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Arte e Imitação (Estética)

Por:   •  14/5/2016  •  Trabalho acadêmico  •  649 Palavras (3 Páginas)  •  257 Visualizações

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Arte e Imitação

Exemplo utilizado: Ciranda da Bailarina, de Chico Buarque e Edu Lobo

Disco: “O Grande Circo Místico” (1983)

1. Tipo de Imitação

Segundo o conceito Socrático de mimese, o artista reúne “as partes belas de vários objetos da mesma espécie para formar algo excelente, sem falhas, e que impressione pela sua perfeição” . Aristóteles com o seu conceito de verossimilhança argumenta que o artista usa a imitação não apenas como uma “cópia” da realidade, mas cria uma imagem de algo que poderia ser, e que o artista “não imita as coisas tais como elas são, mas tais como devem ser”1. Com isso, ele cria uma imagem estilizada a partir de uma figura real, um modelo de Belo Clássico, transformando e aperfeiçoando o “objeto” imitado.

No exemplo citado, os autores utilizam a figura da Bailarina, que normalmente traz implícita a ideia de uma figura angelical e pura, geralmente representada por uma criança, que é um símbolo de ingenuidade. Os autores nos deixam claro a figura da criança quando dizem na letra que “todo mundo tem pentelho” ou “todo mundo tem um primeiro namorado”, porém “só a bailarina que não tem”. Utilizando os conceitos citados no parágrafo anterior, eles criam a Bailarina perfeita, humanamente impossível de ser alcançada. A letra afirma que todos temos defeitos, sejam físicos (“um irmão meio zarolho”), problemas de saúde (“Teve escarlatina ou tem febre amarela”), de ordem familiar (“problema na família”), medos (“Medo de subir / de cair / de vertigem”), falta de etiqueta (“unha encardida / dente com comida / remela / bigode de groselha”), e no final das estrofes sempre afirma que “só a bailarina que não tem”, enfatizando a imagem da perfeição.

2. Forma e Conteúdo

Para criar esta imagem idealizada da Bailarina perfeita, os autores utilizam na Forma musical um timbre de teclado que imita o som de uma “caixinha de música”, remetendo assim o ouvinte de maneira sensorial à figura da bailarina, já que ambas as figuras sempre estão ligadas ainda que de maneira inconsciente. Além disso, a canção é cantada por um coro de crianças, o que vem reforçar a ideia de pureza.

O Conteúdo é apresentado de maneira poética através da letra da canção, com suas rimas perfeitas, que são características do estilo de composição de Chico Buarque. Assim, de maneira intelectual, o autor apresenta alguns desvios de valores morais, sociais e religiosos que, segundo ele, todos nós cometemos. Encontramos em várias passagens da letra frases como “Todo mundo tem” ou “Não livra ninguém”, e que quase sempre fazem referência a outras frases com ideias negativas como “Todo mundo faz pecado logo assim que a missa termina”. Se por um lado o autor reafirma nossas falhas como seres humanos, por outro lado ele demonstra que a Bailarina é perfeita, pois afirma que “Nem falta de maneira ela não tem” ou que “só a bailarina que não tem”.

3. Função da Imitação

A interpretação de uma obra de arte sempre está condicionada aos parâmetros, valores e experiência de vida de cada expectador.

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