Retorno de Pensamento

Para sobreviver e facilitar sua existência o ser humano sempre se dispôs do saber, mas nem sempre este saber foi igual ao que conhecemos hoje. O método cientifico não existiu sempre, o saber era comumente fundamentado na intuição do senso comum. O caráter aparentemente evidente denotado por estes saberes facilitou sua transmissão e disseminação, constituindo assim a tradição uma vez que a valoração dada a este saber se constitui na confiança acerca dos que veiculam e consequentemente no consentimento fornecido pelo receptor. Em contraponto, esse mesmo caráter evidente reduzia as chances de verificação do saber.

No final da idade média e inicio do Renascimento as coisas começam a mudar, a fragilidade desse sistema instigou a apropriação de métodos de obtenção de conhecimento mais elaborados e impassíveis de refutação. Junto dessa necessidade desenvolveu-se o desejo de saber, conhecer os mecanismos de funcionamento de um determinado objeto de estudo a fim de aprimorar seu domínio e previsibilidade.

Sendo assim nossa forma de produzir conhecimento se altera, este processo ficou conhecido como revolução epistemológica.

Adotamos então uma mentalidade baseada em duas bases, o raciocínio logico e as experiências sensíveis, nasce assim à ciência experimental. Todo o raciocínio logico deve ser demonstrado, temos então não apenas uma mudança qualitativa na construção do saber, como também na cosmovisão que deixa de ser transcendente e passa a ser imanente.

Esta representação do mundo é rigidamente determinística, tudo pode ser aprendido pelo método cientifico, acreditávamos que podíamos conhecer plenamente o passado para assim prever o futuro. A ciência passa a buscar padrões, regularidades. Não se trata mais de apenas achar uma explicação, mas definir a sua lei, o princípio que fundamenta a explicação. Acreditava-se que as lacunas de hoje seriam sanadas por novos estudos no futuro.

No século XIX a ciência finalmente triunfa. O número de descobertas aumentam, a ciência e a tecnologia se juntam. Não bastava mais apenas conhecer por conhecer, mas resolver problemas reais. Tal junção transforma profundamente as concepções teóricas e práticas da vida humana. Tem-se então um crescente desenvolvimento da agricultura e indústria por meio da utilização de maquinas e para a produção de bens, utilização de novas fontes de energia, criação de meios de transporte que auxiliam a escoar a produção e a importação.

Mas todo este progresso não trouxe apenas avanços. Em contrapartida, fomos vendo o nascimento de diversos problemas sociais, e os princípios antes aplicados nas ciências da natureza, foram se expandindo às ciências humanas, na tentativa de solucionar os problemas do campo social. Estando então sob um berço propício nasce o positivismo, cujos fundamentos são empirismo, objetividade, experimentação e validade. O método cientifico torna-se assim onipotente.