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A História do Carnaval e a evolução artística dos foliões

Por:   •  24/5/2018  •  Trabalho acadêmico  •  5.250 Palavras (21 Páginas)  •  292 Visualizações

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Sumário

1 A história do Carnaval e a evolução artística dos foliões 8

1.1 Entrudo e carnaval a origem europeia 8

1.2 O carnaval no Brasil 11

1.3 O carnaval de São Paulo 12

2 A escultura: conceito histórico, heterogeneidade e a contemporaneidade 13

2.1 A arte escultural aplicada a folia carnavalesca 15

3 Gaviões da fiel: o futebol e o samba se fundem para esculpir a glória 16

3.1 A história e o percurso de sucesso 22

Artesão: Vanzinho, de Paritins, Amazonas 23

Artesão: Osimar Almeida (Zico) 24

Carnavalesco da Gaviões 1995 (Raul Diniz) 25

Carnavalesco da Gaviões 2018 (Sidney França) 31

4. As personalidades do carnaval 40

5 Minha leitura, minha obra, minha poesia: Um projeto de representação de uma futura obra escultural do olhar de uma artista do povo 41

1 A história do Carnaval e a evolução artística dos foliões

O samba é repleto de canções guturais, o carnaval é uma mistura de nuances, corpos brancos e negros se misturam e o preconceito se dissolve em cadencia e ritmo. A arte carnavalesca, muitas vezes é confundida com danças africanas, contudo, o carnaval tem origem europeia.

A festa carnavalesca era um dos passageiros que desembarcou das caravelas dos colonizadores. Os elementos africanos só foram atrelados a essa festa recentemente, portanto, o preconceito atual que sugere uma origem desprivilegiada do carnaval carece de informações. E, portanto, para que seja possível observar a evolução da escultura no carnaval paulistano atual, será necessário observarmos a história portuguesa, o carnaval dos entrudos, as transformações na terra de Santa Cruz e a mistura rítmica, artística e humana que evidenciam a evolução carnavalesca.

1.1 Entrudo e carnaval a origem europeia

Os entrudos eram bonecos de madeira e tecido, esse tipo de escultura é um elemento trazido ao Brasil pelos portugueses por volta de meados do século XVI. Os jogos de folguedo consistiam em atacar os bonecos rivais atirando água suja, urina, fezes, ovos estragados, frutas podres, entre outros. A tradição era bastante comum entre os brancos de bairros populares, mas jamais compartilhada pelas elites. A nobreza chegou a proibir a tradição dos entrudos, pois acontecia nos mesmos dias em que ocorriam os desfiles dos Cucumbis e os escravos acabavam se misturando as festas dos entrudos o que gerava prejuízo para alguns brancos que perdiam seus escravos que aproveitavam a oportunidade para fugirem.

“Os escravos eram indispensáveis à fabricação dos elementos carnavalescos e à organização da festa; porém, encerava-se aí sua participação efetiva. Divertiam-se assistindo à brincadeira de seus senhores”. (QUEIROZ, 1999, p. 47)

Nasce então, em substituição aos jogos dos entrudos os famosos bailes de máscaras, uma tradição que poderia ser perpetuada tanto pela nobreza quanto pelos plebeus. A influência dos bailes de máscaras vem de Veneza onde os bailes ocorriam entre os mais sofisticados frequentadores até os menos favorecido. A ideia era que com os rostos cobertos, as pessoas pudessem se relacionar socialmente sem preconceitos, apenas por uma noite e posteriormente retornariam aos seus cotidianos.

É interessante ressaltar que os escravos eram proibidos de usarem máscaras, para que não pudessem se relacionar com os nobres acidentalmente. O policiamento e a fiscalização a essa regra eram ostensivos e um escravo que fosse apreendido utilizando máscara seria punido com castigos físicos.

Enquanto esses bailes ocorriam os Cucumbis e alguns brancos plebeus tinham seu carnaval popular. Os blocos sujos, que conhecemos até hoje.

Os cordões eram desfiles em que as pessoas davam as mãos e usando máscaras acompanhavam uma percussão. A música não tinha letra e a elite cultural do período considerava os participantes dos cordões pessoas de nível inferior. Geralmente os cordões ocorriam após a saída dos bailes de máscaras, os nobres esperavam suas carruagens e os plebeus davam as mãos e seguiam até os bairros bebendo, dançando e se divertindo.

O primeiro Cordão foi criado no final do século XIX por Dionísio Barbosa, ele e a família desfilavam vestidos com camisas verdes e calças brancas, usavam chapéus de palha. O grupo carnavalesco Barra Funda do senhor Dionísio, mais tarde passa a ser, também o primeiro bloco de rua, o “Camisa Verde e Branco”.

De acordo com Queiroz (1999) os blocos carnavalescos surgiram como um caminho de centro entre os nobres e elegantes bailes e os sujos e pecaminosos cordões. Os blocos eram flexíveis, pois eram separados, a segregação tão desejada pela sociedade finalmente havia sido conquistada dentro da festa carnavalesca. Havia o bloco da elite, o bloco sujo, o bloco do bairro de baixo, entre outros. Devidamente separados, e competiam entre si, os pobres desejavam mostrar que dançavam e riam mais e melhor, os ricos desejavam apresentar aparatos e vestimentas elegantes e mais chamativas, assim nascem os primeiros blocos de rua. Resultado de uma segregação inerente a aristocracia e ao capitalismo.

A junção entre aquilo que é belo e horrendo, sagrado e profano, vida e morte, luz e escuridão, entre outras dualidades complementares é natural ao homem como a própria existência, sabemos quase que de maneira inata a dualidade da vida.

Com o surgimento dos blocos de rua carnavalescos não foi diferente, de um lado os “Cucumbis”, ou seja, negros que promoviam desfiles improvisados para manifestarem suas culturas. Esses desfiles eram autorizados, no entanto, a elite branca jamais participava de tais demonstrações culturais e se recolhia em nobres clubes onde podiam beber e criticar a manifestação dos negros.

Esses foram os primeiros passos do carnaval nos moldes que conhecemos atualmente. Na época, apesar da manifestação ser exclusivamente dos negros escravos, com a devida autorização legal e de seus senhores, os brancos, donos desses escravos, se recolhiam em locais para festejar, beber, e se divertirem, assim como a manifestação externa. Portanto, os dias reservados aos Cucumbis também passaram a ser muito apreciados pelos brancos, pois tinham a oportunidade de praticarem o profano sem

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