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Etnografia: 21 de Junho, dia mundial do skate

Por:   •  3/7/2015  •  Dissertação  •  1.506 Palavras (7 Páginas)  •  443 Visualizações

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO

CURSO DE PSICOLOGIA

LUCAS XAVIER SILVA

ETNOGRAFIA

“21 DE JUNHO: DIA MUNDIAL DO SKATE”

Vitória

2015

  1. INTRODUÇÃO

No dia 21 de junho comemora-se o Dia Internacional do Skate ou o “Go Skate Day”, onde ocorrem por todo mundo intervenções em homenagem ao skateboard. Em Vitória, Espírito Santo, esse dia foi comemorado na Praça dos Namorados.

Nessa etnografia tentarei relatar algumas características da cultura dos skatistas, observando aspectos como:

  • A música;
  • A moda;
  • A linguagem, como gírias e palavreados;
  • O comportamento
  • Skate e a cultura na formação do sujeito

Houve nesse evento também a apresentação de uma banda de rock chamada Beat Locks, que faz cover de Charlie Brown Junior.

  1. DO EVENTO

O evento foi organizado pelo coletivo “Ritmo, Skate e Poesia” para o Dia Internacional do Skate, com apoio da Associação Capixaba de Skate (ACSK) e o Projeto Boca a Boca, que promove batalhas de rap todas as sextas-feiras por bairros de toda a Grande Vitória. O evento, além de reunir os skatistas num dia simbólico, promovia debates sobre questões políticas como a descriminalização das drogas, redução da maioridade penal e racismo.

Também aconteceram pequenos torneios de skate, como o chamado Best Trick, que premiava o skatista que executasse a melhor manobra, definida por votação de uma banca julgadora.

Esse tipo de evento aumenta a visibilidade da prática esportiva e dos atletas, como menciona uma das skatistas presente no local.

  1. DA MÚSICA
  1. O Rap e a cultura Hip-Hop

O hip-hop, composto dos seus quatro elementos (DJ, MC, Grafitti e B-Boy), se mostra muito importante na constituição da cultura do skateboard, com destaque para o Rap.

No evento havia muitas pessoas que nem andavam de skate, vieram apenas para ouvir rap e assistir ou participar das batalhas de rimas. Conversando com alguns skatistas e não-skatistas presentes no espaço, pude perceber no discurso a dificuldade de desvincular o rap do skate, pois ambas são coisas que nasceram “na rua”. O skate, como esporte urbano, é estritamente ligado ao rap, como música urbana.

Uma prova disso são exemplos dados de MC’s que também são skatistas, ou MC’s que já foram skatistas, que em suas músicas falam sobre o esporte, o prazer de praticá-lo e a ocupação do espaço urbano. Além disso, outros temas abordados pelo rap se assemelham às condições de vida de muitos skatistas: jovens de periferia, negros, classe média-baixa, etc.  Esses temas em geral são sobre preconceitos e dificuldades sofridas durante a vida, o que sensibiliza e aproxima ainda mais os praticantes do esporte do gênero musical e da própria cultura hip-hop.

Segue o trecho de uma canção do rapper/skatista Kamau (2012), citado numa das entrevistas:

(...) mas eu queria mais / que o calçadão / a um quarteirão/ cada impulso era uma nova possibilidade / cada manobra era uma nova habilidade (então) / a brincadeira tomou outra dimensão / além da diversão, evolução, aprendizado pra vida / mas preparado pra vida / tava ligado que a vida era mais que isso / mas eu me empenhava nisso / cada rolê, cada viagem era um compromisso (...)

  1. O Rock

A presença no rock foi proposital, além de fazer um resgate das músicas ouvidas na década de 90 e 2000, como relata Maurício, vocalista da banda Beat Locks, cover de Charlie Brown Junior que tocou no final do evento.

Maurício disse que na geração dele, bandas de rock como Charlie Brown Junior, Raimundos e Planet Hemp ocupavam o papel que o rap hoje ocupa, como música “de skatistas”.

A banda foi convidada para tocar em homenagem a Chorão, falecido vocalista da banda Charlie Brown Junior. Em 2006, numa das vindas à Vitória para fazer show, Chorão foi à Praça dos Namorados andar de skate. Na época a pista tinha apenas um corrimão para manobras. Chorão prometeu, então, trazer obstáculos para a pista na próxima vez que viesse. Em 2008 Chorão volta a Vitória com um caminhão baú, doando os obstáculos que tinha prometido à praça e aos skatistas.

  1. DA CULTURA

  1. Roupas

As roupas em geral são largas. Aparentemente são para possibilitar melhores movimentos nas manobras.

Avistei muitas camisas de bandas, tanto de rock quanto de rap, além de camisas “hippies” (do tipo tie-dye, típicas nos anos 70). Camisas remetendo à cultura Rastafári também estavam presentes.

Os skatistas usam calças compridas para proteger as pernas dos obstáculos e do próprio skate, mas o uso de bermuda não é incomum. Para segurar a calça, eles usam cadarços, pois a fivela do cinto pode machucar em alguma queda.

Outros acessórios também foram avistados em grande quantidade, como bonés, toucas, meias compridas (na altura da canela) e alargadores. Muitos também têm tatuagens.

  1. Linguagem

As gírias são expressivas no meio. Talvez minha proximidade com o movimento e com a faixa etária dos skatistas tenha afetado a análise da linguagem, apesar de existirem expressões bem típicas e específicas do skateboard.

Muitas expressões vêm do inglês por causa do esporte ter nascido nos Estados Unidos. Nomes de manobras e obstáculos são nitidamente estrangeiros, como por exemplo o kickflip, que seria uma manobra onde o atleta pula com o skate, chutando a parte de trás do mesmo, e também o grind, que em português quer dizer corrimão.

Existem vários tipos de skate, como longboards, cruisers e os modelos old school (retrô). O skate convencional, pude perceber, é chamado muitas vezes de “skatinho” ou “carrinho” por entre os skatistas.

  1. DA POLÍTICA

  1. Localidade

A Praça dos Namorados, localizada no bairro Praia do Canto em Vitória funciona nos fins de semana como um local para sair com a família, comer e comprar artesanatos. Na mesma praça existe uma pista de skate que, de acordo com um dos skatistas mais velhos e organizadores do evento, é referência nacional do esporte.

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