A POLÊMICA ESTÉTICA: MODERNIDADE VERSUS PÓS MODERNIDADE
Por: veralass • 14/11/2016 • Artigo • 5.710 Palavras (23 Páginas) • 490 Visualizações
UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ESTÉTICA E HISTÓRIA DA ARTE
A POLÊMICA ESTÉTICA: MODERNIDADE VERSUS PÓS MODERNIDADE
Arte Contemporânea -
Velada aos olhos dos professores do ciclo inicial
Orientadora: Profª Drª Carmen S. G. Aranha
Professora da Disciplina: Profª Drª Elza M. Ajzenberg
Mestranda: Vera Lúcia Aparecida Silva Souza, nº USP 7786772
São Paulo, novembro, 2013
Arte Contemporânea -
Velada aos olhos dos professores do ciclo inicial
SOUZA, Vera Lúcia Aparecida Silva[1]
Resumo
O presente artigo é parte da minha dissertação de mestrado e analisa a situação do professor do ciclo inicial do ensino fundamental frente ao ensino de Arte e Arte Contemporânea, leva a uma visualidade que justifica o motivo para esses profissionais se manterem distantes das representações artísticas que estão no cotidiano e que fazem parte do histórico atual. A pesquisa desenvolvida é qualitativa de cunho interpretativo e aconteceu por meio de entrevista escrita com professores de uma escola localizada em Mogi das Cruzes, estado de São Paulo.
Palavras-Chave: Professores; Arte; Contemporânea
Abstract
This article is part of my dissertation and analyzes the situation of the teacher's initial cycle of basic education against the teaching of Art and Contemporary Art, takes a visuality that justifies the reason for these professionals keep away from artistic representations that meet in their daily life and which are part of the current historical moment. The research conducted is qualitative and interpretative happened through written interview with teachers from a school located in Mogi das Cruzes, São Paulo.
Keywords: Teachers, Art, Contemporary
Introdução
Muito se fala sobre a importância em ter como tema gerador assuntos que façam parte do cotidiano e vivencia do aluno. Freire[2] enfatiza a importância de se ter respeito pelo conhecimento trazido pelo aluno à escola, pois este é um sujeito social e histórico e tem uma bagagem própria do contexto que está inserido.
No entanto, esta visão de ensino que interage com a vivência do aluno, se encontra distante quando adentramos no campo de ensino da Arte do ciclo inicial do ensino fundamental.
Percebemos a abordagem de obras renascentistas, barrocas ou modernas, mas não vemos a arte contemporânea. Essas obras contemporâneas estão próximas do aluno e do professor, porém ambos não a reconhecem.
Professores desse ciclo são polivalentes e muitos não possuem formação específica na área de Arte, que possa dar-lhe conhecimento e habilidades necessárias para o desenvolvimento de metodologias com o tema Arte Contemporânea.
De acordo com pesquisa realizada pelo MEC[3], 63.649 do total de professores que lecionam a disciplina de Arte, somente 12.931 tem formação em Artes com licenciatura ou bacharelados, ou seja, apenas 20% do total são habilitados para a disciplina.
Segundo Freire[4] a ação docente é a base de uma formação e contribui para a construção de uma sociedade pensante. Mas para que essa máxima seja verdadeira, professores precisam reconhecer a importância do ensino de Arte, bem como do seu papel, assim visualizarão o caminho que por ele pode ser conquistado no território da Arte, formando de fato o ser pensante e agente de sua história.
Este artigo apresenta alguns momentos percorridos pelo ensino da Arte e por meio de entrevistas demonstra como está atualmente no ensino da disciplina.
1. Breve relato sobre a história do Ensino de Arte
A disciplina de Arte ganhou obrigatoriedade no currículo escolar a partir da década de 70, com a implantação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional 5692/71.
Será obrigatória a inclusão de Educação Moral e Cívica, Educação Física, Educação Artística e Programas de Saúde nos currículos plenos dos estabelecimentos de1º e 2º graus, observado quanto à primeira o disposto no Decreto-Lei n. 369, de 12 de setembro de 1969.[5]
Como resposta a lei de maneira rápida, surgem os cursos de licenciatura curta em Educação Artística, com finalidade de que professores pudessem lecionar no antigo 1º grau e em caráter excepcional para o 2º grau.
Na década de 90 o ensino de Arte ganha propriedade quando se torna uma disciplina obrigatória na educação básica “O ensino de Arte constituirá componente curricular obrigatório, nos diversos níveis da educação básica, de forma a promover o desenvolvimento cultural dos alunos.”[6]
Mesmo com a normatização do ensino de Arte pela LDB 9394/96, a disciplina ainda se encontrava desestruturada aos professores do ensino fundamental I, que a lecionavam mesmo sem formação específica na área.
Então para ocupar o tempo destinado a disciplina, professores aplicavam técnicas artísticas como: pontilhismo com nanquim sobre giz de cera, preenchimento com curvas e linhas retas, desenho raspado sobre fundo preto, desenho com giz de cera derretido, dentre outras.
Em meados do ano de 1997, foram elaborados os Parâmetros Curriculares Nacionais, documentos que fornecem orientações básicas aos componentes curriculares. Nos Parâmetros Curriculares Nacionais de Arte se atribui enorme importância às manifestações artísticas, por serem estas, uma forma de comunicação que envolve os sentidos e que possibilita o envolvimento amplo e diferenciado entre as pessoas e o meio.
[...] entende-se que aprender arte envolve não apenas uma atividade de produção artística pelos alunos, mas também a conquista da significação do que fazem, pelo desenvolvimento da percepção estética, alimentada pelo contato com o fenômeno artístico visto como objeto de cultura através da história e como conjunto organizado de relações formais [...] Ao fazer e conhecer arte o aluno percorre trajetos de aprendizagem que propiciam conhecimentos específicos sobre sua relação com o mundo.[7]
Em 2003 a Lei 10.639[8], acrescentou a LDB dois artigos 26 A e 79 B, que estabelecem o ensino sobre a cultura afro-brasileira, determinando ainda que tal conteúdo deveria ser ministrado pelos profissionais de educação artística, literatura e história brasileira.
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