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Faça seu coração vibrar

Por:   •  24/4/2015  •  Trabalho acadêmico  •  3.085 Palavras (13 Páginas)  •  118 Visualizações

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INTRODUÇÃO

Numa peça teatral escrita por Jane Wagner, a encantadora

personagem Trudy informa à platéia que ela está, na companhia

de seus amigos do espaço sideral, "em busca de vida inteligente no

universo". Trudy é uma mendiga que questiona nossos pressupostos

sobre o que é loucura e o que é sanidade, o que é verdadeiro e o que é

apenas um hábito adquirido depois de anos tentando nos adaptar a

um mundo cheio de falsidades. "Eu tenho o tipo de loucura da qual

Sócrates fala", explica Trudy. "Uma libertação divina da alma do jugo

do costume e da convenção."

Essa "libertação da alma do jugo do costume e da convenção" é

precisamente o que este livro espera provocar nos leitores. Ou, se

não lhe agrada o tom religioso da palavra "alma", você pode substituí-

la por "a libertação da inteligência e da clareza que cada um de nós

trouxe ao mundo ao nascer". Esse encantamento e essa

espontaneidade são o que tornam as crianças tão belas e, quando

faltam aos adultos, os fazem parecer tão tristes e melancólicos.

Uma história

Durante alguns anos, eu morei e trabalhei em Londres. Em

minha primeira primavera em Londres, eu costumava caminhar

todas as manhãs até a estação de trem, a caminho do trabalho.

Passava por todos os jardins, em meio à exuberância de flores que

desabrochavam na calçada depois da chuva. Todas as manhãs parecia

que algo novo surgia em cada jardim.

Numa casa, minha passagem quase sempre coincidia com o que

me parecia o horário de ir para o jardim de infância de uma mãe e sua

filha pequena. O jardim da casa delas era particularmente bonito, e,

margeando um dos lados, havia uma profusão de hortênsias. Pude

observar, dia após dia, as flores se abrirem aos poucos e passarem do

verde para um verde mais claro e daí para um sutil cor-de-rosa.

Numa determinada manhã, depois de um raro dia cheio de sol na

véspera, as hortênsias estavam no auge da cor. A transformação

ocorrida durante a noite era de tirar o fôlego, e, no momento em que

eu passava em frente à casa, ouvi a garotinha dizer: "Mamãe!!

Mamãe, olhe!!!" Eu sabia que ela as vira também. A mãe disse devagar,

enfatizando cada sílaba, como quem ensina a uma criança: "E,

querida. São hor-tên-sias."

Durante o resto da minha caminhada até a estação de trem,

esse curto diálogo ficou na minha cabeça. Será que a mente dessa

garotinha associaria para sempre a palavra hortênsia aos momentos de

admiração e beleza? Diante de seu primeiro pôr-do-sol estonteante na

praia, dos primeiros sinais de romance em seu coração, será que ela

diria "Isso é tão... tão hortênsia''? Eu não sabia se ria ou chorava. Isso

já aconteceu a todos nós de tantas maneiras diferentes. Essa

transformação da criança cheia de admiração para o adulto cheio de

respostas, em geral para perguntas que sequer fizemos. Aprendemos

a rotular as coisas, a compará-las e a separá-las em categorias —

hortênsia —, para acrescentá-las ao jugo cada vez mais pesado das

respostas e convenções costumeiras e para começar a coletar outras

mais.

Não quero dizer com isso que as respostas às vezes não sejam

úteis. Elas são. Mas quando deixamos que a pilha de respostas vá

crescendo sem nunca questioná-las ao longo dos anos — das

gerações e até mesmo dos séculos —, é claro que acabamos em meio a

uma grande confusão.

Em sua busca por vida inteligente no universo, Trudy nos conta

que descobriu que a mente humana se parece com uma piñata,

aquele objeto de papel ou argila que as pessoas enchem de doces e

presentes e penduram no teto nas festas mexicanas, os quais as

crianças golpeiam com um bastão para esparramar o conteúdo no

chão. "Quando você abre a piñata, descobre todo tipo de surpresa ali

dentro", diz a personagem.

A premissa deste livro é a de que suas respostas formam a parte

externa da sua própria, piñata pessoal. E se você assumir o risco de

quebrá-la — não para substituir as antigas por outras, mas para abrir

espaço e deixar a brisa entrar —, pode descobrir, assim como Trudy,

que "perder o juízo pode ser uma experiência maravilhosa"!

Carol Neiman

VOCÊ ESTÁ PRONTO?

Quanto menos as pessoas sabem, mais elas teimam que sabem.

KJ

A

...

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