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O Inspetor Geral

Por:   •  20/4/2017  •  Trabalho acadêmico  •  1.605 Palavras (7 Páginas)  •  273 Visualizações

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CENAS: INSPETOR GERAL

Nikolai V Gogol

São Paulo, Março de 2014

SUMÁRIO

CONTEXTO POLÍTICO SOCIAL        1

SOBRE O AUTOR        2

SINOPSE DA PEÇA        5

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS        6


CONTEXTO POLÍTICO SOCIAL

A Rússia é um país que se localiza na Eurásia da Europa e é o maior país do mundo quando se fala em território. A Federação Russa tem diversos contrastes na cultura, com as músicas, monumentos, pinturas, e a própria literatura, que são instrumentos de comunicação entre as pessoas dentro de uma sociedade, assim como na natureza geográfica.

Durante o século XIX, a Autocracia da Rússia se baseava nos Czares, que detinha todos os poderes regentes de uma sociedade – Judiciário Legislativo e Executivo. O país passava por profundas transformações, tanto na área política, quanto na econômica e na social, principalmente depois que Alexandre II assumiu o poder, que propôs reformas liberais para modernizar os seguimentos sociais, geradas a partir das lutas armadas do movimento revolucionário. O desenvolvimento da indústria ocasionou uma elevação no número de habitantes nas zonas urbanas das principais cidades russas, que se reflete na educação, o teatro, as artes plásticas, as ciências e a tecnologia com as transformações que estavam ocorrendo no país.

Percebem-se na arte os reflexos dos horrores da guerra e da insatisfação do povo com o regime dos czares. Aos poucos o romantismo cede lugar aos textos e poesias realistas. No teatro, os espetáculos produzidos retratam a sociedade russa, tematizando as traições, a corrupção e os abusos de poder.


SOBRE O AUTOR

Personalidade bastante singular, Gogol se deixa revelar em muitos de seus últimos escritos como um homem de educação profundamente religiosa e cristã, expressa no seu medo patológico da morte e do castigo.

Acrescente-se ainda o papel importante da mãe em sua formação e a grande dificuldade de suas relações afetivas e amorosas. Faz do riso um meio eficaz de liberação. A pouca presença de personagens femininos e de enredos de amor, ao lado do medo perante a mulher, o amor e o casamento, é um convite a uma interpretação analítica que focalize na própria obra a figura do artista.  

Nikolai Vassilievitch Gogol (Ucrânia, 1809 – Moscou, 1852) foi um vanguardista da literatura russa. Oriundo de uma família de pequenos proprietários de terra ucranianos passa a sua primeira infância no povoado de Vassílievska. Seus pais foram de grande influência em suas obras. Herdou de seu pai o prazer em escrever e de sua mãe o intenso sentimento religioso que o levaria ao misticismo. Seu pai, um antigo oficial cossaco que desenvolveu seu gosto pela literatura. Em 1821 muda-se para Nezin para estudar. Desde muito cedo deseja ser autor teatral. Em São Petersburgo conhece Puchkin, que o influencia notavelmente. Em 1836 inicia uma longa viagem pela Europa. Reside em diversas cidades, particularmente em Roma. A distância de seu país natal e a nostalgia que dela resulta lhe inspiraram alguns dos seus escritos, como a magnífica novela O capote (1843), cujo herói, Akaki Akakievitch, tornou-se o arquétipo do pequeno funcionário russo.

Gogol revelava uma personalidade complexa desde muito jovem. Sedento da verdade e de preocupações místicas, religiosas e patrióticas. Sua obra reflete o lado moralista das questões que concernem à condição humana. Fracassou ao tornar-se ator, foi trabalhar como funcionário público e professor de história Instituto Patriótico de Jovens Moças, e em seguida, na Universidade de São Petersburgo. Durante este período, ele publica numerosas novelas.  Além de atrair leitores, sua primeira coletânea de contos também conquistou a atenção do poeta Alexandre Puchkin, que o incentivou em suas pretensões literárias. Em 1836, a peça de teatro O inspetor geral conhece um real sucesso em São Petersburgo, aplaudida pelos liberais e atacada pelos reacionários.

Ele começa a escrever seu grande romance, a peça mestra de sua obra, Almas mortas. Este romance é uma descrição sem concessão da Rússia profunda, uma sátira às vezes impiedosa, porém que guarda o profundo amor de Gogol pelo país.

Viveu no exterior, viajando pela Europa, Alemanha, Suíça, França e especialmente em Roma com breves retornos à Rússia. Em 1848, ele faz uma peregrinação em Jerusalém.

Vitimado por uma doença mental, aparenta distúrbios cardíacos e crises respiratórias, a percepção que ele tem de sua doença, pois ele acredita estar sempre mais doente do que está de fato – e seu sentimento religioso se exalta: ele se torna cada vez mais místico. Sobrevive entre calafrios, angústias e medos, se sente incompreendido, irritado tanto por aqueles que o apoiam quanto por aqueles que o criticam ao deturparem seus pensamentos, julgando que ele age de forma militante, o que contribui para a sua doença nervosa o que faz com que seu poder criativo abalado em seus últimos anos de vida. Acreditava possuir uma missão divina para reformar os seus compatriotas pecadores. Procurando consolo em peregrinações religiosas, dedicou-se igualmente a práticas ascéticas. Numa crise de depressão, queimou o manuscrito da segunda parte de Almas Mortas e atribuiu sua atitude, em seguida, a uma brincadeira do demônio. Depois desse episódio, deixou-se invadir pela melancolia, recusando-se a ingerir qualquer alimento, ficou doente e morreu.

“Alguns de seus biógrafos apontam para o fato de que o grande mal de Gogol foi não ter amado nunca e ninguém e que, por isso, ele teria conhecido um só lado da vida, de onde provêm as caricaturas que inundam a sua obra. A comicidade, o escárnio ou o riso de zombaria seriam, portanto, o pressuposto de uma atitude de defesa e de hostilidade latentes, o que implicaria um sentimento de superioridade e desprezo a encobrir, afinal, a impotência e a frustração diante da incapacidade do sentimento amoroso.

É sob esta ótica analítica que seriam compreendidos os bizarros heróis gogolianos que, não raro, não parecem de carne e osso, mas, isto sim, manequins tragicômicos que riem e choram, fazem rir e chorar, mas que não vivem porque não amam. Daí o aspecto incompleto e fragmentado dessas figuras-marionetes.

O humor e o “riso entre lágrimas” que brotam dos textos gogolianos revelariam então, para além de um procedimento artístico e literário, um doloroso problema de dupla personalidade e dualismo religioso: a luta do escritor entre dois mundos, o da arte e da moral, sua preocupação em rir do demônio, em vez de simplesmente amar a Deus, e o conflito entre ocidentalismo e eslavofilismo, acabariam por fazê-lo mergulhar num delírio místico e na demência que lhe roubaram completamente a razão. Já se disse também que faltou a Gógol o que Púchkin, por exemplo, possuía em alto grau: harmonia interior.

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