CANTIGAS DE RODA COMO COMPONENTE ESSENCIAL DA CULTURA POPULAR NA MUSICALIZAÇÃO INFANTIL
Por: Adriano Tavares • 14/9/2019 • Artigo • 4.869 Palavras (20 Páginas) • 273 Visualizações
ADRIANO CARDOSO TAVARES (8040876)
MARCELO SANTOS DE MELO (8041165)
IGOR DAVI OLIVEIRA ALVES (8054104)
Música Licenciatura
CANTIGAS DE RODA COMO COMPONENTE ESSENCIAL DA CULTURA POPULAR NA MUSICALIZAÇÃO INFATIL
Tutora: Prof.ª Mariana Barbosa Ament
Claretiano - Centro Universitário
Aracaju
2018
CANTIGAS DE RODA COMO COMPONENTE ESSENCIAL DA CULTURA POPULAR NA MUSICALIZAÇÃO INFANTIL
RESUMO: Este artigo tem como objetivo principal discutir e problematizar o contexto das cantigas de roda como fator essencial na musicalização de crianças no Brasil, demonstrando como a prática foi introduzida no país e a sua importância na educação infantil até os dias de hoje. Com esse intuito, foi utilizada a Referência Bibliográfica como procedimento metodológico, a partir dos autores Cardim (1939), Cascudo (2015), Kishimoto (2004), Feital e Cortês (2009), Brito (2003), Piaget (1971), Delalande (1984) e Braga e Oliveira (2013). Espera-se, com este trabalho, contribuir com o pensamento favorável às cantigas de roda não só como uma ferramenta educacional, mas também como uma prática necessária para a preservação da cultura popular infantil do nosso país.
PALAVRAS-CHAVE: Cantigas de roda; Cultura popular; Musicalização infantil.
INTRODUÇÃO
As cantigas de roda foram introduzidas no Brasil através da colonização, com a chegada dos portugueses no século XVI. Inicialmente integravam o repertório utilizado nas brincadeiras infantis de salão, encerrando uma expressão eminentemente feminina, em jogos e atividades correlatas, conduzidas pelas meninas. Posteriormente, a atividade também fora disseminada entre o público masculino.
Destaca-se também a imensa contribuição das culturas indígena e africana, que enriqueceram e contribuíram fundamentalmente para a disseminação, resgate e transmissão da oralidade, através de brincadeiras, jogos e danças folclóricas, que constituem um elemento importantíssimo para a compreensão de nossa origem; bem como o aspecto lúdico de tais manifestações que agregam valor ao processo de ensino aprendizagem das crianças, ao serem utilizadas como ferramentas psicopedagógicas.
A influência africana na lúdica infantil brasileira é notável. A brincadeira é um forte instrumento educador com intenso potencial interativo e integrador, presente na cultura popular. Desenvolvendo e fortalecendo ligações afetivas e construtivas, através do resgate cultural e da herança e contribuição de outros povos, através dos jogos e desafios, as crianças aprendiam regras de convivência e interagiam em sociedade, na maioria das vezes em mera imitação da vida adulta e seus afazeres.
Nesse contexto interativo, que era representado pela soma das influências presentes na miscigenação brasileira, destacavam-se as cantigas de roda, que estão diretamente relacionadas com a brincadeira de roda. Assim, é importante apropriar-se de tal herança cultural ancestral nas atividades desenvolvidas em sala de aula, utilizando o lúdico no cotidiano e visando à valorização da expressão corporal como instrumento para o aprimorar a coordenação motora e espacial – que estimula o crescimento intelectual e fisiológico do indivíduo, bem como promove a integração sociocultural do educando.
Com uma canção popular associada às brincadeiras de roda, as cantigas de roda têm um ritmo ágil e melodias simples de rápida assimilação. Constituem parte importante do patrimônio imaterial de diversas culturas. No Brasil, elas estão fortemente inseridas na matriz folclórica, assimilando, como mencionado, os elementos culturais africanos, indígenas e europeus.
Atualmente, as cantigas remanescentes são de origem europeia, oriundas principalmente da Espanha e Portugal. As cantigas de roda são a expressão viva do inventário cultural de uma nação. Traçam um rico perfil antropológico de um povo, revelando costumes, cotidiano das pessoas, gastronomia e festas típicas locais, manifestações culturais, brincadeiras, paisagem e crenças.
As cantigas de roda são essenciais para a ampliação e preservação da cultura local. Por meio delas, é possível não só compreender os costumes, mas também as tradições de outras manifestações culturais, a fim de promover a relação, o respeito, sociabilização e articulação motriz da criança, evitando comportamentos violentos presentes em muitos entretenimentos modernos que estão vinculados às novas tecnologias. É necessário elucidar que uma das competências do professor é proporcionar e incentivar práticas para o desenvolvimento escolar e, assim, preservar as crenças e costumes de um povo.
Apesar de citados anteriormente, os benefícios que as cantigas de roda possibilitam para o desenvolvimento completo das crianças estão desaparecendo do cotidiano infantil. Possibilitar o contato com as cantigas de roda é propiciar que as crianças revivam e experimentem práticas intrínsecas ao nosso passado.
Com esse panorama, o objetivo do artigo é descrever e problematizar a memória das cantigas de roda, refletindo sobre o histórico da introdução de cantigas de roda no Brasil e também a importância das cantigas de roda na musicalização de crianças. A natureza da pesquisa é qualitativa e a metodologia utilizada é a Revisão Bibliográfica.
Segundo Marinheiro, Sanches e Archanjo (2016), um artigo científico de revisão bibliográfica tem a capacidade de explicar teoricamente um problema com base em livros, artigos, dissertações e teses. “A pesquisa bibliográfica é meio de formação por excelência e constitui o procedimento básico para os estudos, pelos quais se busca o domínio sobre determinado tema” (MARINHEIRO; SANCHES; ARCHANJO, 2016, p.23).
Os autores selecionados para a referência bibliográfica do trabalho são: Fernão Cardim (1939), Luís da Câmara Cascudo (2015), Tizuko Kishimoto (2004) e Dora Feital e Maria Cortês (2009), para abordar a história das cantigas de roda no Brasil – primeiros relatos de cantigas até a predominância das cantigas europeias; e Teca Brito (2003), Jean Piaget (1971), François Delalande (1984) e Raimunda Braga e Eliana Oliveira (2013), no que cabe à importância das cantigas de roda para a musicalização infantil.
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