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O NASCIMENTO DA TRAGEDIA (TRECHO)

Por:   •  12/6/2019  •  Dissertação  •  654 Palavras (3 Páginas)  •  149 Visualizações

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O grego conhecia e sentia os horrores e pavores da existência: para ser simplesmente capaz de viver, ele tinha de colocar à sua frente a resplandecente fantasia dos sonhos olímpicos. Aquela imensa desconfiança frente aos poderes titânicos da natureza, toda aquela filosofia do deus selvagem juntamente com seus exemplos míticos, do qual pereceram os sombrios Etruscos – foi continuamente superada pelos gregos, ou pelo menos encobrida e diminuída ao olhar, através daquele “mudo intermediário” artístico dos olímpicos. Para poder viver, os gregos tiveram de criar esses deuses por uma necessidade das mais profundas: o começo que devemos nos representar de modo a conceber que, a partir da teogonia (nascimento dos deuses) titânica do horror, através do impulso apolínio (belo – referente a apollo) à beleza, se desenvolveu a teogonia olímpica da alegria: como rosas a irromper de um arbusto espinhoso. Esse foi o modo que um povo tão sensitivo e suscetível ao sofrimento encontrou para suportar a existência – sendo mostrada através de seus deuses, banhada em gloria mais elevada. O mesmo impulso seduz o homem a continuar vivendo, deu origem também ao mundo olímpico, por meio do qual a “vontade” helênica (referente ao período helenístico grego) pôs diante de si um espelho transfigurador. Os deuses justificam a vida dos homens ao vive-las eles mesmos – a única teodiceia (argumentos que justificam a onipotência e bondade do deus criador) satisfatória! A existência, sob a luz dos deuses é algo desejável e dor do homem homérico consiste em separar-se dela (morrer), sobretudo na separação iminente: “a pior de coisas as coisas é morrer em breve, a segunda pior é morrer um dia” (pior que morrer, só morrer cedo). O lamento ressoa por Aquiles, de vida curta. Não é indigno de um herói ansiar por continuar vivendo, mesmo como um qualquer. Tão fervorosamente anseia a “vontade” a existir, que mesmo o lamento (por ser um qualquer) se torna seu hino de louvor (por estar vivo).

Mas deve ser dito que essa harmonia não é de modo algum simples e que ocorre inevitavelmente, encontrado na porta de toda cultura. Onde nos deparamos com o ingênuo na arte, podemos reconhecer o efeito supremo da cultura apolínea ( se deve primeiramente derrubar o reino de titãs e por meio de fantasias alucinatórias e jubilosas ilusões se tornar vitoriosa sobre a profundeza terrível da consideração de mundo e a sensível capacidade para sofrimento). Raramente alcançada essa ingenuidade, a imersão total na beleza da aparência! É por essa razão, sublime, Homero que está para a cultura apolinica tanto como individuo, quanto como artista. A ingenuidade homérica só pode ser compreendida como vitória plena da ilusão apolínea. Nos gregos, a “vontade” quis se contemplar na transfiguração do gênio e do mundo artístico; para venerar a si mesmo tem-se de sentir-se digno de veneração, obtida ao ser refletida por uma esfera superior (dos deuses), sem que esse mundo da contemplação, agisse como imperativo ou censurador. Com esse espelhamento da beleza, a “vontade” helênica lutou contra o talento para o sofrimento. E como monumento de sua vitória temos diante de nós Homero, o artista ingênuo.

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