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O AUTO DO CÍRIO COMO PROJETOR DE VISIBILIDADE: A UTILIZAÇÃO DO EVENTO CULTURAL COMO FORMA DE TRAZER VISISBILIDADE PARA CENTROS HISTÓRICOS, CIDADE VELHA

Por:   •  26/4/2018  •  Trabalho acadêmico  •  6.230 Palavras (25 Páginas)  •  363 Visualizações

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O AUTO DO CÍRIO COMO PROJETOR DE VISISBILIDADE: A UTILIZAÇÃO DO EVENTO CULTURAL COMO FORMA DE TRAZER VISISBILIDADE PARA CENTROS HISTÓRICOS, CIDADE VELHA[1].

GABRIELA DA COSTA ARAÚJO[2]

RESUMO: O presente artigo procura fazer uma análise sobre o uso de um evento cultural, o Auto do Círio, para a promoção de visibilidade de um espaço público, o bairro da Cidade Velha que é o Centro Histórico da cidade de Belém do Pará, constituído como bem patrimonial da cidade. Partindo da compreensão que os produtores culturais (que projetaram inicialmente o evento e o desenvolveram) possuíam ao fazer a escolha da Cidade Velha como palco do Auto do Círio. Esta pesquisa foi constituída por entrevistas realizadas com estes produtores culturais: Miguel Santa Brígida, Margareth Refekalefsky e Zelia Amador de forma qualitativa.

Palavras Chave: Cidade Velha, Espaço público, Patrimônio, Auto do Círio.

  1. INTRODUÇÃO:

Este trabalho surge através da motivação de procurar identificar o propósito de realizar o evento do Auto do Círio no bairro da Cidade Velha, Patrimônio histórico da cidade de Belém do Pará, partindo da análise que os seus produtores culturais (Margareth Refskalefski, Miguel Santa Brigida e Zélia Amador) fizeram para escolha deste espaço. A escolha destes entrevistados teve como critério de maior relevância, a participação dessas pessoas na formação do Auto do Círio, como os seus idealizadores e diretores, já que se acredita que, nada mais justo, do que ir buscar essas respostas com os principais formadores do evento.

E tendo em vista, que este trabalho pode se classificar como uma pesquisa antropológica, em que o seu objeto é caracterizado por um espaço de práticas que se desenvolvem, dando a este, vários usos e significados, é preciso, de acordo com o Magnani (2000), delimitar as unidades significativas para a observação e análise.

Por tanto, dentre de todas as características que o evento possui, procurou-se delimitar a pesquisa somente a um questionamento, que é, no qual se delimitou o campo. Tendo em vista, que este evento[3] cultural, já possui uma pesquisa de campo iniciada, assim como alguns resultados. No entanto, é preciso se ressaltar que este trabalho de relacionar o espaço com o evento cultural, em que se busca respostas para as inquietações esta relação nos causa não se limita aqui, pois partindo desta pesquisa realizada com o Auto do Círio, foram surgindo novas inquietações em relação, especificamente ao espaço de concentração do evento, a Praça do Carmo. Que seria a busca pela compreensão dos usos e apropriações que os atores sociais (moradores, frequentadores e produtores culturais) fazem da Praça do Carmo, de modo, que o objetivo é produzir uma dissertação de Mestrado[4] sobre análise dos significados e usos que a Praça do Carmo, recebe através das visões dos seus atores sociais, e, se pode classificar a mesma como um local artístico-cultural. No entanto, aqui neste artigo, o foco será a relação da escolha da produção deste evento, pelo bairro da Cidade Velha.

  1. METODOLOGIA:

A metodologia percorrida até o momento, se deu com uma análise dos objetos de estudos (espaço público, espaço urbano, patrimônio, sociabilidade e etc.). No qual, ocorreu um levantamento bibliográfico, para depois se prosseguir para a pesquisa em campo.

         A pesquisa se caracteriza de forma exploratória, envolvendo os aspectos teóricos, tendo como objetivo a formulação de questões ou de problemas, com finalidades de desenvolver hipóteses, familiarizar o pesquisador com um ambiente, para a realização de uma pesquisa futura mais precisa ou modificar (clarificar) conceitos.

Assim, realizou-se a formação de uma bibliografia para construção de teorias, buscando trabalhar os interesses da pesquisa. Feito isto, bibliografia formada, realizou-se fichamentos, resumos, resenhas, etc., de cada texto (livros, artigos e etc.) estudado para se ter uma melhor compreensão e acesso ao assunto trabalhado.

Com a formação teórica, a pesquisa se voltou para uma pesquisa em campo (observação in loco), na forma de observações, entrevistas e a aplicação dos questionários nas visitas realizadas, com os moradores, produtores culturais e visitantes. E é no primeiro momento que se empregará o olhar e o ouvir do antropólogo, analisado por Roberto Cardoso de Oliveira (2000:34).

[...] os atos de olhar e de ouvir são, a rigor, funções de um gênero de observação muito peculiar- isto é, peculiar a antropologia-, por meio do qual o pesquisador busca interpretar- ou compreender- a sociedade e a cultura do outro ‘de dentro’, em sua verdadeira interioridade. [...].

Nos dias de apresentações do evento, o Auto do Círio, foi realizado uma observação in loco, que foi quando ocorreu a análise participante, em que o pesquisador se incorpora ao público participante, juntamente com o registro do evento, assim como o emprego de questionários e entrevistas.

A pesquisa em campo ocorreu de maneira descritiva, para ser realizada de modo denso e minucioso a descrição do desenvolvimento dos eventos, do início ao fim, buscando não perder um detalhe sequer. Como Malinowski (1984) afirma, a etnografia tem que ser realizada de maneira honesta, o etnógrafo tem que honrar o seu relato. E para Magnani (2003:84) a etnografia:

 [...] é uma forma especial de operar em que o pesquisador entra em contato com o universo dos pesquisados e compartilha seu horizonte, não para permanecer lá ou mesmo para captar e descrever a lógica de suas representações e visão de mundo, mas para, numa relação de troca, comparar as suas próprias representações e teorias com as deles e assim tentar sair com um modelo novo de entendimento, ou ao menos uma pista nova, não prevista anteriormente.

E é preciso lembrar, que por se tratar de um objeto urbano, da/na cidade, procurou-se enfocar na prática metodológica das autoras Ana Luiza Rocha e Cornélia Eckert (2003), que é pensar em si mesmo, na paisagem urbana. A cidade, o bairro, a Praça do Carmo, passa a existir para aquele que vive e a vive, pois quando se compreende a cidade, passa a se compreender as interações sociais presentes no espaço, assim como conhecer o mundo e também o seu eu em relação ao outro. Assim, a etnografia de rua proporciona a investigação antropológica sobre as dinâmicas das interações cotidianas e representações sociais “na” e ”da” cidade.

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