Frederico II e Maquiavel
Por: Gabriela Caraffini • 22/9/2016 • Trabalho acadêmico • 342 Palavras (2 Páginas) • 559 Visualizações
A crítica de Frederico II a Maquiavel, como indica o nome da obra, se coloca diametralmente oposta aos argumentos de O Príncipe. São ambas visões radicais de analisar a política e as formas de poder, uma em cada lado do espectro; contudo, Frederico II interpreta de maneira demasiado pragmática os escritos de Maquiavel. Ao referir-se à obra O Príncipe como “[...] livro que se propunha dogmatizar o crime e a tirania” (FREDERICO, 2014, p. 1), o autor parte do pressuposto de que Maquiavel de fato concordava que essa maneira de fazer política era adequada. Maquiavel, diferentemente de Aristóteles, não idealizou a política. O Príncipe se trata de uma obra que retrata como a política ocorria na prática, ou seja, não se colocou o crime e a tirania como dogma, mas sim como fato.
Maquiavel, ao interpretar a política de forma realista, foi consagrado como tirano, calculista, maquiavélico. Porém, em momento algum ele se posiciona favorável, quiçá condescendente, em relação à tirania. Não são emitidos juízos de valor, são expostos fatos e delineadas maneiras de continuar executando tais fatos com excelência. Evidente que não devemos eximi-lo de qualquer juízo de valor, caso consideremos que não se posicionar é ser conivente; contudo, não é prudente afirmar com tanta convicção que Maquiavel concordava com a tirania.
A visão de Frederico II em relação ao soberano é idealista, o que é natural, tendo em vista sua crítica a Maquiavel. Para ele, o soberano está a serviço do povo e deve agir em seu benefício como um fim em si próprio, não a fim de manter-se no poder. Entretanto, Maquiavel comprova em sua obra que o curso da história demonstra que a política não funciona dessa forma, e que a ciência política deve ser escrita de acordo com a realidade. Teorizar em cima de ideias como se fossem fatos não é compatível com a prática científica, é meramente especulativo. Portanto, Frederico incorre no mesmo erro que Aristóteles e todos os que se bastaram a divagar sobre política e sociedade em vez de observar e interpretar o mundo real.
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