Resenha O Lixo Extraordinario

O Lixo Extraordinário

O Filme traz o processo de elaboração e montagem da obra de Vik Muniz no aterro sanitário na cidade de Duque de Caxias, no Rio de Janeiro. Vik Muniz é artista plástico brasileiro é conhecido por suas obras serem feitas com os mais diversos matérias possíveis como açúcar, lixo, manteiga de amendoim e etc. Em O Lixo extraordinário é documentando, inicialmente, a decisão de ir até o aterro e o que seria feito, a seleção de pessoas para participarem da montagem das peças, nesse momento percebemos a aversão da esposa do artista, que acha que empregar aquelas nessa tarefa seria mostrar um mundo inalcançável para elas; porém Vik insiste na ideia e chegando ao aterro ele se depara com pessoas vivendo do que se pode reutilizar dentro aquele amontoado de lixo. Conhecendo assim a vida de várias pessoas como a de Tião, que o surpreende com uma história de superação e vontade de garantir os direitos da sua comunidade; um sonho que começou e muitas vezes não teve atenção nem mesmo de seus próprios amigos e comunidade, mas que não o fez desistir do que desejava e deseja para sua comunidade. No decorrer do filme nos é exposto não apenas como se dá a montagem das obras de Vik, mas com grandes ensinamentos de como é preciso ter um olhar crítico mas ao mesmo tempo reconhecedor de das mazelas que atingem nossa sociedade, de como o Estado se descompromete com tal situação; mas também para que apesar dessa parte da população ser vista como leigos e sem instruções, nos surpreende e mostram que não estão ali apenas por estar, mas que sabem do que fazem parte, e que sua condição se trata não de uma opção mas sim de falta de oportunidade. Sendo que as mesmas não menosprezam o seu trabalho e que compreendem a sua contribuição e papel social/ecológico, claro que almejando algo melhor. A arte de Vik Muniz chega de paraquedas na vida dessas pessoas e da comunidade, mas deixa um rastro de esperança de contato, que em minha concepção é primordial na vida, um contato com a arte, uma verdadeira oficina de arte/educação. Pois não se trata apenas de pegar pessoas para trabalhar na montagem das obras, mas de ampliar os horizontes dessas pessoas e a partir do dinheiro arrecadado com as obras proporcionar algo de bom, que ajudasse aquelas, como o que foi feito ajudando a associação dos catadores de matérias recicláveis. Um retrato da realidade, o toque da sensibilidade e do primordial, o homem só se conhece quando se expressa, e a arte só existe quando o homem toma poder de si.

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