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O Artigo Sobre Comunicação

Por:   •  8/2/2022  •  Trabalho acadêmico  •  2.285 Palavras (10 Páginas)  •  144 Visualizações

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UNIPAMPA – UNIVERSIDADE FEDERAL DO PAMPA

JOÃO VICTOR ZACCARO FERRAZ

ARTIGO

Mídia Tradicional e Mídias Digitais:

A credibilidade dos meios na era da informação

São Borja - RS

2019

Resumo

Este artigo pretende analisar o aspecto de credibilidade dos meios clássicos de informação e das mídias digitais na era em que todos produzem informações, verdadeiras e/ou falsas, ambas contrapondo-se e ocupando os mesmos espaços. Em uma perspectiva histórica, a mídia nunca parou de evoluir e por isso é desnecessário o confronto entre as mídias tradicional e emergente. A questão central é a credibilidade, que se constrói com relacionamento. Os jornais, telejornais, revistas e o rádio ainda obtém uma parcela maior de confiança de um receptor com uma infinidade de fontes e referências, nem sempre imparciais, e devido ao rápido desenvolvimento das tecnologias e das redes sociais, o ruído muitas vezes é maior que a mensagem.

1. INTRODUÇÃO

 

É a mídia tradicional que está estabelecida no eixo institucional da sociedade. O jornalismo clássico tem como preceito teórico representar o interesse público. As grandes organizações da imprensa, cujo valor é sua credibilidade construída, precisam se ater aos fatos. Na nova mídia não se sabe quais interesses se representam, públicos ou particulares, ideológicos ou comerciais.

Segundo Lévy (1997, p. 3):

Nas sociedades orais, as mensagens linguísticas eram sempre recebidas no tempo e no lugar em que eram emitidas. Emissores e receptores partilhavam uma situação idêntica e, em geral, um universo análogo de significado. Os atores da comunicação estavam embebidos no mesmo banho semântico, no mesmo contexto, no mesmo fluxo vivo de interação.

(LÉVY, Pierre. A globalização do significado. São Paulo : Folha de São Paulo, 1997.)

O ano de 2019, também popularmente conhecido como “Tempos de ódio” têm sido um ano bastante diferente dos demais. É comum pautas ultrapassadas voltarem ao debate, tabus já quebrados sendo consertados com uma cola chamada por quem a utiliza de “moral e bons costumes”. Os meios são infinitos, muito é dito e pouco se é consultado no que diz respeito à veracidade. Esse excesso de informações causa uma inundação de signos em que se torna muito difícil criar um pensamento crítico, sobre um embasamento teórico.

“As telecomunicações geram esse novo dilúvio por conta da natureza exponencial, explosiva e caótica de seu crescimento. A quantidade bruta de dados disponíveis se multiplica e se acelera. [...] Os contatos transversais entre os indivíduos proliferam de forma anárquica. É o transbordamento caótico das informações, a inundação de dados.”

(LÉVY, P.  Cibercultura, Rio de Janeiro: Editora 34, 1999.)

Junto com o avanço, caminha o atraso. E isso se prova também quando falamos de propagação de informação. Se por um lado as tecnologias telefônicas, cibernéticas e comunicacionais evoluem e encurtam distâncias cada vez mais, os ruídos são cada vez maiores pelo fato de serem muitas mensagens sendo emitidas ao mesmo tempo. As interferências se fazem presentes de maneira tão presente que chega ao ponto da distração de um anúncio levar o usuário à um novo local que nem era o que ele buscava chegar quando navegava no browser, devido também ao acesso irrestrito de dados comportamentais que indicam assuntos do interesse de quem opera à máquina. A imparcialidade que transmitem os agentes de informação de jornais televisivos é a escolha de crença da maior parte da população brasileira e não só a imparcialidade mas o fato de que, “se o Willian Bonner falou, não pode ser mentira”.

2. DESENVOLVIMENTO

Hoje, as mídias digitais são o principal espaço para publicidade, debates e um dos locais onde, inevitavelmente, as esferas públicas e privadas se encontram e os diferentes pontos de vista entram em conflito. Desta maneira, a internet é o palco do princípio e da evolução das transformações que agregam à sociedade.

