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Monografia Comunicação Social | Rádio e TV

Por:   •  21/10/2024  •  Projeto de pesquisa  •  14.631 Palavras (59 Páginas)  •  32 Visualizações

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO

INSTITUTO DE LINGUAGENS

DEPARTAMENTO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL

RADIALISMO E TELEVISÃO

KARINA FIGUEREDO SOUZA

PROJETO EXPERIMENTAL DE DOCUMENTÁRIO SOBRE O PROCESSO DE CRIAÇÃO DO ESPETÁCULO DE TEATRO INTITULADO “RUSGA” DA CONFRARIA DOS ATORES, CRIADO NOS MOLDES DO PROCESSO COLABORATIVO.

Cuiabá – MT

2011

KARINA FIGUEREDO SOUZA

PROJETO EXPERIMENTAL DE DOCUMENTÁRIO SOBRE O PROCESSO DE CRIAÇÃO DO ESPETÁCULO DE TEATRO INTITULADO “RUSGA” DA CONFRARIA DOS ATORES, CRIADO NOS MOLDES DO PROCESSO COLABORATIVO.

Trabalho de conclusão de curso para a obtenção do título de Bacharel em Comunicação Social, habilitação em Radialismo

Orientador: Professor Ms. Moacir Francisco de Barros

Cuiabá – MT

2011

Introdução

        Existe hoje um diálogo considerável entre as artes em geral. O cinema utiliza ferramentas teatrais, as artes cênicas referências audiovisuais, as artes plásticas dialogam com a literatura, a música costura a maioria delas e todas se revezam nesse diálogo, ora influenciando, ora sendo influenciadas.

        Dentro dessa perspectiva de multiplicidade, os possíveis experimentos são inúmeros, o que proporciona ao indivíduo total liberdade de criação. A partir dessa premissa, surge a necessidade de montar um projeto experimental de vídeo documentário, que se propõe a travar um diálogo entre teatro e o registro audiovisual.

        Toda e qualquer manifestação artística possui suas peculiaridades e especificidades. O desafio é conseguir identificá-las e, consequentemente registrá-las. O experimento que é proposto neste trabalho é um documentário sobre o processo de criação de um espetáculo de teatro intitulado Rusga, concebido pela Confraria dos Atores.

        Para a construção desse projeto, o primeiro dos procedimentos metodológicos utilizados foi o levantamento de material bibliográfico, bem como a leitura e análise dos mesmos. Logo depois, uma revisão filmográfica dos principais documentários trabalhados pelos autores analisados. A coleta dos registros audiovisuais dos ensaios do grupo foram e estão sendo feitos dentro da perspectiva da observação participante e do modo observativo. A produção do documentário já se encontra em processo de montagem, porém algumas cenas ainda precisam ser gravadas, alguns dados colhidos e a linguagem ajustada.  

É importante salientar que, este trabalho, não se preocupa em destinar um espaço à história do documentário ou do teatro, mas sim ater-se às tendências das produções brasileiras contemporâneas de ambos.  

Documentário e a produção brasileira recente

Por não ser uma prática audiovisual exata e que tem como base, principalmente, a sensibilidade de cada indivíduo criador, é muito difícil definir o que é documentário. Não se pode criar apenas uma frase para defini-lo que contemple todas as formas que já foram produzidas, pois ele possui muitas particularidades, metodologias e detalhes que, às vezes, os tornam completamente diferentes uns dos outros.

A definição de “documentário” é sempre relativa ou comparativa. E, para Nichols (2005, p. 47) “o documentário define-se pelo contraste com filme de ficção ou filme experimental ou de vanguarda”. E, que ele não é uma reprodução da realidade, “é uma representação do mundo que vivemos”.

        A representação é uma questão que carrega inúmeras significações. Portanto, para analisar sua aplicabilidade dentro do universo documental é necessário, primeiramente, recorrer ao conceito dado a ela no campo filosófico.  Para isso, Nicola Abbagnano – citado por Miguel Pereira no catálogo de Migliorin (2010, p. 29) - em seu Dicionário de filosofia, utilizando-se da idéia de Guilherme de Ockham, faz uma espécie de minipercurso do conceito:

Guilherme de Ockham distinguia três significações fundamentais: representar – dizia - tem vários sentidos. Em primeiro lugar, entende-se por este termo aquilo por meio de que se conhece algo e nesse sentido o conhecimento é representativo, e representar significa ser aquilo por meio de que se conhece alguma coisa. Em segundo lugar, entende-se por representar o fato de se conhecer alguma coisa, conhecida a qual conhece-se outra coisa; e neste sentido a imagem representa aquilo de que é imagem no ato da lembrança. Em terceiro lugar, entende-se por representar causar o conhecimento, da maneira como o objeto causa o conhecimento. No primeiro sentido, a representação é a idéia no sentido mais geral; no segundo sentido, é a imagem; no terceiro, é o próprio objeto. Estas são, na realidade, todas as significações possíveis do termo: o qual foi tornado novamente significativo pela noção cartesiana da idéia como “quadro” ou “imagem” da coisa; e foi difundido por Leibniz, que considerava toda mônada como uma representação do universo.

Numa conceituação mais ampla, representação significa imagem ou idéia, portanto, intimamente ligada ao conhecimento, entendido como “semelhança do objeto”. Com base nesse conceito e na visão filosófica, Pereira conclui que representar não significa substituir ou igualar, mas de algum modo fazer inteligível o objeto cuja realidade precede a representação, e completa:  

A representação tem assim um dado fundamental em sua natureza própria. Ela é do âmbito do sujeito e ao mesmo tempo guarda semelhança com o objeto. Se o que vemos na tela é uma representação, é obvio que a sua construção é o lugar de um sujeito, aquele que se coloca como observador e criador dessas imagens. Temos assim uma operação complexa que começa com sujeito-realizador, a mediação de uma técnica e de uma equipe, composta de outros sujeitos, em diferentes fases de elaboração, um objeto construído ou não para a câmera e um outro sujeito, este o espectador, que reconstrói todo o processo complexo com a sua capacidade intelectual e emotiva. Significa dizer que o documentário como representação só se realiza inteiramente ao nos colocarmos no ambiente de um processo que só acontece com a projeção ou exibição da obra.

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