Análise Crítica - Stick to your Guns

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Análise Discursiva: “Stick to Your Guns” por George Watsky

Discurso dos Media

Docentes:
Professor Doutor Jacinto António Godinho

Discente:
Gonçalo Lourenço nº48501

Ano Letivo 2017/2018

Índice

• Introdução
• O Discurso e o Discurso Musical
• O autor George Watsky e o álbum “x INFINITY”
• A música “Stick to your Guns” – George Watsky
• Análise Discursiva “Stick to Your Guns” – George Watsky
• O efeito mimético
• Conclusão
• Anexos
• Bibliografia

Introdução

        A realização da presente análise discursiva foi sugerida pelo docente no decorrer da unidade curricular de Discurso dos Media.

Esta irá incidir sobre um tema escrito por George Watsky (um rapper norte-americano), “Stick to Your Guns”, lançado após o ato de terrorismo registado a 12 de Junho de 2016 em Orlando, Estados Unidos. O ato em particular seguiu um “modus operandi” que já se estava a tornar característico dos denominados atentados terrorista domésticos, com um individuo a disparar sobre uma multidão num espaço público. No rescaldo deste atentado, as motivações do homicida ficaram por esclarecer.
Neste caso, o tema não se dirige a este atentado em particular, podendo ser aplicado aos “mass shootings” (como são caracterizados nos EUA) na sua generalidade.

A escolha deste tema prende-se ao facto de ser um tópico contemporâneo, que é abordado pelo autor de uma forma bastante crítica e original, narrando 3 perspetivas distintas do fenómeno: a do atirador, a reação dos media e finalmente a reação política.

Para além disto, é uma música que também aborda alguns aspetos revelados no decorrer do leccionamento da unidade curricular em questão, como é o exemplo do efeito mimético. Este é abordado no “videoclip” desta música, sendo que irei, portanto, complementar a análise da canção com o que é exposto no vídeo.

Considerando esta a parte central desta análise, irei integrar outras partes que considero serem pertinentes para as ilações a retirar da canção. Como tal, irei, resumidamente, apresentar a biografia do autor, uma contextualização da música no álbum em que se insere, tal como o tipo de escrita pela qual é conhecido George Watsky. De modo a suplementar a análise e a justificar a escolha do tema, irei também procurar efetuar uma contextualização conceitos aqui aplicados, como o de discurso, discurso musical, entre outros. Para tal, irei desenvolver estes conceitos através da obra de Michel Foucault “A Ordem do Discurso”.

Resumindo, irei inicialmente revelar e analisar a mensagem que o autor pretende transmitir, aplicando alguns dos materiais disponibilizados nas lições da unidade curricular e finalmente aliar esta análise com outra do videoclip da respetiva canção. Nesta irei procurar contribuir para o debate da “limitação da liberdade de expressão musical”, tal como a das noticias, sobre o que deve ou não ser noticiado e tema de música e com que profundidade. Este é um debate altamente alimentado pelas notícias dos atentados, com argumentos que sugerem que estas possibilitam o suscitar do efeito mimético por parte de outros indivíduos, gerando mais atentados. Outro ponto em que esta desconstrução da canção irá incidir, é acerca do tom com que um tema tão suscetível a imitações é cantado.

O Discurso e o Discurso Musical

        Antes de iniciar a análise discursiva propriamente dita, impõem-se a necessidade de definir os conceitos de discurso e discurso musical, procurando deste modo legitimar a análise discursiva da música.

        Começando pera origem etimológica, a palavra “discurso” advém da ligação de outras duas palavras: “curso” e “dizer”, significando “o curso de dizer”, ou seja, um fluxo e interligação de palavras.

        Tal como é apresentado na obra de Michel Foucault, “Ordem do Discurso”, este é comummente caracterizado como um produto vivo e dinâmico que através do “curso de dizer” procura transmitir um significado e atingir determinado objetivo por via da comunicação com a sua audiência, sendo que Foucault afirma que este deveria surgir como um instrumento natural de debate e discussão de ideias, pautado por um pensamento livre.

        Esta referência à necessidade de um “pensamento livre” advém de uma reflexão efetuada acerca da institucionalização do discurso, que Foucault afirma ter transformado o discurso num produto ritualizado, controlador das audiências e do orador e controlado pelas expectativas impostas pela instituição. Face a isto, o autor defende que devemos aventurar-nos no discurso, naturalizarmo-lo, não só face ao nosso discurso, como também perante discursos de terceiros, criticando e interrogando.

        Apesar do ênfase na comunicação verbal, o discurso não se esgota nesta, provocando efeitos através da comunicação corporal e sobretudo através do significante, que é onde Foucault defende que o discurso de localiza, visto que nasce no imaginário de quem o profere e se materializa numa função em terceiros.

        Consolidada a definição de discurso, é necessária a explicação da importância da análise discursiva da música, como é que a música se encaixa como um “discurso”.

        Apesar de não ter uma organização rígida como os restantes discursos, a música impõem-se como uma experiência pessoal, com o potencial de exercer uma grande influência na sociedade, através de contribuições para a construção da identidade, opiniões e relações. Esta torna-se mais complexa que os restantes discursos devido a não se limitar aos fenómenos linguísticos, contribuindo para a sua mensagem através da melodia. É através desta que consideramos a música como uma experiência multidimensional, começando pela assimilação da melodia, a construção de um “estado de espírito”, e a consolidação da apreensão da música com a compreensão da letra