ALMA BRASILEIRA DE VILLA-LOBOS E ALMA BRASILEIRA DE GNATALLI
Por: Rhayan Cardoso • 15/10/2018 • Trabalho acadêmico • 1.365 Palavras (6 Páginas) • 253 Visualizações
UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS
ESCOLA DE MÚSICA E ARTES CÊNICAS
RHAYAN CARDOSO DA SILVA
ALMA BRASILEIRA DE VILLA-LOBOS E ALMA BRASILEIRA DE GNATALLI : um enfoque de seus processos de hibridação cultural e de construção do nacional
Goiânia
2016
RHAYAN CARDOSO DA SILVA
ALMA BRASILEIRA DE VILLA-LOBOS E ALMA BRASILEIRA DE GNATALLI : um enfoque de seus processos de hibridação cultural e de construção do nacional.
Pré-Projeto de pesquisa apresentado ao Programa de Pesquisa e Pós-Graduação em Música da Escola de Música e Artes Cênicas da Universidade Federal de Goiás como pré-requisito para a obtenção do título de MESTRE EM MÚSICA.
Área de Concentração: Música na Contemporaneidade.
Linha de Pesquisa: Música, Historia, Cultura e Sociedade.
Orientador: Magda Clímaco.
Coorientador: Diones Correntino.
Goiânia
2016
1. INTRODUÇÃO
Este trabalho tem como objeto de estudo as obras Alma Brasileira do compositor Heitor Villa-Lobos e Alma Brasileira do compositor Radamés Gnattali, tendo em vista a peculiaridade de seus processos de hibridação cultural, em especial a sua interação com o jazz, assim como tem em vista os mecanismos que possibilitam falar na sua relação com processos de construção do nacional. O meu interesse neste objeto de estudo e nesses músicos, que foram interpretes e, em especial, compositores que estabeleceram estreito diálogo com a música popular brasileira, sem perder a sua relação com a música erudita, vem do fato de eu atuar como pianista voltado para a música popular. A minha experiência musical, audição de CDs, recitais, convivência com músicos de formação acadêmica, tem permitido observar atualmente o grande interesse de músicos dedicados à música popular por uma música instrumental brasileira híbrida, pelo gênero choro, que deixou resíduos importantes na trajetória da música popular brasileira. Essas circunstâncias têm permitido observar também que esses músicos da dimensão popular têm se dedicado ao cultivo de uma harmonia plena de notas de tensão e de um estilo improvisatório peculiar, apontando para uma nova abordagem da música instrumental.
Por outro lado, as primeiras leituras têm levado à percepção de que modernidade é constituída de culturas híbridas, tal como a globalização. O desenvolvimento dos meios de comunicação de massa facilitou consideravelmente essa hibridação. Por esse motivo pode-se afirmar que há influência entre ambos, a modernidade é marcada pela heterogeneidade, assim como as culturas híbridas dependeram do desenvolvimento tecnológico, e dos conhecimentos científicos desenvolvidos pelo homem moderno.
Nesse contexto, aconteceu também a influência em massa dos Estados Unidos através do cinema, uma das suas maiores armas culturais no sentido de conquistar o mercado latino-americano. Assim, com o surgimento de outros meios de comunicação como a rádio e também com o surgimento da televisão a partir de 1950 desencadeou-se um processo que trouxe modificações significativas na música brasileira, que já se caracterizava por marcantes processos de hibridação cultural, conforme indicado por ??????? (2001, pg. 40), que observou:
A mestiçagem dos gêneros europeus com a música popular feita no Brasil permitiu que ficasse em destaque a questão da organização rítmica, entendida, no mais das vezes de forma errônea como o uso da síncope.
A escolha das duas obras selecionadas tem a ver com o fato de que Os Choros no 5, também chamado de Alma Brasileira, é, sem dúvida, uma das peças mais executadas do repertório pianístico de Villa-Lobos, tendo angariado o carinho de público e de intérpretes desde sua estreia em 1927. Foi composta em 1925, um ano após a primeira estada em Paris e já há alguns anos da tumultuada Semana de Arte Moderna. É comum encontrar na historiografia brasileira que a música de Villa-Lobos reflete a alma sonora do Brasil e do povo brasileiro, que através de suas melodias, ritmos e efeitos musicais, empreende-se uma fantástica viagem através dos sons dos “Brasis”. Radamés Gnattali em Sua obra Alma brasileira traz consigo uma harmonia moderna e de uma forte marca nacionalista evidente no contexto rítmico e melódico em específico do choro. Gnattali soube unir elementos da linguagem da música brasileira com o jazz americano. Gnattali tramou elementos da música popular e da música erudita, fazendo aflorar a combinação de ritmos brasileiros com elementos de outra procedência, ampliando as fronteiras da linguagem musical e enriquecendo suas obras com todo esse processo híbrido de culturas, mas que se aglomeram nas suas peculiaridades composicionais nacional.
Diante desse contexto levantado, surgiram as questões que pretendo responder com essa pesquisa: As obras Alma Brasileira de Villa-Lobos e de Gnattali podem ser realmente consideradas híbridas? Se isso se constatar, de que maneira se peculiarizam os processos de hibridação em cada uma? Que diferenças e semelhanças apresentam nesse contexto? Que diálogo estabelecem com o jazz? Na sua condição de obras híbridas como podem ser abordadas em termos da construção do nacional?
2. JUSTIFICATIVA
A justificativa tem a ver com o contexto em que as pesquisas que buscam a memória junto à renovação vão chamando a atenção, contribuindo para uma bibliografia ainda muito escassa, mas que desperta o interesse dos estudiosos e intérpretes da música popular. Além do mais, contribuem para o universo dos estudos musicológicos que, cada vez mais, buscam novos objetos de estudo.
3. OBJETIVOS
3.1 OBJETIVO GERAL:
Investigar os processos identitários relacionados às obras Alma Brasileira do compositor Villa-Lobos e Alma Brasileira do compositor Gnattali, visando a peculiaridade de seus processos de hibridação cultural, em especial aqueles relacionados com o jazz, e, nesse contexto, os mecanismos que possibilitam falar na sua relação com processos de construção do nacional.
3.1 Objetivos Específicos:
=>Identificar e investigar o cenário histórico com o qual as obras interagiram
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