FUNK: RITMO MARGINAL
Por: Maria Letícia Dantas • 2/11/2018 • Trabalho acadêmico • 2.096 Palavras (9 Páginas) • 118 Visualizações
UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE – UFCG
CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE – CCBS
UNIDADE ACADÊMICA DE PSICOLOGIA – UAPSI
MARIA LETÍCIA MEDEIROS BEZERRA DANTAS
FUNK: RITMO MARGINAL
CAMPINA GRANDE – PB
2017
MARIA LETÍCIA MEDEIROS BEZERRA DANTAS
FUNK: RITMO MARGINAL
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PROFESSOR EDUARDO GUSMÃO
CAMPINA GRANDE – PB
2017
Resumo
Trabalho com objetivo de expor o cotidiano do jovem morador da favela, que se vê rodeado pelo movimento funk, um gênero musical de características próprias do subúrbio que colabora para a formação diferenciada de identidade do funkeiro. Além disso, mostrar uma análise do preconceito e da estigmatização criada ao se falar desse gênero musical.
Sumário
Introdução………………………………………………………………………… 1
Desenvolvimento………………………………………………………………… 2
Conclusão………………………………………………………………………… 7
Referências………………………………………………………………………. 8
Introdução
O funk é um gênero musical que tem maior predominância nos bailes da periferia do Rio de Janeiro, mas que, com o tempo, tem se espalhado pelo país e alcançado áreas mais nobres, tornando-se cada vez mais difundido.
Esse movimento sempre foi visto como um ritmo marginal por boa parte da imprensa e por determinados segmentos da sociedade. Isso acontece devido a sua total ligação com a favela, lugar de maior perigo na sociedade brasileira. Apesar disso, tem-se como necessário entender que o funk, apesar de, muitas vezes, tratar da violência, não se torna o motivo dessa ação, e sim, sua ligação com a pobreza, e não com a criminalidade.
O funk, da mesma forma, aparece nas representações como música de criminoso. Na lógica que se estabelece no meio social, o funkeiro aparece como um potencial criminoso o que justifica, portanto, uma postura de medo e evitação em relação ao referido.
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Funk: origens e história
Apesar da tradução cultural brasileira do funk, a raiz do gênero musical citado não é o Brasil e sua periferia. A origem do chamado movimento funk vem dos Estados Unidos, nos anos 1960, onde foi criada como um estilo derivado da soul music. O termo funk estava associado a uma gíria negra que designava o odor do corpo durante as relações sexuais, mas, com o tempo, perdeu seu significado pejorativo e passou a dar sentido a algo como o orgulho negro: suas roupas, características físicas, maneiras de agir e de andar, assim como seu jeito único de tocar música.
No Brasil, o funk só aparece nos anos 1970, quando invade as periferias cariocas e passa a fazer parte do que se foram chamados de bailes, com público direto do subúrbio. Com o tempo, os bailes passaram a espalhar-se, chamando a atenção da imprensa e das gravadoras, que passaram a investir nesse estilo musical que até então era independente.
Por volta de 1980, o funk tomou novo rumo ao apresentar um produto de músicas com instrumentais americanos, mas refrões cantados em português. Logo depois, o conhecido DJ Marlboro ganha um concurso de DJs e inicia um projeto de tornar o funk algo tradicionalmente brasileiro, com letras cem por cento nacionais e lançamento de novos nomes no cenário funk carioca e passando a se consolidar nacionalmente, adentrando, inclusive, na televisão brasileira.
Críticas e preconceito
Entre os anos de 1994 e 1995, o funk sofreu perseguição e preconceito da mídia e de pessoas que acreditavam que o gênero estava adentrando a cabeça dos jovens e os tornando mentes em contato com o crime. A partir do estigma criado, suas produções passaram a ser consideradas como subproduto cultural, mesmo com recordes de venda, devido a discriminação.
toda a campanha de estigmatização e a criação de uma onda de pânico moral em torno do funk carioca – nos noticiários de TV e nas páginas da grande imprensa – 2
acabou, de certa forma, contribuindo para que o estilo de vida e a produção cultural dos jovens funkeiros tenham exercido enorme fascínio entre grupos sociais situados muito além dos morros e domínios da cidade do Rio de Janeiro. (FILHO & HERSCHMANN, 2003, p.62)
Como resultado do estigma imposto pela mídia, nos anos 1990 “o termo “funkeiro” substitui o termo “pivete” passando a ser utilizado emblematicamente na enunciação jornalística como forma de designar a juventude “perigosa” das favelas e periferias da cidade.” (HERSCHEMANN, 2000, p. 69)
Diante das barreiras ocasionadas pela instalação do preconceito, o funk se viu em uma situação de bloqueio, em que se deparou com a impossibilidade de desenvolvimento do gênero pelo mundo, o que ocasionou em um gênero com carreira estacionada.
é engraçado… mas cada baixo desses que dá… é um fortalecimento maior quando volta… o funk é tão “preconceituado” que acaba a gente tendo que se unir, pra fortalecer, pra poder passar por isso, entendeu? De repente essa coesão, essa união do movimento funk também é uma virtude do preconceito… na verdade o funk acabou sendo bode expiatório – ah, o brasileiro não é preconceituoso. É, só que ele não demonstra e assume como os outros povos. Quando pegam o funk, que podem descarregar todo o preconceito contra negros, pobres, favelados, eles descarregam. (DJ MARLBORO in MACEDO, 2003, p.109)
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