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Artigo sobre o artista Heat Bunting e Questionamentos Sobre a Relação da Arte e Vida

Por:   •  10/5/2015  •  Artigo  •  2.513 Palavras (11 Páginas)  •  360 Visualizações

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Heath Bunting: Arte e Vida

Heath Bunting: Art and Life

Pinto, Izabella; Universidade Federal de Pernambuco

Izabella.cavalcanti@hotmail.com

Resumo

Com o surgimento da arte abstrata e desengajada, começaram a surgir movimentos anti-arte que tentavam resgatar a união entre a arte e a vida. Com o passar do tempo esses movimentos acabaram, mas atualmente ainda é possível ver alguns artistas que continuam na tentativa de tornar a arte uma parte da vida. Neste artigo iremos analisar a vida e trabalhos do artista britânico Heath Buntig para analisar se ele seria um desses artistas.

Palavras Chave:Heath; Bunting; arte e vida.

A arte moderna se refere a uma nova abordagem da arte em um momento no qual não mais era importante que ela representasse literalmente um assunto ou objeto (através da pintura e da escultura), pois com o advento da fotografia, no começo do séc. XIX, a realidade já estava sendo representada a partir de outro método. Artistas que antes retratavam fatos sociais, políticos e econômicos passaram a escolher a arte abstrata como forma de representação artística, o que repercutiu imensamente na arte do séc. XX.

Outro fator determinante para as mudanças artísticas ocorridas foi a separação das profissões que utilizavam a arte como apoio. Após a Revolução Industrial Inglesa que teve início em aprox. no ano de 1750 e seu apogeu em aprox. no ano de 1850, o artista que antes possuía diferentes funções em uma sociedade, muitas vezes exercendo papel de projetista e executor de artefatos, responsável por decorações de ambientes e que sempre tinha pinturas e esculturas para efetuar sob encomenda do clero, aristocracia e reis, agora estava sendo substituído por designers, arquitetos e fotógrafos.

Durante as primeiras décadas, a arte moderna foi um fenômeno exclusivamente europeu. As primeiras sementes das ideias modernas nas artes vieram dos artistas românticos, como Charles Baudelaire, e do realistas. Em seguida, representantes do impressionismo e pós-impressionismo experimentaram começando com novas formas de representar a luz e o espaço através da cor e da pintura. Nos anos pré-Primeira Guerra Mundial do século XX, uma explosão criativa ocorreu com fauvismo, cubismo, expressionismo e futurismo. A Primeira Guerra Mundial trouxe um fim a esta fase, mas indicou o começo de um número de movimentos anti-arte.

Anti-arte é um termo aplicado para uma série de conceitos e atitudes que rejeitam as principais definições de arte e questionam a arte em geral. O termo é bastante associado a Marcel Duchamp que começou a inserir objetos comprados em museus e exposições apenas com sua assinatura ou com poucas modificações (ready-mades), sua atitude era uma forma de criticar a arte da época, de chocar a população e ao mesmo tempo de mostrar que o campo da arte era muito restrito e poderia ser expandido. Também era comum a utilização de materiais e técnicas bastante inovadoras e as formas de anti-arte poderiam ser: ready-mades, détournement, colagem, foto montagem, apropriação, performaces artísticas, arte corpórea, mas também podia ser apenas a renúncia em fazer qualquer tipo de arte, apenas com ativismo revolucionário ou através da destruição de conceitos ou objetos artísticos.

Os adeptos da anti-arte criticavam a arte como uma especialização, também rejeitavam a arte por ser opressora a certas camadas populacionais e não achavam que devesse haver uma separação entre a arte e vida e sim a união entre ambas. A arte deveria estar no cotidiano das pessoas e ainda havia aqueles que pregavam que a arte deveria ser vivida e não apreciada, se o mundo estivesse rodeado de arte, se todos fizessem arte, ninguém precisaria ir a museus, cinemas ou escutar músicas, pois sua necessidade de contemplar algo belo já estaria suprida. Antes da Primeira Guerra Mundial já era possível notar tendências que iam contra a arte separada da vida, como Jean-Jacques Rousseau que rejeitava a separação entre perfomace e espectador, vida e teatro e Karl Marx que afirmava que a arte era uma consequência do sistema de classes e que em uma sociedade comunista, só haveriam pessoas que fariam arte e não “artistas”.

Na década de 1950 na Itália, os Internacionais Situacionistas começaram a desenvolver um ponto de vista dialético, abolindo a noção de arte separada da vida, como atividade especializada e transformando para que se tornasse uma parte do dia-a-dia. Para os Situacionistas, a arte ou seria revolucionária ou não seria nada, o que os levou a uma constante tentativa de revolucionar inteiramente a produção artística, a fim de deixar a vida boa o bastante sem ela.

Atualmente, a arte continua sendo considerada por muitas pessoas uma forma de expressão do artista, sem engajamento social ou qualquer relacionamento com a vida cotidiana. A arte seria uma forma de diversão, de escapar do estresse diário, e só seria apreciada nos fins de semana ou feriados, quando as pessoas teriam tempo de ir a museus, cinemas e concertos. Era exatamente contra essa arte que alguns movimentos do século XX eram contra, eles foram uma tentativa de fazer com que todos os dias fossem repletos de arte, e consequentemente divertidos.

Heath Bunting é um artista atual britânico, nascido em 1966, que assim como os Internacionais Situacionistas tenta engajar a arte com a vida. Quebrando as barreiras entre arte, política e a vida cotidiana, Bunting procura criar novas formas de comunicação, participação e experiências subjetivas, uma influência que teve dos situacionistas, apesar de não se denominar um deles. Seus trabalhos estão divididos em vários modos de ação, documentação e visualização, atuando de forma intervencionista e brincalhona a fim de encontrar em cada dia atos de resistência. O público fica sabendo de seu trabalho a partir de sistemas de documentação e distribuição, incluindo fotografias, publicações impressas ou na internet.

O artista cresceu em Stevenage, uma cidade a aprox. 50 km de Londres, onde montou seu primeiro computador com apenas onze anos, mas mesmo assim, ainda passou muito tempo de sua juventude descobrindo as ruas. Em uma entrevista para o jornal britânico “The Guardian”, Bunting falou que ficou fascinado por comunicação após o nascimento de sua irmã autista, apesar de afirmar depois que estava apenas sendo metade sincero sobre a afirmação, afirmou que “Se você vem de um ambiente não comunicativo você provavelmente terminará se tornando um especialista em comunicação.”

Seu interesse por tecnologia levou-o a tentar a vida

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