O FILME O LEITOR
Por: Maria Moura • 22/11/2018 • Resenha • 670 Palavras (3 Páginas) • 209 Visualizações
Não há redenção no passado. Essa é a mensagem principal traduzida no filme O Leitor (2008), longa-metragem do diretor Stephen Daldry baseado no livro de Bernhard Schlink com roteiro adaptado por David Hare. No elenco estão figuras de destaque como a atriz Kate Winslet, Ralph Fiennes e o jovem David Kross.
O Leitor apresenta um romance entre Hanna Schmitz (Kate Winslet) e Michael Berg (Fiennes e Kross). Na narrativa, Berg conhece Hanna ainda em sua adolescência, aos 15 anos, em meio a um encontro casual durante uma forte chuva. A personagem de Winslet, Hanna Schmitz, trabalha como cobradora e torna-se para o adolescente um escape em meio a uma vida burocrática numa família tradicional alemã à época. O pai de Michael é um homem de poucas palavras, a mãe, uma mulher submissa, os três irmãos, um garoto e outras duas garotas, pouco representam para a trama.
Hanna vive sozinha e logo envolve sexualmente o adolescente num relacionamento que dura por todo o verão. Aos poucos, os encontros sexuais passam a se delinear em horas de leitura. Hanna pede ao “garoto” – é assim que ela o trata no decorrer da trama – que leia em voz alta para ela, o pedido é atendido e Berg passa a levar sequências de livros para o desfrute de ambos. Sempre calada, a cobradora não fala sobre sua vida, não nos dá qualquer indicativo de seu passado e faz o mesmo com o jovem apaixonado. Hanna ainda guarda um segredo determinante para seu futuro.
O romance amadurece na mesma proporção em que Michael abandona seu universo introspectivo e passa a acreditar e a valorizar a si mesmo, até que uma briga põe fim à relação e Hanna desaparece e abandona tanto Michael quanto uma promoção em seu emprego. O reencontro entre ambos acontece anos depois, no tribunal, quando o jovem está na faculdade de Direito. Hanna Schmitz é acusada, ao lado de outras cinco mulheres, da morte de 300 prisioneiras no Campo de Concentração de Auschwitz na Alemanha Nazista de Hitler, local em que trabalhou como guarda após abandonar o romance juvenil e o antigo emprego. E aqui avançamos nos questionamentos morais de O Leitor, que já começa com o relacionamento sexual de uma Hanna mais velha com um adolescente de apenas 15 anos.
O que sentimos, diz o professor de Michael em dado momento, não tem importância nenhuma, o que importa é o que fazemos. Essa é a questão levantada em O Leitor. Dessa forma, nos interrogamos: Poderia uma pessoa boa praticar atitudes más e continuar de mãos limpas? O longa-metragem nos leva a refletir sobre como a humanidade foi capaz de permitir os crimes bárbaros não apenas Auschwitz, mas em toda a Alemanha de Hitler. Como pessoas “boas” permitiram que isso acontecesse? Por que todos sabiam o que acontecia naqueles espaços e mesmo assim nada fizeram? Essas eram realmente boas pessoas?
Tratando do extermínio de judeus em campos de concentração nazistas, refletimos sobre a sanidade de Hanna, sempre fria e objetiva, e nos propormos direcionar para dentro os questionamentos que Daldry lança no segundo ato. Será que estamos realmente de mãos limpas?
O encontro entre Hanna e Michael foi determinante para o futuro de ambos. Para ele, a mágoa de uma vida pessoal determinada pela primeira experiência afetiva e sexual mostra que não há redenção no passado, ainda mais quando uma atitude sua poderia ter mudado o destino de Hanna, caso revelasse que a ré não poderia ser culpada
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