Rachel Rose e Materialidade Líquida da Obra “A Minute Ago” Exposta na 32ª Bienal de São Paulo
Por: Gabee Laranja • 4/1/2019 • Artigo • 1.571 Palavras (7 Páginas) • 315 Visualizações
UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE
CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE RIO DAS OSTRAS – CURO
Rachel Rose e materialidade líquida da obra “A Minute Ago” exposta na 32ª Bienal de São Paulo
GABRIELA ALVES DOS SANTOS - R.A. 114 062 009
RIO DAS OSTRAS
2016
1. Rachel Rose
1.1 Biografia
Rachel Rose nascida em 1986 é uma artista americana conhecida por suas instalações de vídeo que mesclam som e imagens em ambientes matizados, conectando fragmentos que despertam reflexões sobre amplas discussões, como o medo da morte ou o mal estar com as mudanças climáticas.
Através da justaposição de eventos aparentemente não relacionados, o trabalho de Rose apresenta as ansiedades atuais compartilhadas pela humanidade e, interliga em várias camadas, a nossa própria mortalidade. A artista foi condecorada com o Prêmio Frieze Artist em 2015 e, atualmente sua sede de trabalho é no centro da cidade de Nova York. Rose cresceu em uma fazenda no norte de Nova York e ingressou no curso de graduação como pintora na Universidade de Yale, fez especialização em história da arte no Courtauld Institute of Art e mestrado na Universidade de Columbia.
As exposições individuais mais conhecidas de Rachel Rose incluem: “Everything and More” no Museu Whitney de Arte Americana em Nova York; “Palisades” na Serpentine Sackler Gallery em Londres; “Interiors” na Castello di Rivoli em Turim. E das suas produções coletivas devemos citar: “The Infinite Mix” na Hayward Gallery em Londres e “A minute Ago” exposta na 32ª Bienal de São Paulo e essa é a obra que iremos explorar um pouco mais a fundo nesse artigo. Suas próximas exposições incluem: Ishikawa Foundation no Japão (2016), Kunsthalle Bregenz em Bregenz (2017) e Philadelphia Museum of Art (2018).
1.2 Suas obras e o processo de criação
Os vídeos de Rachel Rose, em suas palavras, investigam temas que vão desde: “zoológicos e criogênicos, a Guerra Revolucionária Americana e o projeto do parque do século XIX, a Glass House de Philip Johnson, os concertos EDM e a experiência sensorial de caminhar no espaço”. Em seus vídeos e instalações, Rachel Rose constrói montagens que não são nem narrativas nem abstratas. Utilizando-se de associação de vídeos e imagens e usando de um procedimento comum à pintura, sobreposição de camadas, a artista de forma ousada aplica tal técnica em arquivos digitais no processo de edição, para assim criar uma imagem híbrida com forte potencial sinestésico.
Os trabalhos oníricos de Rachel Rose concentram-se em idéias estimulantes, como: mortalidade, aquecimento global, história e tecnologia. Mas não é onde reside o brilho de seu trabalho. Faço minhas as palavras da critica de arte Aily Nash.
Ela cria peças profundamente experiênciais que transmitem os aspectos sensoriais dessas idéias (citadas acima*) e isso é o que torna o seu trabalho aprazível; Eu os sinto antes de pensar neles. Rose tem a rara habilidade de transmitir uma experiência de materialidade através de imagem em movimento. Manipulando o som e a imagem, ela traduz o que um lugar ou uma idéia compreende. Sua câmera gira e desliza através de um espaço exterior, transmitindo um humor interior - um tremor ou apreensão, transposto de um ambiente para outro. O medo e a inquietação sentida com o tempo severamente repentino ou a complicada história intrinsica de um marco particular são expressadas categoricamente nas camadas de suas obras. (NASH, 2014)
Rose está profundamente envolvida com a materialidade do digital e ela estende isso a como percebemos nossa relação com o mundo. Para Rose, o material está ligado à noção de um “espectro de tempo” em que os seres vivos continuam a "mutar materiais" expressões usadas pela própria artista. Em seus vídeos, histórias e épocas díspares coexistem e se reúnem dentro de uma imagem. Suas instalações geralmente são exibidas em salas com carpetes e paredes pretas que nos levam a uma tela posicionada no ponto de fuga desse túnel criado pelas laterais escuras, normalmente a tela fica numa altura próxima ou em contato com o chão, não têm assentos e o aparelho de projeção é sempre visível e o espectador é convidado a sentar-se no chão.
A artista usa do zoom com frequência em seus trabalhos para realçar texturas concretas, como uma pintura antiga ou um detalhe no rosto de um indivíduo, e constuma acrescentar sons assombrosos e discursos opacos como contraponto. É comum a existência de personagens e configurações claras nos vídeos de Rose, como um urso polar em cativeiro que perdeu sua sensibilidade à neve, ou a Casa de Vidro de Philip Johnson em uma chuva torrencial.
A idéia de cenas traçadas ao longo de uma linha do tempo é obviamente fundamental, e o tempo, como o som, pode ser misturado e intercalado. "Estou pensando literalmente no tempo como material", diz Rose. "Quando algo foi filmado, a velocidade com que algo se move, por quanto tempo você assiste a uma coisa, por quanto tempo você a vê em relação a assistir a outras coisas: tudo isso é material".
2. A obra A Minute Ago e a materialidade do digital
Nesse artigo especificamente iremos tratar da obra A Minute Ago [Um minuto atrás] (2014) exposta na 32ª Bienal de São Paulo que podemos entender como uma reflexão sobre a experiência da catástrofe. Rose cria um ambiente imersivo mesclando movimento, som e cor. Sua obra começa com um vídeo do YouTube de uma súbita e apocalíptica tempestade de granizo na Sibéria, ao som da música Echoes do Pink Floyd gravada em concerto num anfiteatro vazio na Pompéia. Esta cena é fundida com a filmagem feita pela própria artista na Casa de Vidro e com o Philip Johnson relatando como é viver naquele local que, por sua vez, são confrontados com a filmagem estática da pintura "O funeral de Phocion" (1648), do francês Nicolas Poussin, entre outros elementos.
Na parte
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