As Possíveis vantagens e desvantagens da legalização no Brasil
Por: João Pedro Pereira • 11/5/2018 • Monografia • 6.649 Palavras (27 Páginas) • 578 Visualizações
PORQUE MACONHA?
Por que fazer uma monografia sobre maconha? Bom, pelo que temos por trás dessa palavra, temos cultura, polêmica, mitos, verdades, benefícios, prejuízos, preconceito, tabu, crime. Hoje em dia, cada vez mais, a maconha vem se tornando um assunto polêmico, e talvez isso se dê pelo avanço tecnológico que possibilita novos estudos sobre a planta: descobertas de novas substâncias, de novas propriedades e variedades. O universo criado em volta desse assunto se expande em larga escala e pode-se dizer que é um assunto global.
Há grandes discussões sobre esse assunto em nível global, principalmente depois que em cidades como Amsterdã, em alguns estados dos Estados Unidos e também o Uruguai foram legalizados, de maneiras diversas e regulamentações variadas. Alguns apenas para uso medicinal, outros para uso recreativo e também cidades que abriram para os dois. A polêmica que engloba o assunto é muito grande, principalmente em relação aos malefícios e mitos.
Há 1001 maneiras de sacralizar a “ervinha do diabo”, porém muitas dessas crenças são derivadas de acontecimentos muito mais antigos do que nós pensamos. Em relação a isso podemos afirmar que a Igreja (antigamente muito influente no poder do estado e opinião pública) demonizava a planta, inventava malefícios que eram impossíveis de serem comprovados e isso infelizmente prevalece até hoje em meio à religião. Nos EUA, na época dos grandes fazendeiros do sul, houve uma iniciativa governamental de incentivar o plantio e cultivo da cannabis devido ao seu alto rendimento em produções de cânhamo, que são as fibras da planta, porém essa iniciativa foi logo sabotada pelos produtores de algodão, pois eles estavam mais interessados nos lucros deles do que dos pequenos fazendeiros. Desde então a maconha foi criminalizada nos EUA.
Os mitos são os mais variados, tem gente que fala que deixa burro, que prejudica a saúde, que é causadora de câncer devido a certas moléculas, que ela mata todos os seus neorônios, que você fica lesado, com perda de memória, adicção, dependência física, química e psicológica.
Pretendo por meio deste trabalho esclarecer o máximo possível sobre esses mitos pois é necessário se ter em mente que não funciona bem assim.
As verdades e benefícios são tão polêmicos quanto os mitos e malefícios. Há diversas “verdades” e benefícios popularmente conhecidos, como a sensação de relaxamento, melhoria na circulação, a calma, a falta da noção de tempo, o aumento de apetite, o bem que faz para pessoas que sofrem de epilepsia, como também o uso em tratamentos pós quimioterapia, enfim, a lista é enorme.
A maconha ganhou um leque de variedades nos últimos anos muito grande. Hoje em dia temos de tudo, temos cannabis sativa, indica, temos a híbrida que mescla as duas espécies, temos bolinhos, cookies, brownies, pirulitos, chicletes, camisinhas, vodka, calmante, refrigerante, corda, meias, roupas, sapatos, chocolates, temperos, manteiga, e até materiais de construção derivados da planta. Já foi comprovado que para produção de papel por exemplo, um hectare de cânhamo rende cerca de quatro vezes o que rende um hectare de eucalipto.
Podemos dizer que a maconha se tornou um negócio muito lucrativo para os países onde foram legalizados. Nos EUA há cerca de 20 anos ocorreu a primeira legalização medicinal da cannabis. Ano passado foi legalizado, para uso recreativo, os estados de Washington e Colorado. Muita gente ficou entusiasmada tanto pelo fato de poder fumar um baseado sem se preocupar com problemas em relação a lei quanto pelo fato da alta possibilidade de isso virar um enorme comércio para o país.
Os Estados Unidos, o pais que gastou bilhões na “guerra contra as drogas”, após 20 anos de legalização medicinal e um ano de legalização recreativa, afirma que a dívida de bilhões teoricamente já foi quitada. O estado de Whashington antes da legalização tinha uma projeção de lucro que batia a casa dos 560 milhões anuais, apenas neste estado.
As estimativas sobre o potencial de lucro em cima da maconha no mercado norte americano varia de 10 bilhões a 140 bilhões de dólares. Se pararmos pra pensar, o mercado da droga recém legalizada não passa vergonha perto de outras drogas consumidas como o vinho, que mantém um movimento de 35 a 40 bilhões de dólares por ano.
Um dos principais motivos da legalização foi a grande perspectiva de embolsar receita, via impostos, devido à grande crise nas contas públicas. E realmente ela ajudou nesses aspectos, a legalidade da erva trouxe bastante lucro para a receita em cima dos impostos. Em Washington por exemplo, os impostos cobrados sobre a maconha era de cerca de 75%.
Outros países seguiram o exemplo dos EUA, como o Uruguai, porém com modelos de legalização diferentes.
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Uma outra diferença interessante de ser analisada é a de qual é o destino dos impostos. No caso do Colorado, os primeiros 40 milhões de dólares são utilizados para fundo de construções de escola. Já em Washington é distribuído entre pesquisas científicas e programas de saúde, educação, prevenção e tratamentos de dependentes, e no Uruguai todos os lucros das vendas são revertidos para campanhas de educação e prevenção sobre as drogas.
A publicidade no Uruguai é proibida, já nos estados de Washington e Colorado a publicidade é restrita as lojas, e permitida, porém controlada para evitar a exposição a menores.
Entre os cincos continentes, Américas, Oceania, Europa, África e Ásia, o continente americano detém o maior número de consumidores, o Brasil tem cerca de 10% de sua população que fuma maconha. Porém a América do Norte, tem tanto nos EUA como no Canadá tem mais de 10% da população que é usuária da droga.
A maconha é a droga ilícita mais consumida no mundo. Uma pesquisa da ONU indica cerca de 200 milhões de usuários distribuídos por todo o mundo mas tem um porém. Não há como se ter uma precisão em relação aos números, pois devido aos problemas com a lei, muitas pessoas preferem não responder a pesquisa, independente da promessa de confidencialidade. A ONU também tentou fazer uma estimativa de produção, porém a imprecisão dos dados é grande, a quantidade varia entre 13 e 61 mil toneladas de maconha.
A imprecisão dos dados pode ser dada pela variedade na quantidade de produção, um hectare pode render de 5 a 17.500 quilos, dependendo do local, época do ano, clima e etc. Outro fator que atrapalha a precisão dos dados é que pode ser produzida, atualmente, em qualquer lugar do mundo, dentro ou fora de casa. Basta ter uma estufa e eltricidade para ligar uma lâmpada que é possível se obter flores de uma planta. Dos 192 países existentes, 172 tem plantações em seu território e o resto não há dados existentes.
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