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Fichamento de Pode o subalterno falar

Por:   •  13/12/2017  •  Bibliografia  •  938 Palavras (4 Páginas)  •  1.928 Visualizações

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Universidade Estadual do Maranhão

Centro de Ciências Sociais Aplicadas – CCSA

Curso de Ciências Sociais

Antropologia Contemporânea – Profª Cynthia

Fabiana Lima da Silva

Fichamento de “Pode o subalterno falar?” de Gayatri Spivak

A teórica indiana Gayatri Spivak introduz o texto levantando questionamentos a respeito lugar do investigador, da representação do sujeito do terceiro mundo no discurso ocidental, e na questão do desejo e interesse da produção intelectual do Ocidente.

Spivak segue falando sobre a posição do sujeito: “Embora a história da Europa como Sujeito seja narrada pela lei, pela economia política e pela ideologia do Ocidente, esse Sujeito oculto alega não ter ‘nenhuma determinação geopolítica’.”(pag 25). E logo após, a autora utiliza Deleuze e Foucault para criticar essa concepção do sujeito no ocidente: “Os participantes dessa conversa enfatizam as contribuições mais importantes da teoria pós-estruturalista francesa: primeiro, que as redes de poder/desejo/interesse são tão heterogêneas que sua redução a uma narrativa coerente é contraproducente – faz-se necessário, portanto, uma critica persistente; e, segundo, que os intelectuais devem tentar revelar e conhecer o discurso do Outro da sociedade. Entretanto, ambos os autores ignoram sistematicamente a questão da ideologia e seu próprio envolvimento na história intelectual e econômica. (pag 26 e 27)’’. Dessa forma, Spivak afirma que os intelectuais em seus discursos especializados insistem uma superioridade ao falar pelo subalterno.

 Spivak busca destacar o papel da ideologia no processo de compreensão do poder, já que em sua analise, não foi contemplada nem por Foucault e nem por Deleuze. A teórica diz que os autores ocidentais em questão tratam a ideologia como uma relação mecânica entre desejo e interesse, e uma valorização não questionada do oprimido como sujeito indivisível e autônomo, sem fazer a reflexão de todos os impasses existentes na subalternidade. Essas questões podem ser observados no seguintes trecos destacados:

“A aparente banalidade sinaliza uma negação. Essa afirmação ignora a divisão internacional do trabalho – um gesto que frequentemente marca a teoria política pós-estruturalista. (pg 28)”

“Ao deixar de considerar as relações entre desejo, poder e subjetividade, Deleuze e Guattari ficam incapacitados de articular uma teoria dos interesses. (...) O compromisso de Foucault com a especulação ‘genealógica’ o impede de localizar, em ‘grandes nomes’ como Marx e Freud (...) Esse comprometimento criou uma resistência lamentável no trabalho de Foucault à mera crítica ideológica.” (pg 32)

“Uma vez que esses filósofos se veem compelidos a rejeitar todos os argumentos que nomeiam o conceito de ideologia como sendo apenas esquemático, em vez de textual, eles se tornam igualmente obrigados a produzir uma oposição mecanicamente esquemática entre o interesse e o desejo. Assim, alinham-se aos sociólogos burgueses que ocupam o lugar da ideologia como um ‘inconsciente’ continuísta ou com uma ‘cultura’ parasubjetiva.” (pg 34)

“A relação mecânica entre o desejo e o interesse é clara em setenças, tais como: ‘Nunca desejamos o que vai contra nossos interesses, porque o interesse sempre segue e se encontra onde o desejo está localizado’(FD, p. 215)” (pg 34).

Spivak, ainda conversando com Foucaut e Delueze, fala sobre representação. Na visão da autora, esses autores possuem um lugar privilegiados de fala, por sua posição de “intelectual, e assim seria permissível para os intelectuais representarem os subalternos. E, assim, Spivak mostra como o sujeito monolítico imaginado pelos filósofos franceses englobaria dois sentidos de representação. O primeiro sentido é sinônimo de “falar por” (vertretung), possuindo o sentido político de representar um grupo, e a suposta capacidade de conhecer a realidade do representado. O segundo sentido (que Spivak chama de “re-presentação”) está ligado à arte e à encenação (darstellung). O sujeito descentralizado e heterogêneo de Spivak mostraria uma descontinuidade entre esses dois sentidos de representação, nela residindo as dificuldades de agências do sujeito subalterno, como também de eles formarem alianças políticas.

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