas as técnicas, tanto das diretas quanto das indiretas, definindo suas características, as variações de materiais e a substituição de materiais convencionais por materiais salubres. A pesquisa teve como base, manuais de gravura e pesquisas feitas por artistas sobre o assunto, análise de obras de gravura em metal e uma investigação prática na qual foi realizado testes de cada procedimento.
Palavras-chave: gravura, técnicas, materiais, evolução.
CONCLUSÃO DO CURSO DE EDUCAÇÃO ARTÍSTICA DA
UNIVERSIDADE GUARULHOS
GRAVURA EM METAL: TÉCNICAS E MATERIAIS
Introdução
Este trabalho teve como ponto de partida a observação das aulas de gravura em metal no curso de Licenciatura em Artes onde foi possível perceber o desinteresse dos educadores em formação que sempre questionavam o alto custo dos materiais e o árduo trabalho implicado pela técnica, tais experiências impediram o interesse pela matéria, já que o principal interesse é aprender atividades que possam a vir a ser útil em uma sala de aula esquecendo que o professor universitário apenas tem a função de abrir caminhos e o resto é com o próprio aluno que, costuma criticar até mesmo o fato das escolas públicas não possuírem um local adequado para se produzir gravuras em metal ou qualquer outro tipo de atividade artística, realmente não é possível aplicar tal técnica em uma instituição de ensino pública ou até mesmo em uma particular, pois seria necessário ter um espaço adequado e recursos, fato que a realidade não propicia tal atividade. Mas com o tempo, outros materiais começaram a ser utilizados para a substituição dos materiais convencionais, tornando possível aplicar alguns processos em sala de aula, já que uma vez em que se possui conhecimento para a técnica é possível experimentar outros recursos, recursos que tal pesquisa irá mostrar.
A necessidade de criar um guia sobre gravura em metal surgiu, principalmente das atividades práticas no atelier de gravura e do interesse de levar adiante com a técnica.
Apesar da existência de guias que apresentam as técnicas convencionais de gravura a uma necessidade de uma complementação, pois no decorrer do tempo novos processos foram criados conforme a necessidade do gravador de elaborar técnicas que não ofereçam risco a saúde e nem o meio ambiente.
Tendo como objetivo de montar em um trabalho apresentando todos os procedimentos convencionais e sugestões de substituição de materiais, apresentação das ferramentas e técnicas não-tóxicas não prejudiciais a saúde e ao meio ambiente, é possível apresentar algumas dessas técnicas em uma sala de aula mesmo não tendo um espaço adequado.
O desenvolvimento desse trabalho está sendo baseado nos estudos de artistas como Iberê Camargo, Marco Butti, Anna Letycia, artistas que criaram guias sobre gravura em metal e Keith Howard, criador das novas técnicas não-tóxicas de gravura e em uma investigação prática aplicando todos os procedimentos citados acima sobre o assunto.
Para a elaboração desse trabalho será realizado pesquisas de livros acadêmicos sobre o assunto, uma investigação prática na qual será feito testes e documentar imagens dos processos e ferramentas.
O trabalho aqui apresentado poderá ajudar interessados no assunto que queiram ter como ponto de partida a inicialização de gravura em metal ou como complementação para o gravador ou para o arte-educador.
Gravura em metal
Gravura em metal também conhecida por calcogravura (khal kos ou chalcos) abrange toda gravura cuja matriz é de metal onde são cavados os sulcos que podem ser conseguidos de formas diretas (buril, ponta seca) ou indiretas (mordentes). A técnica foi inicialmente usada por ourives, armeiros e na metade do século XV que o ourives florentino Tommaso Finiguerra descobre a técnica que nasceu do buril e com o tempo foram aprimorando e acrescentando o uso de outros recursos e até hoje novas técnicas surgem.
Materiais
Matrizes: os metais utilizados na gravura são o cobre por ser duro e eletrolítico é o mais usado e recomendado, deve conter uma espessura superior a 1 mm. Outras opções são: o zinco, o alumínio, latão e o ferro. Os materiais plásticos foram bem recebidos como uma alternativa, o acetato e o acrílico, sendo possível apenas aplicar técnicas diretas.
Os utensílios e materiais fundamentais em um ateliê de gravura segundo Iberê Camargo são:
Tampão de seda para envernizar, tampão de couro ou feltros para impressão, tocha para enfumaçar as chapas, rolo de gelatina de couro ou borracha, pontas secas para gravura, porta-pontas, raspador, “roulette”, buris sortidos para talho-doce, banheiras de porcelana, plástico, vidro ou baquelite, pedra de óleo-arkansas, óleo fino, “berceau”, lente brunidor, lâmpada a álcool, torno de mão, martelo, “tas”, compasso curvo, limas, vidros para ácido, areômetro, almofada de couro, pedra carborundum, carvão, pedra-pomes, kaol, lixas de diversos números, papel mata-borrão branco, papel vegetal, papel de impressão: arshes, holanda, rives marais, hahne-mühle, canson, etc., branco de Espanha (carbonato de cálcio natural), álcool retificado, gaze, tarlatana, estopa, vaselina, óleo cru e cozido, pinceis de mártora e de vidro, tintas de impressão – talho-doce, feltros e flanelas, fogão para impressão, espelho, peneiras com trama de metal, ácido nítrico (nco3), clorato de potássio (KClO3), percloreto de ferro (FeCl3), ácido clorídrico (HCl), sal, água-raz, terebentina, breu, goma d’Amar, betume da Judéia, cera virgem, flor de enxofre (enxofre em pó), óleo de oliva, açúcar, mástique de lágrima, gesso, Essência de lavanda (usado para limpar o rolo de couro), caixa de grãos, prensa. (CAMARGO, 1994, p.15)
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