Análise de Documentários sobre História do Design Brasileiro
Por: Julie Zamolodchikova • 25/10/2018 • Trabalho acadêmico • 878 Palavras (4 Páginas) • 332 Visualizações
Análise de Documentários sobre a História do Design Brasileiro
Juliana Müller, 2017.
Durante o período de 1956 a 1961, devido à visão reformista e revolucionária de mandato de Juscelino Kubitschek, o governo brasileiro se submeteu a mudanças inspiradas em modelos estrangeiros de arquitetura, indústria, política e atributos visuais que provinham do design de Ulm e, consequentemente, da Bauhaus. Como consequência da quebra um ciclo histórico no país, nomes como Karl Heinz Bergmiller, Tomás Maldonado e Max Bill foram importantes no incentivo de uma nova identidade do design no Brasil.
A responsabilidade de pôr em prática tal identidade foi entregue à Alexandre Wollner, designer gráfico nacional, durante sua estadia na Alemanha como estagiário e aluno de Otl Aicher e da já citada Escola de Ulm. Wollner logo volta ao Brasil em 1958 e, junto de Bergmiller, fundam a Escola Superior de Desenho Industrial (ESDI), com o intuito de trazer elementos europeus de design e incluir matérias até então desconhecidas e de difícil compreensão para o estado do Rio de Janeiro.
O projeto funcionou - ainda que sem algumas matérias de Ulm por falta de profissionais brasileiros qualificados - até o setor de Artes se incluir na ESDI e privar, por questões de renda, Wollner de prosseguir seu envolvimento com a instituição, que a princípio estaria longe de se tornar uma escola de Artes e Ofícios. Se justifica então, com as circunstâncias e contexto histórico influentes em sua formação como designer, suas opiniões e definições consideradas extremas e austeras sobre a profissão.
Deslumbrado com a realidade inovadora do outro lado do globo, Wollner se moldou em torno de ensinos abstratos. A Semiótica da Física, a Matemática e a Geometria foram algumas das matérias responsáveis pelo caráter técnico do designer, sempre presente ao defender o design como projeto, se aproximando de uma engenharia da informação, e não como forma de arte ou ilustração.
Como explicou em uma entrevista para uma edição do AntiCast, a função do design é, mesmo com sua base estética, ser principalmente técnica e científica - características fundamentais para estabelecermos relações entre a sua visão e a de outros em relação ao design e a arte. Para Bruno Porto, também designer gráfico brasileiro, o que diferencia os dois é a motivação e intenção na qual algo é criado; a arte sendo uma manifestação artificial de algo real, o design existindo por um briefing de elementos externos, possuindo seu teor artístico.
Já na opinião de Rafael Cardoso e Saulo Mileti, por exemplo, não se pode compreender arte e design como elementos separados, e sim como complementares na execução do outro. Essa linha de raciocínio entra em conflito com a de Wollner que, assim como Bruno Porto, se defende apontando somente semelhanças entre eles - como a matemática de uma composição musical e a precisão do design - mas criados para propósitos e motivações extremamente diferentes e incomparáveis. Assim como os demais defensores da ideia de unificação, Cardoso e Mileti citam designers como Aloísio Magalhães, influente nas artes plásticas, e Philippe Starck, expressionista completamente ligado à estética de suas criações, tentando provar que as duas profissões trabalham juntas e consequentemente se misturam.
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