O Dilema das Redes

“Se você não paga pelo produto, o produto é você”. A frase, bastante disseminada entre as empresas de tecnologia, ecoou na cabeça de muitos dos telespectadores ao redor do mundo todo depois de assistirem ao documentário "O Dilema das Redes".

Um dos assuntos mais debatidos da atualidade gira em torno do debate ético quanto ao manuseio e utilização de dados pessoais. Casos de roubos de informações pessoais têm tomado cada vez mais espaço na mídia, onde pessoas acabam tendo suas informações entregues a pessoas e empresas que as utilizarão de forma prejudicial ao indivíduo.

Alguns criminosos utilizam tais dados para aplicar golpes, fazendo compras empréstimos ou mesmo vendendo para empresas de telemarketing. Os softwares, por sua vez, utilizam-se do nosso próprio livre arbítrio para conseguir não apenas nossos dados, mas para traçar nossos perfis de usuários e compradores, identificando nossos gostos, preferências, interesses e perfil de compra.

No Brasil, mesmo pós a vigência da Lei nº 13.709/18 (Lei de Proteção de Dados – LGPD) que regulamenta a política de proteção de dados pessoais e privacidade, e que transforma drasticamente a maneira como empresas e órgãos públicos tratam a privacidade e a segurança das informações de usuários e clientes, continuamos expostos aos chamados algoritmos de redes sociais.

Cada vez mais os nossos dados têm seu valor financeiro aumentado. As empresas pagam caro para conhecer os seus consumidores e seus hábitos, a fim de melhorar suas decisões estratégicas dos negócios. A maior fonte de dados pessoas da atualidade são as redes sociais e websites, os quais nos exibem os resultados gerados pelos algoritmos: os produtos exatos que desejamos comprar, os anúncios que mais nos agradam.

Mas, apesar de às vezes parecer uma funcionalidade facilitadora às compras, este serviço não é gratuito, haja vista que os mesmos dados que usam para nos exibir uma publicidade de nosso interesse estarão disponíveis às empresas envolvidas, as quais poderão utilizá-los da forma que lhes for mais lucrativa.

Desta forma, o indivíduo que utiliza suas redes sociais apenas para entretenimento está tendo cada movimento seu vigiado. Cada palavra digitada ajudará a traçar melhor seu perfil, e até mesmo o que falamos será gravado por nossos smartphones. Assim pagamos o preço por receber da internet o exato conteúdo que queremos ver.