Ética complexa
Seminário: Ética complexa. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: lidianeveiga • 14/1/2015 • Seminário • 436 Palavras (2 Páginas) • 175 Visualizações
A ética complexa reconhece a complexidade do bem e a complexidade do mal.
Encontrei a complexidade do bem em suas contradições e em suas incertezas (insuficiência de
boas intenções, ecologia da ação, desvios, ilusões).
Mas contornei ao longo deste livro o enigma do mal, pois enfrentava uma incerteza e chocavame
com uma contradição, o que examinarei a seguir.
Como foi indicado no capítulo sobre o "Retorno às fontes cósmicas" (primeira parte, capítulo
lI), um mundo só pode advir pela separação e só pode existir na separação: diabolus é quem separa. É
interessante observar que, no masdeísmo como na religião de Manes, a origem do mundo é diabólica.
Sem diabolus, não há mundo, pois não há como existir sem as separações do tempo e do espaço, as
separações entre as coisas, entre os seres. Mas sem unidade no separado, não há mundo tampouco.
Mais: a unidade do mundo engloba as separações e as limita e relativiza. Em outras palavras, o que une
e o que separa nascem ao mesmo tempo (Masda e Arimã são as duas figuras antinômicas do mes-mo,
assim como Deus e o Diabo).
A separação aumenta e intensifica-se com a dispersão das partículas, dos átomos, das estrelas,
das galáxias.
Contudo, como vimos, as forças cósmicas de religação desenvolveram-se a partir da separação,
por encontros, afinidades, associações, integração dos átomos às estrelas.
A "Arque-Mal" do universo, essa força de separação, é inseparável da existência do nosso
universo; e a "Arque-Bem", a religação, é inseparável da separação. Se o mal é separação, e o bem
religação, o mal permite o bem. O princípio da religação não poderia ser independente do seu
contrário. É preciso, então, colocá-los em relação complexa (não apenas antagônica, mas também
concorrente e complementar).
O nosso universo é "imperfeito", mas a imperfeição é a con-dição da sua existência: a perfeição
teria feito do universo uma máquina absolutamente determinista, à Laplace, na qual nenhum
acontecimento, nenhuma existência singular, nenhuma inovação, nenhuma criação seriam possíveis.
A imperfeição, necessária à existência do mundo, compor-ta, ao mesmo tempo, o mal e o bem
cósmicos. Certo, as forças de religação são forças "fracas" e, embora capazes de renovar-se, de
desenvolver-se, de regenerar-se, submetidas à hegemonia da se-paração e da dispersão.
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