Os Mouros Miticos
Por: barbaralito • 21/2/2024 • Trabalho acadêmico • 2.297 Palavras (10 Páginas) • 45 Visualizações
- Projeto, que deverá conter:
I. NOME DO PROJETO
ANDAM MOUROS NA COSTA: MOUROS MÍTICOS NO BRASIL E NO MUNDO
II. APRESENTAÇÃO/RESUMO DO PROJETO/SINOPSE
Existem várias manifestações contemporâneas nas quais podemos encontrar influências e inspirações de personagens e cenários ligados à figura dos mouros, uma espécie de arquétipo que atravessou territórios e oceanos, e que está presente nos dias de hoje nos cinco continentes. De forma enviesada, as sombras imaginárias desses mouros foram entrecruzadas, foram preservadas e ressignificadas pelo imaginário erudito e pela transmissão oral; foram perpassadas ainda de fragmentos narrativos de matrizes não-europeias. Com a coordenação de Bárbara Lito e Virgínia Boechat, o livro “ANDAM MOUROS NA COSTA: MOUROS MÍTICOS NO BRASIL E NO MUNDO” compreende leituras sobre a persistência destes mouros míticos em várias tradições, evidenciando também o quão plural sua presença pode ser ao redor do mundo.
A produção editorial da obra literária está em fase de pré-produção e conta com a confirmação de textos inéditos no Brasil dos seguintes autores:
- Alejandro García Sanjuán (Universidad de Huelva, Espanha) - “A distorção de al-andalus na memória espanhola”
- Lucila Iglesias (Universidad de Buenos Aires, Argentina) - “Mouros na costa do mar do sul. Fórmulas narrativas e alegorias para a representação de muçulmanos no vice-reinado do peru”
- Amália Marques (Universidade Aberta, Portugal) – “As mouras e mouros do Norte e Sul de Portugal”
- Angelica Maria da Silva (Mestre UNEB, Brasil) – “Chegança dos Mouros - a barca nova: uma manifestação cultural dramática saubarense”
- Barbara Alge – (Universidade Johann Wolfgang Goethe de Frankfurt, Alemanha). “O mouro no imaginário português e mineiro”
- Claudicélio Rodrigues da Silva (UFC, Brasil) – “Poética da Encantaria: fidalgos, caboclos e bichos nas vozes de uma ilha”
- Luís Alberto Dias Franco (Presidente da Mesa da Assembleia do Núcleo Promotor do Auto da Floripes 05 de Agosto / Imperador Carlos Magno do Auto da Floripes, Portugal) - “Os turcos do teatro popular, dignos representantes da segunda vinda dos mouros”
- Alexandra Dumas (UFBA, Brasil) - “Mouros e Cristãos: história e cenas em terras, mares e palcos”
- Alexandre Parafita e (UTAD e CEPESE / Univ. Porto, Portugal) e Maria de Fátima Machado (CITCEM / Univ. Porto, Portugal) – “Piratas e Corsários Sarracenos: a História e a Lenda”
- Carla Carvalho Alves (Doutora pela USP, Brasil)- “História, lendas e mitos portugueses na obra ficcional de Alexandre Herculano”
- Geice Peres Nunes (Universidade Federal do Pampa, Brasil) - “Representações de mouros por vozes, letras e versos da literatura popular do Nordeste”
- Gerhard Seibert (UNILAB, Brasil) - “Tchiloli de São Tomé. Inculturação africana de uma peça medieval europeia”
- Carlos René García Escobar (In memoriam, antropólogo, Guatemala) - “Mouros e Cristãos na Espanha, na Guatemala e no Mundo”
- Juan Antonio Alcaraz Argente (Pregoner de les Festes de Moros i Cristians d’Ibi, Espanha) – “Ontinyent e a festa de Mouros e Cristãos”
- Miguel Ángel Martínez Pozo (Universidad de Jaén, Espanha) - “O mouro na perspectiva espanhola do século XX-XXI. As festas de Mouros e Cristãos, busca de valores contemporâneos”
- Milena Cáceres Valderrama (Instituto Riva-Aguero, Peru) – “A festa de Mouros e Cristãos no Peru e na América Latina”
- Julio Martinez (Universidad Tecnológica de El Salvador, El Salvador) - “Rumo a um mapa conceitual e geográfico de Mouros e Cristãos (Historiantes) em El Salvador”
- Isaac Donoso – (Universidad de Alicante, Espanha) “Atrás dos passos do kumintang: origens do Moro-Moro nas Filipinas”
- Demetrio Brisset Martín (Universidad de Málaga, Espanha) - “Estruturas das danças de conquista”
III. OBJETIVOS GERAIS E ESPECÍFICOS
Objetivos gerais:
- Publicar o livro “ANDAM MOUROS NA COSTA: MOUROS MÍTICOS NO BRASIL E NO MUNDO” pela editora Appris com tiragem de 1500 exemplares na 1ª. Edição.
- Realizar o lançamento no Centro Cultural Helio Oticica (Centro – RJ) com uma roda de conversa com as idealizadoras do projeto e a exibição dos documentários “A descoberta da Amazônia pelos turcos encantados”. Direção: Luiz Arnaldo Campos e "Filmes Ruins, Árabes Malvados: Como Hollywood Vilificou um Povo" ("Reel Bad Arabs: How Hollywood Vilifies a People"), Direção: Sut Jhally.
Objetivos específicos:
- Fortalecer a produção de conhecimento no segmento “Patrimônio cultural imaterial” através da pesquisa e documentação na produção editorial do livro e da democratização da informação à população com a sua publicação.
- Contribuir para o acesso da população à história dos mouros míticos em várias manifestações tradicionais no Brasil como a da Chegança de Mouros, da Cavalhada, da Encantaria do Tambor de Mina; em Portugal, como a das Mouras Encantadas e em festas como os Bugios e Mourisqueiros, nos Turcos de Crasto ou no Auto da Floripes; na Espanha, a Fiesta de Moros y Cristianos, e em outros em países da América Latina. (Peru, El Salvador, México, Honduras, entre outros).
- Reunir mais de 20 autores de mais de 10 países, que se dedicam a estudar a presença dos mouros míticos\turcos nas manifestações performático narrativas tradicionais.
- Realizar lançamento internacional na Librairie Portugaise et Brésilienne (Paris) e na Universidade de Aveiro (Portugal), no Colóquio Internacional do Departamento de Línguas e Culturas de 2020.
- Realizar lançamentos nacionais na UNILAB (Bahia), na UFBA (Bahia) e na UFC (Ceará), assim como uma videoconferência para apresentação do livro à comunidade da Unipampa (Rio Grande do Sul).
IV. JUSTIFICATIVA
A generalização atribuída ao conjunto dos muçulmanos, potencializada por páginas de História, de ciência, de ficção, e, atualmente, pela imprensa e pela internet, consolida no imaginário do público um tipo de discurso que se posiciona ancorado em uma imagem clichê, predominantemente depreciativa. É um conjunto discursivo que parece pretender se defender de uma espécie de ameaça que a simples presença do outro provoca. Contudo, a construção do mouro em narrativas e performances populares, em sua multiplicidade, mostra como essas personagens podem guardar uma grande capacidade subversiva ante as narrativas tidas como ‘oficiais’, mesmo as de fundamentação historiográfica, o que se dá devido às características de maleabilidade, resistência, insubordinação e insistente autorecriação contextual de tais figuras. Em alguns dos relatos e ritos, o mouro mítico, inclusive, nega-se a desempenhar o papel que seja simplesmente desse outro, de um ‘representante do mal’, tradicionalmente imposto através dos séculos.
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