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Recensão de um Artigo

Por:   •  25/11/2020  •  Trabalho acadêmico  •  2.094 Palavras (9 Páginas)  •  126 Visualizações

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Vinagre, Diana (2018). João Baptista André Avondano: Um percurso formativo invulgar sob patrocínio real. Revista Portuguesa de Musicologia, nova série Vol. 5/ N. 2 ISSN 2183-8410, pp. 203 -228.

O artigo em apreciação, “João Baptista André Avondano: Um percurso formativo invulgar sob patrocínio real”, da autoria de Diana Vinagre, foi publicado em 2018 na Revista Portuguesa de Musicologia (nova série) V.5 / N.2 – um periódico académico com arbitragem científica – no âmbito de um dossier temático dedicado ao tema «Música e poder real em Portugal no século XVIII: Repertórios, práticas interpretativas e transferências culturais (2ª parte)».  

Diana Vinagre, é natural de Braga, doutoranda em Ciências Musicais no Instituto de Etnomusicologia - Centro de Estudos em Música e Dança (INET-md) - Universidade Nova de Lisboa. É investigadora no mesmo Instituto e violoncelista, dedicada às práticas históricas de interpretação. Tem carreira profissional como docente, e várias publicações discográficas tendo sido, várias vezes, premiada quer em concursos nacionais como internacionais.

Esta investigação incide sobre o percurso formativo e profissional daquele que foi a principal figura do violoncelo em Portugal no século XVIII, João Baptista André Avondano, membro de uma das mais importantes famílias de músicos ativas em Lisboa no séc. XVIII e que adquire um lugar de destaque na história da música portuguesa, uma vez que é o autor da obra considerada a mais relevante do reportório para Violoncelo solo deste período: Quattro sonate e due duetti per due violoncelli dedicati a Sua Maestà Il Ré di Portugallo dal Sig.Giov:Batista Andrea Avondano, e sobre o qual, na óptica da autora,  ainda não tinha sido feito um estudo biográfico aprofundado, empreendimento que ela se propõe levar a cabo, já não no presente trabalho mas em estudo ulteiror, uma vez que no dizer da mesma, este estudo permite um conhecimento biográfico e profissional mais completo.

        O artigo inicia-se com o que se poderá designar, como uma primeira parte de carácter introdutório (apesar da autora assim o não o ter expressamente assinalado) seguida do seu desenvolvimento dividido em seis partes (apesar de não numeradas mas apenas epigrafadas) correspondentes à descrição dos fatos biográficos de João Baptista André Avondano, bem sequenciadas no tempo e no espaço: (1) A família Avondano e os primeiros anos em Lisboa, (2) Nápoles, (3) Génova, (4) Paris, (5) Londres, (6) Lisboa. Prossegue com uma referência mais específica à obra – (7) Quattro sonate e due duetti per due violoncelli - antes de dar inicio á Conclusão.  

        Na parte introdutória (pp. 204-207) a autora começa por justificar o interesse de um estudo biográfico mais aprofundado do violoncelista e compositor João Baptista André Avondano, bem como expor a metodologia usada na sua investigação para elaboração do artigo, fazendo referência de que o ponto de partida da sua investigação se apoia no que até então era a fonte bibliográfica mais completa e conhecida - o livro de Joseph Scherpereel “A orquestra e os instrumentistas da Real Câmara de Lisboa”. Ora nessa obra o autor cruza dados de várias fontes, nomeadamente, Arquivo da Irmandade de Santa Cecília, Arquivo do Tribunal de Contas e Antigo Arquivo Histórico do Ministério da Finanças, onde conclui que o violoncelista esteve ao serviço da corte (a partir de 1 de julho de 1771) e a sua anterior presença em Paris (1768) como aluno de um dos irmãos Duport.

Todavia, a autora achando que Scherpereel não viu todo o acervo Epistolar Diplomático que tinha por base a correspondência Diplomática trocada com um representante da corte de Lisboa e não tendo outra fonte bibliográfica conhecida, decide juntar à bibliografia com que partiu para este trabalho 2 textos introdutórios de Cristina Fernandes, que continham toda a informação conhecida sobre o violoncelista até à data de inicio da investigação.  

Foi esta, portanto, a metodologia de investigação adoptada, a qual permitiu obter informação biográfica detalhada sobre o músico, nomeadamente sobre os 8 anos em que esteve em viagem de curso, ao serviço da coroa, em 3 países (Itália, França, Inglaterra) e 4 cidades (Nápoles, Génova, Paris, Londres).

Algumas lacunas biográficas são ainda completadas pela autora com o recurso à documentação de Arquivos Nacionais, como Fundos Paroquiais, Documentação da Casa Real, e os Arquivos da Irmandade de Santa Cecília, e um trabalho recente (2016) de Gonçalo Nemésio, onde é encontrado o alvará de casamento de Avondano, com um depoimento do mesmo, que, assim, vem confirmar a informação reunida pela autora, através das fontes epistolares diplomáticas.  

O artigo desdobrando-se nas suas seis partes referentes à sequência biográfica do violoncelista, já mencionadas (pp. 207-223), começa por dar destaque à instalação da família Avondano em Portugal, a vinda do próprio músico aos 8 anos de idade (1751-1752) para Lisboa e à sua formação musical que, provavelmente, teria sido feita no seio familiar ou em aulas particulares com músicos ligados á casa real, uma vez que á data não existia ainda o ensino institucional de instrumentos de orquestra em Portugal, considerando a autora que, o mais provável é ter sido aluno de um dos 3 violoncelistas conhecidos à época e que trabalhavam na real câmara.

Outra referência importante a que é dado destaque pela autora neste período é o início da vida profissional do violoncelista, aos 18-19 anos, como comprova com o seu registo de entrada na Irmandade de Santa Cecília, instituição a que era obrigatório estar vinculado qualquer músico que trabalhasse em Lisboa, considerando que não durou muito a sua atividade profissional na capital, partindo no mesmo ano para Nápoles, apoiado pela coroa. 

Segue-se menção aos seus estudos em Nápoles, destino aliciante para os músicos, uma vez que aquela cidade já possuía 4 conservatórios que indicavam um sistema de educação musical que não existia em mais nenhum local da Europa, sendo um centro de desenvolvimento da escola de violoncelo durante a 1ª metade do século XVIII.

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