OS EXTRATOS SELECIONADOS
Por: MayB45 • 13/2/2021 • Trabalho acadêmico • 1.688 Palavras (7 Páginas) • 144 Visualizações
EXTRATOS SELECIONADOS
O modelo habitual para entender esse processo é este: o poder se impõe sobre nós; enfraquecidos pela sua força, nós interiorizamos ou aceitamos seus termos. O que essa descrição não diz, no entanto, é que “nós” que aceitamos tais termos somos fundamentalmente dependentes deles para “nossa” existência. Não existem condições discursivas para a articulação de um “nós” qualquer? A sujeição consiste precisamente nessa dependência fundamental de um discurso que nunca escolhemos, mas que, paradoxalmente, inicia e sustenta nossa ação (BUTLER, 2017, p. 4).
E essa imposição do poder acontece principalmente pela repetição de um discurso que instala e reforça as regras sociais, o lugar da mulher, o padrão de beleza, essa imposição é compreendido como um regime de poder/discurso com diferentes maneiras de construção de uma linguagem. “o feminino é uma representação no âmbito da linguagem” (BUTLER, 2016, p. 11).
Essa falsa sensação de escolha incube uma sujeição a essas imposições, dentro de algo maior que é a sujeição ao poder, conceituada no livro de Butler e influenciada pela teoria de Foucault, aprofundando a mesma no campo da psique, ou seja refletindo em como a sujeição afeta nossa mente e nos faz pensar que temos escolha ou se apenas acatamos àquilo que achamos que desejamos. E dessa forma:
Entende-se que a internalização do instinto – que ocorre quando ele não se descarrega imediatamente como ato – produz a alma ou a psique em seu lugar; a pressão exercida pelos muros da sociedade força uma internalização que culmina na produção da alma – e entende-se que essa produção é a realização artística primária, a fabricação de um ideal. Essa fabricação parece tomar o lugar da promessa, a palavra efetivada como ato, e surgir na condição de que a promessa tenha sido quebrada. Mas recordemos que a execução do ato não se deu sem suas fabricações: um dos efeitos da promessa é produzir um “eu” que possa responder por si mesmo ao longo do tempo. Assim, a fabricação desse “eu” é o resultado paradoxal da promessa. O “eu” assume uma continuidade com seu ato, mas é o próprio ato que, paradoxalmente, criar a continuidade de si mesmo (BUTLER, 2017, p. 62, grifo nosso).
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