O Estudo de Caso
Por: Keila Paiva • 25/8/2022 • Relatório de pesquisa • 1.104 Palavras (5 Páginas) • 84 Visualizações
Estudo de caso
Durante muito tempo, ser mulher era sinônimo de direitos restritos, em pleno século XXI, será que podemos dizer que esse cenário se tornou diferente?
Não fazendo parte do sexo feminino, colocar-se no lugar de fala do mesmo é algo complexo, pois não é possível atingir, apenas com a imaginação, todas as situações que são vividas pelas mulheres diariamente. Assédio, violência (tanta que muitos países, inclusive o Brasil, necessitou criar leis que estivessem voltadas especificamente para situações que as mulheres passam e não eram abordadas no código penal, mas que ainda não conseguem atingir o que deveria) cercam o sexo chamado frágil desde os primórdios do mundo, no entanto, esse trabalho visa explorar a situação da mulher que possui uma carreira e se torna mãe.
Inicialmente, é preciso lembrar que, perante nossa sociedade, ser mãe é um dom divino e quase uma obrigação de toda mulher. A maternidade amorosa e vista como a realização suprema da mulher é um mito imposto a elas por uma necessidade social (RESENDE, 2017), onde até mesmo o ato de amamentar tende a ser questionado e controlado (GIORDANI, 2018) por aqueles que não estão vivendo a experiencia, como se todos e qualquer um estivesse apto a tratar sobre o tema. E dentro desse cenário, uma mulher que não demonstre o desejo pela honra sublime do desejo de ser mãe é seguidamente contestada, seja em sua saúde física, seja em sua saúde mental (SOARES e SANTOS, 2020). Porém, muito do que leva as mulheres a não desejar ter filhos está relacionado as próprias situações impostas pela sociedade, já que, a criação e educação da criança, aos olhos de uma grande maioria, é responsabilidade da mãe, a mesma mãe que tem a responsabilidade de cuidar da casa e ainda, trabalhar fora, o que acarreta uma grande sobrecarga para a mulher.
Não é difícil, ainda hoje, existirem empresas que tenham salários diferenciados entre homens e mulheres e empregadores que preferem contratar homens, pois os mesmos não correm risco de engravidar, ficando fora da empresa durante o período de licença. A desigualdade de gênero é tão tangível que a batalha para que isso mude faz parte da Agenda Sustentável de 2030, onde os países membros definiram metas para um planeta mais justo e igualitário, buscando que exista essa igualdade. No entanto, é possível verificar que muito ainda precisa ser mudado e a luta para que isso ocorra continua, dia a dia, pois muitas mulheres são prejudicadas em seus trabalhos apenas pelo fato de ser mãe.
Dentro da área musical, talvez possa parecer que a situação não seja a mesma, pois o mundo musical parece ser mais fluido, porém, não é o que se verifica em entrevista com algumas compositoras e intérpretes que se tornaram mães, há sempre muitos ajustes a serem feitos o que pode ser verificado em entrevista realizada pelo Correio Brasiliense, em 12/05/2019. No entanto, também se pode constatar que, para muitas, a maternidade aumenta a sensibilidade com que se enxerga o mundo e com isso, afeta as produções artísticas. Muitas artistas brasileiras cantam a sua maternidade, podemos citar como um exemplo a música “O Rio”, interpretada por Marisa Monte. É possível encontrar outras músicas relacionadas como o tema na reportagem 10 artistas que cantam sobre a maternidade, da globo.com.
O rio
Canção de Marisa Monte
Ouve o barulho do rio, meu filho
Deixa esse som te embalar
As folhas que caem no rio, meu filho
Terminam nas águas do mar
Quando amanhã por acaso faltar
Uma alegria no seu coração
Lembra do som dessas águas de lá
Faz desse rio a sua oração
Lembra, meu filho, passou, passará
Essa certeza, a ciência nos dá
Que vai chover quando o sol se cansar
Para que flores não faltem
Para que flores não faltem jamais
Quando amanhã por acaso faltar
Uma alegria no seu coração
Lembra do som dessas águas de lá
Faz desse rio a sua oração
Lembra, meu filho, passou, passará
Essa certeza, a ciência nos dá
Que vai chover quando o sol se cansar
Para que flores não faltem
Para que flores não faltem jamais
Compositores: Antonio Carlos Santos De Freitas / Arnaldo Augusto Nora Antunes Filho / Jorge Mario Da Silva / Marisa De Azevedo Monte
(MENINO, AQUI EU NÃO ENTENDI BEM O QUE FAZER, É A PARTE DOIS DA SUA ATIVIDADE, VE SE É ISSO).
Corroborando com o que foi citado aqui, Samira Giro Zebec, artista de 39 anos, concordou em ser entrevistada. Mãe de dois filhos, um quando tinha 29 anos, fruto de uma fertilização in vitro, outro aos 39 anos, justamente em 2022, diz que esteve em atividade musical durante as duas gestações, fosse lecionando, ensaiando para concertos, tocando em eventos diversos ou estudando. Conta que, em sua última gestação, esteve tocando dois dias antes do nascimento do bebê. Durante a entrevista, Samira explicou que após o nascimento de seu primeiro filho, teve depressão pós-parto e retornou ao trabalho quando a criança tinha quatro meses, já após o nascimento do segundo filho, com uma agenda apertada, ela relata que estava de volta aos palcos em 20 dias. Para ela, o maior desafio é conciliar a profissão de musicista e a maternidade, visto que essa profissão já não é uma das mais valorizadas no país, e sendo assim, não se pode deixar de cumprir os compromissos agendados. Para Samira, seja qual for o trabalho exercido pela mulher, não é fácil de ser conciliado com jornadas duplas e até triplas, visto a necessidade de estar ausente, por grandes períodos de tempo, do convivo familiar e o dever de cuidar de filhos e da casa, sendo imprescindível aprender a otimizar o tempo e mais, saber aproveitá-lo com qualidade. Contudo, ela diz que ama sua profissão e tem muito prazer em todas as atividades que exerce relacionada a ela, dessa forma, acredita que a música, acaba sendo um balsamo, ajudando-a em sua saúde mental e lhe trazendo energia para continuar sempre acreditando em sua profissão, pelos impactos positivos que ela fornece.
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