Segundo Castells (1999, p. 247), tem-se na Internet:

“uma ordem social organizada de modo a satisfazer uma das mais consideráveis das demandas latentes na sociedade: a demanda por livre expressão interativa e pela criação autônoma, hoje distorcida pelo pensamento esclerosado dos meios de comunicação tradicionais.”

        Porém, por mais que a mídia digital seja atraente por ser moderna, a publicidade tradicional ainda é considerada a mais confiável. Segundo pesquisa do IBOPE, em 2014, 57% das pessoas declararam que assistem televisão. Isso mostra que sendo a marca veiculada em mídia tradicional televisiva, é certo que será vista. Fora o fato em que pode haver já um direcionamento em detrimento do público alvo, como por exemplo uma propaganda de remédio enquanto um programa de bem estar para a 3ª idade. Não haveria outra mídia senão esta para que se atinja idosos, visto que não são todos os entusiastas de mídias sociais, e também nada comum propaganda de medicamentos em redes sociais e no meio digital.

        A credibilidade dos conteúdos veiculados nas redes digitais encontra-se abalada, ainda mais com as não tão distantes polêmicas de uso de dados sem autorização pelo Facebook, ajudando na eleição de Donald Trump nos Estados Unidos e na saída do Reino Unido do Brexit. O fact-checking, ou seja, verificação de dados e pesquisa de fontes e referências acerca de conteúdos, primordial no jornalismo investigativo, tem ganhado popularidade no século XXI devido a facilidade de produção de conteúdo na internet e consequentemente, suas veiculações e o que isso implica. A confiança nas notícias é, em geral, maior para meios de comunicação mais tradicionais, como revistas impressas, canais de notícia 24h e radiojornalismo.

[pic 1]

2.1 Cambridge Analytica

[pic 2]

 “Temos a responsabilidade de proteger as suas informações. Se não conseguimos, não merecemos”

Fonte: Blog Reamp (2018)

Para iniciar essa discussão, fala se da empresa responsável pela maior crise de imagem da história do Facebook e que fez a rede social publicar esse (Imagem Acima) pedido de desculpas em jornais (mídia tradicional) no Reino Unido e nos Estados Unidos. A Cambridge Analytics foi uma empresa privada que combinava mineração e análise de dados com comunicação estratégica para o processos eleitorais, desde 2013, ano de fundação, até 2018, ano de falência. Em 2014, participou de 44 campanhas políticas. A campanha eleitoral de Trump contratou, em junho de 2016, a Cambridge Analytica por US$ 6 milhões. Steve Bannon foi diretor da campanha de Trump e, após a eleição, tornou-se conselheiro estratégico da Casa Branca, mas foi afastado sete meses depois. Era um dos cabeças da Cambridge Analytics e, coincidentemente fez contatos no Brasil. Participou ativamente na campanha de reeleição do atual governador do Amapá, Waldez Góes, fez contatos no Maranhão e, por mais que tendo feito reuniões com Eduardo Bolsonaro, filho do atual presidente, tirado fotos e demonstrado apoio à candidatura do candidato do PSL, afirma não ter participado em nada da campanha. Mesmo com os DD’s fantasmas com códigos de área americanos que propagavam Fake News aos quatro ventos em grupos do WhatsApp, difamando os demais candidatos principalmente os da oposição. A empresa era em parte, propriedade da família de Robert Mercer, um estadunidense que gerencia fundos de cobertura e que apoia muitas causas politicamente conservadoras. Com o escândalo do vazamento de dados do Facebook, a empresa, que mantinha escritórios em Nova York, Washington e Londres, declarou falência após uma forte queda nos negócios. O Facebook anunciou que as contas de pelo menos 87 milhões de pessoas foram atingidas em 10 países, e os dados pessoais de 443 117 brasileiros foram usados sem consentimento prévio, perdendo credibilidade com os usuários de maneira global e motivando ainda mais o debate sobre o uso de dados e informações pessoais em plataformas de redes sociais. Em apenas algumas horas, o Facebook perdeu US$ 36 bilhões de seu valor de mercado.

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