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Por:   •  22/3/2015  •  1.699 Palavras (7 Páginas)  •  336 Visualizações

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Davi de Michelangelo x Davi de Bernini

O legado artístico de Michelangelo se constitui por um vasto número de obras. A ele se devem trabalhos imortais da escultura, como o "Davi" e o "Moisés"; da arquitetura, como a cúpula da basílica de São Pedro; e da pintura, como os afrescos da capela Sistina.

Michelangelo di Lodovico Buonarroti Simoni nasceu em 6 de março de 1475 em Caprese, localidade próxima à cidade toscana de Arezzo, Itália. Quando ainda era criança, sua família mudou-se para Florença, onde, em 1488, entrou como aluno para o ateliê do pintor Domenico Ghirlandaio, com quem aprendeu as técnicas de afresco e painel. No ano seguinte, passou a estudar escultura com Bertoldo di Giovanni no jardim onde a família senhorial de Florença conservava uma valiosa coleção de esculturas antigas.

Após a morte de Lourenço, em 1492, Michelangelo fugiu para Bolonha, onde, sob a influência de Jacopo della Quercia, esculpiu três estátuas para o túmulo de são Domingos. De volta a Florença, esculpiu em madeira a "Crucificação" (autenticada somente em 1965), que doou a uma igreja em agradecimento por lhe terem permitido estudar os cadáveres ali conservados.

De acordo com Carol Strickland (2004) foi Michelangelo quem mais contribuiu para elevar o status da atividade artística. Ele acreditava que a criatividade era uma inspiração divida.

Já 1496, mudou-se para Roma, onde esculpiu "Baco", antes de voltar-se para a temática de inspiração religiosa que dominaria sua arte a partir de 1498. Sua grande obra do período é a "Pietà" de mármore que se encontra na basílica de São Pedro, em Roma, na qual a cena trágica contrasta com a serenidade do juveníssimo rosto da Virgem. Michelangelo acreditava que, entre todas as artes, a mais próxima de Deus era a escultura, como explica Strickland:

Deus havia criado a vida a partir do barro, e o escultor libertava a beleza da pedra. Segundo ele, sua técnica consistia em “libertar a figura do mármore que a aprisiona”. Enquanto outros escultores adicionavam pedaços de mármore para disfarçar seus erros, Michelangelo fazia suas esculturas num bloco único. “Ainda que rolem do alto de uma montanha, não cairá um só pedaço”, disse outro escultor da época (STRICKLAND, Carol, 2004, p. 36).

Ainda sobre a obra de Michelangelo, Baumgart lembra:

As figuras humanas de Michelangelo sempre são de forma natural perfeita. É uma geração poderoso a que ele criou. Na a de mesquinho, baixo ou ordinário turva sua grandeza; mas também nada de alegre, tranqüilo ou leve lhe facilita a missão; mas também nada de alegre, tranqüilo ou leve lhe facilita a missão. Nesta grandeza implacável, que lhe conseguiu o epípeto de “terribile”, estão contidas dignidade e tragicidade dos seres humanos de Michelangelo e de sua própria obra (BAUMGART, Fritz, 1999, p. 224).

Quando Michelangelo retornou à Florença, em 1501, recebeu o encargo de realizar as 15 figuras da capela Piccolomini da Catedral de Siena e o colossal "Davi" de mármore.

A escultura em mármore “Davi” mede 5,17 m. É um trabalho que retrata o herói bíblico Davi, símbolo de sua luta contra o destino, como Davi ante Golias. A figura expressa força e agressividade, mais em potência do que em atitude. A decisão do jovem bíblico de ir à luta está sutilmente expressada através do imprevisto giro de sua cabeça à esquerda, de seu olhar firme direcionado ao inimigo, da tensão que invade todos os seus membros e das veias das mãos que parecem inchar de sangue pelo impulso da ira.

O Davi de Michelangelo tem uma expressão desconhecida na escultura até então. Contém uma espécie de força exterior que não aparece no humanismo idealizado dos gregos. O Davi de Michelangelo é heróico. Possui um tipo de consciência que surge com o Renascimento em sua plenitude: a capacidade de enfrentar os desafios da existência. Não é apenas contra Golias que este Davi se rebela e batalha. É contra todas as adversidades que podem ameaçar o ser humano, como explica Gombrich:

É um dos segredos da sua arte, que nunca deixou de ser admirado desde então, que, por muito que os corpos de suas figuras se contorçam e retorçam em movimentos violentos, seus contornos se mantêm sempre firmes, simples e serenos. A razão disso é que, desde o começo, Miguel Ângelo procurou conceber suas figuras como se existissem ocultas no bloco de mármore em que estava trabalhando (GOMBRICH, 1999, p. 313).

Nessa obra, Michelangelo traça medidas e contornos perfeitos do corpo humano, deixando a escultura viva aos olhos dos espectadores, a partir de conhecimentos sobre a construção anatômica, em que tudo é pensado para se atingir um equilíbrio estético divino. Ele levou três anos para concluir “Davi” que foi escolhida como símbolo máximo da República de Florença devido à genialidade que lhe foi atribuída.

Em suma, Michelangelo Buonarroti foi conhecedor de todas as artes, desde a pintura, a arquitetura, a escultura e até a poesia. Suas figuras são contorcidas, atormentadas, sofridas e expostas com grande carga dramática. “Davi” é um grande exemplo dessas características, como lembra Conti:

As suas obras – caracterizadas por uma anatomia possante, por vezes exuberante e com tendência para o exagero; por uma monumentalidade sem par e uma prodigiosa capacidade técnica, que por vezes chegava ao verdadeiro virtuosismo; por um genuíno e dilacerante amor pelo corpo humano – estão entre as mais conhecidas de toda a história da arte (CONTI, 1978, p. 38).

Já Gian Lorenzo Bernini é tido como principal escultor do barroco italiano, nasceu em Nápoles em 7 de dezembro de 1598. Estudou em Roma com o pai, também escultor. As primeiras esculturas de Bernini já eram altamente revolucionárias pelo movimento, os valores tácteis e a expressão dos rostos. Strickland evidencia que Bernini foi mais que um escultor exercendo diversas atividades artísticas.

Gianlorenzo Bernini foi mais que um escultor do período barroco. Foi também arquiteto, pintor, teatrólogo, compositor e cenógrafo de teatro. Caricaturista brilhante, quando não estava esculpindo em mármore, com a mesma facilidade com que modelava a argila, escrevia comédias e óperas. Mais que qualquer outro artista, ele deixou sua marca em Roma, com suas fontes, sua arte religiosa e sue projeto da Basílica de São Pedro (STRICKLAND, Carol, 2004, p. 48).

Foi a partir das encomendas do cardeal Borghese que Bernini realizou várias obras num estilo independente que representava uma reação contra os conceitos

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