Resumo: A pesquisa - Ator e Voz
Por: Nana Lubacheski • 28/10/2017 • Artigo • 1.546 Palavras (7 Páginas) • 368 Visualizações
Ator e Voz – um estudo dos elementos essenciais Hosana de Araújo Lubacheski Graduanda no Curso de Licenciatura em Artes Cênicas – Teatro e Dança. Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul – Unidade Campo Grande. lubacheskiprado@hotmail.com
Resumo A pesquisa “Ator e Voz – um estudo dos elementos essenciais” propõe-se a apresentar os princípios e procedimentos técnicos que interferem diretamente no trabalho de voz do ator, possibilitando um levantamento dos elementos que nesse estudo chamaremos de essenciais. O processo de desenvolvimento técnico-vocal para o ator envolve aspectos amplos, pois o fenômeno da vocalidade no teatro e a aplicação dos recursos vocais no processo criativo se estruturam a partir de fundamentos fisiológicos, culturais e poéticos. No centro desse processo, o ator é o executor do código vocal e, por isso, concentra em si o conteúdo a ser expresso. O ator utiliza de todo seu corpo para expressar sua arte, passando variações de tensões musculares que vão do que é singelo e delicado ao que é violento e intenso. A voz é mais que um instrumento disponível, ela é o próprio ator, é seu corpo, seus movimentos. O ator trabalha seu universo imaginário conjuntamente com as dinâmicas corporais. Para que essa sintonia aconteça, é fundamental que o profissional desenvolva a sua imaginação vocal aprendendo a enriquecer suas faculdades criativas e suas habilidades de falar, com memórias que remetam às utilizadas pelo falar cotidiano. O profissional do teatro enfrenta alguns problemas no que se refere à voz enquanto seu material de trabalho, desconhecendo seu uso adequado, assim como, os cuidados específicos que a mesma necessita, incluindo seu treinamento. Para que o ator tenha domínio técnico vocal é necessário que haja sabedoria do corpo, pois a voz é uma manifestação corpórea e deve ser aperfeiçoada por meio de elementos que levem a um processo de aprendizado sensível. Com a criação de situações favoráveis, o ator pode adquirir contato com suas características físicas pessoais, reconhecendo como suporte para um processo de aprendizado no que diz respeito a corpo e voz, seus próprios recursos sensíveis. Assim, o ator estabelece uma dinâmica prática que investiga sensivelmente a memória, a emoção e o impulso do corpo, como fatores indissociáveis da produção da voz.
Sem perder os movimentos do trabalho de sensibilização do corpo, serão pesquisados procedimentos que permitam o entendimento da vibração e da ressonância vocálica. O objetivo inicial desse estudo será a geração de um campo prático de pesquisa, onde se aprofundará a criação teatral que privilegie o ator, trabalhando a vocalidade na sua dimensão sensível, localizada na audição do corpo, causando afetação entre atuante e pública. Exporemos nosso horizonte metodológico através de referências teóricas tais como: Stanislavski, fala que o ator necessita estar em constante treinamento, como forma de conquistar o controle físico e vocal. Em sua proposta de formação do ator, fala sobre a importância de estudos sobre a dicção, canto, entonações e ritmo de fala, o que permitirá ao ator que adquira propriedades sobre suas capacidades criativas:
“Não basta que o próprio ator sinta prazer com o som de sua fala, ele deve tornar possível ao público presente no teatro, ouvir e compreender o que quer que mereça a sua atenção. As palavras, a entonação deve chegar aos seus ouvidos sem esforços. Isso requer muita habilidade. Quando a adquiri, compreendi o que chamamos de sensação das palavras. (...) Todo ator deve se assenhorear de uma excelente dicção e pronunciamento, deve sentir não somente as frases e as palavras, mas, também cada sílaba, cada letra.” (STANISLAVSKI)
Para ele, o ator necessita compreender bem a linguagem trabalhada para que haja a criação verbal, e assim se construa a caracterização externa e interna de uma personagem. A maestria do bem falar está relacionada com o preparo físico e também com o entendimento de que uma palavra não é apenas um som e sim um agrunado de imagens, de significados. Ao abordarmos a palavra como sonoridade ou musicalidade, percebemos a importância que Stanislavski dava a cada sílaba de cada palavra e assim, mostrando como é possível que se consiga uma musicalidade com simplicidade, sem exageros nas pronúncias, utilizando o apoio intrínseco da trama. Passando a introduzir uma análise segundo Grotowski, observa-se que, segundo ele, é fundamental que o ator trabalhe buscando o desenvolvimento de uma respiração adequada, necessária para alcançar sua plena emissão vocal. Ele usa a exploração da amplificação do som por caixas ressonantes e fisiológicas, ensinando ao ator sobre o cuidado com a abertura da laringe quando se fala e respira ao mesmo tempo, pois uma vez fechada, a emissão do ar é prejudicada e consequentemente a voz.
Grotowski em seu trabalho potencializa partes do corpo no intuito de amplificar a voz, objetivando o poder de emissão do som:
“Na realidade, há um número quase infinito de caixas de ressonância, dependendo do controle que o ator exerce sobre seu instrumental físico. (...) A possibilidade mais frutífera está no uso de todo o corpo como caixa de ressonância. Isto é obtido pelo uso simultâneo da ressonância do peito e da cabeça” (GROTOWSKI).²
Para Grotowski, o ator deveria explorar toda sua capacidade vocal, envolvendo assim o público de todas as formas, fazendo com que ele associasse o espetáculo ao seu cotidiano, sendo envolvido pela voz do ator, uma voz que deve produzir sons e entonações impossíveis de serem imitadas pelo próprio espectador, diferente, nesse âmbito, de Stanislavski onde o trabalho vocal do ator se voltava para um falar cotidiano. O ator, segundo Grotowski, teria que falar em outros registros, explorando outras formas vocais, e assim, ampliando suas possibilidades
...