Estudo de Caso : "A andarilha"

Universidade Estácio de Sá.

Especialização em Saúde Mental e Atenção Psicossocial.

Estudo de Caso

MANEJO DO CASO “A ANDARILHA”

No caso apresentado observamos uma senhora com histórico de problema de alcoolismo desde muito tempo, associado a conflitos familiares e dificuldade econômica.  Aparentemente sem outros vínculos familiares próximos, a não ser sua filha,  genro e os netos, com quem mora e cuja relação conflituosa não lhe tem favorecido emocionalmente e psicologicamente.

Apresenta histórico de várias internações, recaídas frequentes devido ao vício e recorrentes conflitos internos e externos. Agregado a esse histórico, houveram situações em que colocava sua própria vida em risco, ao andar sozinha pela rua alcoolizada, nua e apresentando alucinações e paranoia.

Com uma vida sempre ativa e independente, atualmente se vê com limitações clínicas que lhe impedem de arrumar um emprego formal. E como consequência, passa a se tornar dependente também financeiramente. A família que seria um elo importante  para recuperação e acompanhamento do paciente mostra não estar preparada para certas situações, ocorrendo vários conflitos familiares, sendo assim o problema acaba persistindo sem  continuidade do tratamento.

O tratamento adotado é em nível ambulatorial, com consulta médica mensal e psicoterapia quinzenalmente. O que nem sempre dá conta de todas questões que envolvem a usuária. A parceria com o CAPS, o qual disponibiliza um espaço para usuária poder tomar banho após ficar dias fora de casa, é uma medida que pode ser tomada nos momentos de necessidade, mas não pode ser encarada como solução para o problema. O serviço de acolhimento nessa hora faz toda diferença, pois o paciente precisa sentir-se seguro, protegido e acolhido.

Entendo que mais do que um banho, a usuária e sua família precisam de um acompanhamento mais de perto. Para que possam ser acolhidas em suas demandas, compreendidas em suas dificuldades e em conjunto pensar em possibilidades. A princípio o caso desta usuária não indica ser um caso de nível ambulatorial, mas sim um caso para ser acompanhando em um Centro de Atenção Psicossocial, onde poderá ser acompanhada de forma mais próxima, em um serviço que esteja diariamente a disposição para acolhe-la nos momentos que precisar e proporcionando momentos e atividades que lhe possibilitem novo vínculos e novas práticas. Através de uma boa  escuta e  acolhimento ,  definição do  diagnostico a elaboração do projeto terapêutico, todo o tratamento poderá se desenvolver  de  forma mais clara e resultados mais positivos. Deixando o paciente mais tranquilo e seguro.

A partir do CAPS pode ser feito também encaminhamentos para outros pontos da rede que possam colaborar para um acompanhamento de forma mais integral e efetiva. Como por exemplo para o CRAS, que poderá acompanhar suas demandas sociais e lhe dar mais condições de independência, e encaminhamento para outros serviços que possam acompanhar as questões clinicas.

Neste momento de crise, onde a usuária se encontra com dificuldades para retornar a casa e sem expectativa de vaga em uma casa de passagem, o ideal seria trabalhar as possibilidades existentes. Pensar em pessoas próximas à usuária com quem ela tenha algum tipo de vinculo e que possam acolhê-la provisoriamente neste momento, ou convidar a família para um atendimento em que possam manejar de alguma outra forma a situação.