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A Dominação Masculina - Capítulo 1: Uma Imagem Ampliada

Por:   •  22/5/2023  •  Resenha  •  1.100 Palavras (5 Páginas)  •  74 Visualizações

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A Dominação Masculina - Capítulo 1: Uma Imagem Ampliada

Nesse primeiro capítulo Bourdieu se propõe a caracterizar o problema da dominação masculina de seu ponto de vista teórico. O autor começa por delimitar o fenômeno estudado, ele afirma que todos nós, por estarmos incluídos no próprio objeto que aqui está sob análise, incorporamos inconscientemente esquemas de percepção e apreciação que são produtos históricos de uma ordem masculina. Por isso, o sociólogo fará sua análise por meio de uma etnografia dos bérberes de Cabília, por ser uma realização cultural paradigmática da tradição mediterrânea e por ser partilhada por toda a área cultural européia. No entanto, tal estudo não substituirá a análise da realidade em que o autor se encontra, servirá de elemento comparativo.

A seguir, o sociólogo francês passa a analisar como os corpos são construídos socialmente. Primeiro afirma que na sociedade Cabília a ordem sexual não se constitui como tal, mas está imersa em uma série de outras determinações, antropológicas e cosmológicas, que devem ser levados em conta. Además, seu correspondente cognitivo é consagrado pelo habitus. A oposição entre masculino e feminino recebe sua necessidade objetiva e subjetiva de sua inserção em um sistema de oposições homólogas, eles são engendrados e confirmados pelo curso do mundo. O sistema mítico-ritual cumpre um papel essencial nesse contexto, consagra a ordem assim como feito pelo sistema jurídico nas sociedades modernas. Assim, como aponta Bourdieu, “O mundo social constrói o corpo como realidade sexuada e como depositário de princípios de visão e de divisão sexualizantes.”

Esse fenômeno encerra uma relação circular em que a dominação inscrita, ao mesmo tempo nas divisões objetivas e nos esquemas cognitivos se condicionam mutuamente. Dessa forma, os órgãos sexuais são construídos simbolicamente e se inserem numa série de relações diversas que lhes dão um caráter de necessidade. Essa estrutura de divisão da atividade sexual se estende ao próprio corpo e ao uso legítimo desse, onde a mulher sempre se encontra em um lugar submisso .

No entanto, Bourdieu aponta que, a despeito da forte correspondência entre as realidades, ainda há espaço para uma luta cognitiva pelo sentido das realidades sexuais no mundo. Isso atesta a parcialidade do sistema masculino, que “toma o princípio masculino como medida de todas as coisas”, como estruturante da divisão sexual. Ainda, a posição atribuída aos dois sexos na divisão do trabalho sexual ultrapassa a ordem social, é de ordem cósmica. O autor termina essa sessão afirmando que uma sociologia política do ato sexual faria ver que as práticas e representações dos dois sexos não são simétricas. As mulheres a vivem como uma experiência afetiva enquanto que os homens a vivem como uma forma de dominação, e que, sobre esse ponto de vista da sexualidade como poder, a pior humilhação para um homem é ser colocado na posição de mulher.

A seguir o autor passa a explicitar como ocorre a incorporação da dominação masculina. Por mais que a definição social do corpo seja produto de um trabalho social de construção, o mecanismo de inversão entre causa e efeito é o meio pelo qual essa construção se naturaliza. O trabalho de construção simbólica se completa e realiza por uma transformação profunda e duradoura nos corpos, que impõem uma definição diferencial dos usos legítimos do corpo, é uma construção prática. Desse ponto de vista, a distinção sexual é uma somatização das relações de dominação, que se encarnam em habitus claramente diferenciados capazes de perceber o mundo segundo esse princípio e, desse modo, se inscrevem na série de operações de distinção. Os meninos são constantemente virilizados e às meninas são impostos limites constantemente, esses modos de utilização do corpo encerram uma ética específica. Assim a visão androcêntrica é continuamente legitimada pelas próprias práticas que ela determina.

Na seção seguinte Bourdieu aborda a violência simbólica exercida pela dominação masculina. A primazia universal concedida aos homens, por determinarem as representações de reprodução biológica e social, é objetivada

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