As Construções Religiosas
Por: Sarah Mendonça • 31/8/2020 • Resenha • 1.090 Palavras (5 Páginas) • 206 Visualizações
Barroco Mineiro – MELLO, Susy
As Construções Religiosas
É importante ressaltar que não é apenas os grandes monumentos que registram as características fundamentais da produção arquitetônica, como também a arquitetura vernacular constituída por construções do cotidiano.
Em Minas há uma nítida tendência à singeleza das soluções, sendo a sua elegância conferida mais pelas agradáveis proporções e pelo equilibrado ritmo.
Ao contrário da arquitetura urbana e civil, as capelas e matrizes mineiras seguiram uma evolução própria, mesmo seguindo às raízes portuguesas e os sistemas contrativos da região, tiveram um seguimento muito diverso. Na qual as construções religiosas mineiras possuem características totalmente distintas.
A arquitetura religiosa em Minas Gerais se torna inesperada pela originalidade de suas soluções. A realização como obra de conjunto da própria população, organizada espontaneamente ergueu não só as mais primitivas capelas como também as grandes matrizes e as sedes das Ordens Terceiras e Irmandades, sendo esse um aspecto importante que determina as construções religiosas mineiras.
No final do quinhentos, começaram a ser erguidos os conjuntos franciscanos, caracterizado por seus amplos adros. Os programas arquitetônicos, definidos com bastante clareza e que seriam ainda mais marcantes pelas soluções das fachadas, correspondiam construções que tinham uma escala monumental que não existia em Minas.
Mais complexos que os jesuítas, os conventos franciscanos dispunham-se igualmente em torno de pátios, enquanto as fachadas é uma espécie de pórtico de entrada sendo coroada com frontões em um elegante jogo de volutas.
Em Minas não existia grande conjuntos de conventos e colégios, dessa forma não estiveram presentes os arquitetos e construtores que se incluíam nos quadros das Ordens de origem europeia, porém essa ausência foi naturalmente compensada pelo os mestres de obras portugueses atraídos pelo enriquecimento fácil. Contudo, estes não tinham maior ou mais detalhado conhecimento da arquitetura religiosa e passam a fazer segundo as possibilidades locais, por isso decorreu maior liberdade nas soluções, possibilitando uma escala menor com características de gostos populares e raízes vernaculares.
Como também, com a ausência das grandes Ordens religiosas, com os seus modelos, resultou em uma liberdade maior nas construções. O que tornou ainda mais acentuada a espontaneidade e elegância, pois favorecia a criatividade, eliminando os elementos tradicionais.
Já as rivalidades existentes motivaram ainda mais os construtores das grandes capelas mineiras, trazendo uma inesperada competição que só resultou em maiores benefícios de enriquecimento tanto para a arquitetura quanto a decoração interna.
O surto arquitetônico mineiro ocorreu em setecentos, favoreceu a adoção de soluções mais “modernas” em relação aos séculos XVI e XVII. Dessa forma a arquitetura religiosa mineira do século XVIII constituiu o último exemplo do barroco no Brasil.
Vale ressaltar, que com o isolamento da região de Minas Gerais em relação ao litoral, (onde ficava os grandes portos e por onde chegava os materiais construtivos), houve outros modelos arquitetônicos como também materiais. A presença de engenheiros militares era restrita em Minas, e como dito chegavam poucas influencias, com isso não chegaram até as vilas do ouro os azulejos, bem como belas peças da Cerâmica de Santo Antônio, e até mesmo o lioz. Portanto a arquitetura religiosa mineira não se enquadrou nos esquemas básicos adotados nas demais regiões do Brasil, na verdade apresentou uma evolução muito própria alcançando um nível extraordinário de originalidade e beleza.
Em arquitetura não se pode definir datas muito exatas para os monumentos. Surgiram primitivamente as chamadas igrejas de palha, feita com barro e cobertura vegetal. Essas edificações tinham um único cômodo, que funcionava como nave, e ainda essas construções iniciais, extremamente singelas, tiveram uma evolução natural. Assim, teve um início de forma quase espontânea e uma sequência de partidos arquitetônicos.
Na sequência, o primeiro modelo definitivo agregou um outro cômodo, a sacristia, em que esta passa a ocupar o espaço ao lado ou atrás da capela-mor (altar principal), se tornando características a capela-mor, a nave e a sacristia.
Originário de Portugal, a planta é extremamente simples e lógica, resultando em uma única vantagem, a maior simplicidade construtiva. Já o coro, completaria as plantas, este elevado por esteios de madeira logo à entrada nave. Enquanto o púlpito fica no meio da nave para facilitar a difusão do som. Entre a nave e a capela-mor, há o arco-cruzeiro, elemento que marca a transição para presbitério (área elevada que contém o altar-mor).
Com esse partido simples correspondeu uma volumetria igualmente singela. Bem como a fachada, resolvida com grande simplicidade, era dominada por uma única porta de entrada, e duas janelas sacadas, e o frontão apresentava a forma triangular tradicional das empenas. Assim nasce o partido que viria a tornar típico do frontispício de templo mineiro. Duas outras variações das fachadas foram igualmente adotadas em Minas, ambas com uma torre central única, uma com a capela plana e a outra com capelas de frente chanfradas.
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