O Camilo Boito
Por: Fernanda Viana • 29/10/2023 • Trabalho acadêmico • 1.229 Palavras (5 Páginas) • 58 Visualizações
Leitura Critica
Texto: BOITO, Camillo. Os Restauradores. Tradução Beatriz Mugayar Kuhl e Pedro Paulo Mugayar Kuhl. Apresentação Beatriz Mugayar Kuhl. São Paulo: Ateliê Editorial, 2003.
Camillo Boito nasceu em Roma na Itália em 1836, ele foi arquiteto, restaurador, crítico, historiador, professor, teórico e literato. Sua vida acadêmica tem inicio em Veneza, quando entrou para Academia de Belas Artes. Posteriormente, os estudos de Boito já se direcionavam para arte medieval presente na Itália e isso como uma expressão de autenticidade do povo, época em que a Itália buscava a afirmação da nacionalidade e tentava unificar os estudos no país sobre a história da arquitetura e a preservação de monumentos que era visto por muitos como “caráter nacionalista”.
Boito também trabalhou como arquiteto restaurador e como critico de arte e arquitetura, e este último foi de grande importância, pois ele não concordava com a apropriação acrítica dos variados estilos do passado, que muitos arquitetos da época concordavam.
Ele formou-se na Academia e em 1858 foi escolhido para restaurar a Basílica dos Santos Maria e Donato em Murano e seu trabalho foi fundamentado em análises profundas da obra, com base nos estudos documentais, observação e levantamentos métricos do edifício. Ele examinou detalhes construtivos e propôs a preservação da pátina ao mesmo tempo em que recomendava a demolição de elementos acrescentados com o tempo e procurou também unidade de estilo propondo a construção de novos elementos.
As intervenções antes eram realizadas com propósitos de adaptação às necessidades da época, mesmo as que se tratavam de restaurar como conseqüência de algum problema estrutural, mas sem fim cultural, que só passou a ter este cunho no século XIX e a partir daí o restauro passou por um longo período de maturação até se firmar como ação cultural.
No Renascimento já florescia o amadurecimento do restauro e seguiu pelos séculos XV ao XVIII e junto às teorias de restauração, que se tratava de respeito pela matéria original, a idéia do reversível e distinguível, relevância da documentação, os conceitos de conservação e de mínima intervenção e estes vão se formando pouco a pouco.
Em 1883, Boito propôs em Roma, em um Congresso dos Engenheiros e Arquitetos Italianos, onde apresentou 07 princípios fundamentais para o restauro, que foram adotados pelo Ministério da Educação.
A busca por informações documentais das obras foi realizada por Boito e ele ficou conhecido como um restaurador filológico, pois considerava a seriedade documental da obra. Seus princípios surgiram em uma época de grande agitação e ebulição intelectual, onde outros autores também se ocupavam em escrever sobre o tema, alguns apontavam sobre perigos de falsificação que poderiam ser geradas pelas restaurações e recomendavam mais respeito pelo original, deixando as marcas de passagem do tempo.
No campo da escultura Boito chamou a atenção para o perigo dos complementos, ele julgava muito perigoso e poderia levar ao erro e os acréscimos que foram efetuados que fossem retirados, para manter a leitura da obra. Com relação à pintura, acreditava que a restauração às vezes era necessária para salvaguardar a obra, mas com a mínima intervenção. E na arquitetura sua postura se opõe a de outras propostas, com relação à Ruskin ele acredita ser melhor não conservar, pois Ruskin apela por manutenções para manter o edifício.
A idéia da necessidade de conservação periodicamente é importante, pois assim se evita a restauração, mas também deixa claro que a restauração é necessária para não se deixe de lado a importância de se preservar a memória. Neste momento da leitura foi possível perceber como ocorreu à evolução do restauro a partir de Viollet-le-Duc e John Ruskin e como eles se diferenciavam e como podemos perceber o amadurecimento do restauro. E como Boito defendia o restauro histórico e evidencia como é a conservação e como é a restauração e como ambas são diferentes embora estejam presentes no mesmo campo. Ele chama os conservadores de “homens beneméritos” e os restauradores de “supérfluos e perigosos” e sua abordagem maior recai sobre os conservadores, pois Boito vê a conservação antes da restauração e esta com o mínimo de intervenções.
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