A noção de "cultura pop"
Artigo: A noção de "cultura pop". Pesquise 861.000+ trabalhos acadêmicosPor: jwlianah • 2/12/2014 • Artigo • 1.322 Palavras (6 Páginas) • 246 Visualizações
1ª etapa
Introdução
O conceito de "cultura pop" está ligado ao desenvolvimento do que ficou conhecido, no século 20, como "indústria cultural" - termo utilizado pelos filósofos alemães Theodor Adorno (1903-1969) e Max Horkheimer (1895-1973) para definir a condição da produção artística na sociedade capitalista contemporânea.
O desenvolvimento do rádio, do cinema e dos discos, no início do século 20, proporcionou o consumo cada vez maior de produtos culturais populares. No período pós-guerra, especialmente a partir da década de 1950, o surgimento do rock’n roll foi um impulso muito forte para a solidificação de um conceito que fez com que inúmeros consumidores, notadamente jovens, vinculassem seu comportamento, modo de pensar, agir e se vestir a determinados produtos culturais. O cinema, a moda, a literatura e especialmente a música, tornaram-se, pouco a pouco, uma forma de identidade de grupos de jovens, que procuravam espelhar seu modo de vida ao modelo de seus ídolos pop.
O mais importante produto cultural deste período foi, sem dúvidas, a música, que teve especialmente em Elvis Presley seu maior ícone, ainda na década de 1950. O corte de cabelo, o sorriso, as roupas, a forma de andar, dançar e falar do ídolo eram veiculados por meio de seus filmes e canções, e consumidos e distribuídos em todo o mundo ocidental com a ajuda de redes de fã-clubes, que acabariam por tornar o próprio cantor em um produto.
Na década de 1960, o fenômeno da beatlemania deu continuidade à indústria da música pop, e ainda criou o conceito das chamadas "boy bands", até hoje uma fórmula válida para a venda de música como um produto industrial. Os Beatles tinham nos Rolling Stones seus opostos: enquanto os primeiros faziam a linha dos "bons moços", os segundos apelavam para um conceito mais agressivo: a rebeldia extrema ou o bom-mocismo como modelos de produtos que movimentavam milhões de dólares a partir da imagem das duas bandas.
Seguindo a linha de Elvis, os Beatles fizeram também vários filmes, e diversos produtos atrelados a eles faziam sucesso tremendo junto à juventude: do corte de cabelo, passando pelos terninhos bem comportados, os bottons, álbuns de fotografias, roupas, instrumentos, show e, claro, os discos, que vendiam como água.
A partir da segunda metade da década de 1960, a popularização da TV tornou possível a difusão cada vez maior de astros e conjuntos pop. A indústria cultural soube manipular a rebeldia de parte da juventude como mais um elemento de consumo, fazendo com que movimentos culturais como os hippies, ainda que com sua forte contestação característica, acabassem se tornando também produtos a serem consumidos.
A imagem da rebeldia do festival de Woodstock ou de bandas como Led Zeppelin, até hoje tidas como exemplo da contracultura, não impediram que os empresários do show business fizessem desse apelo uma forma de gerar receitas gigantescas, no mundo todo. Desta forma, os shows, as revistas, os filmes, os discos, as roupas, os cortes de cabelo, os álbuns, os programas de TV, acabariam veicular os ideais de rebeldia e juventude transviada, transformados em produtos a serem padronizados, empacotados e vendidos, junto com seus representantes.
Na década de 1970, após a dispersão do movimento hippie, alguns estilos musicais deram continuidade à produção cultural de massa. Entre eles, podemos destacar o que ficou conhecido como "glitter rock", representado por artistas como Marc Bolan, David Bowie e Iggy Pop, o heavy metal, com conjuntos como Black Sabbath, e depois, o "punk", com Ramones ou Sex Pistols, que com sua carga energética iconoclasta e violenta, fizeram com que a indústria superasse a crise e continuasse a produzir, a partir de modelos pré-concebidos, bens culturais a serem consumidos por larga escala da juventude.
Na década de 1980, com a possibilidade técnica sempre ampliada, surgiram fenômenos musicais e artísticos de alcance global, como Michael Jackson e Madonna, que continuaram utilizando dos recursos do cinema - especialmente por meio do videoclipe, que foi difundido grandemente pela fundação do canal MTV - como forma de influenciar o comportamento da juventude e vender sua música e seu estilo de vida e comportamento como padrões a serem seguidos e cultuados.
Os megashows levaram a indústria ao seu auge. Milhares de fãs acompanharam seus artistas preferidos, seja em nome de causas supostamente nobres, como a arrecadação de recursos para populações famélicas do mundo, por meio de eventos como "Live-Aid", que tiveram apoio de organismos internacionais como a UNESCO, ou simplesmente em mera diversão sem compromisso, como no Rock in Rio - festival que trouxe pela primeira vez à América Latina vários dos nomes consagrados da música pop. É interessante notar também que, além de ajudar a dar forma à indústria do entretenimento tal como a conhecemos hoje, o rock'n roll conseguiu ultrapassar, na música, a fronteira entre as expressões artísticas
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