O Fichamento Fato Social

DURKHEIM, Émile. As Regras do Método Sociológico. trad. Paulo Neves; revisão da tradução Eduardo Brandão. – 3ª ed. – São Paulo: Martins Fontes, 2007.

Iara Pereira

“...a palavra social só tem sentido definido com a condição de designar unicamente fenômenos que não se incluem em nenhuma das categorias de fatos já constituídos e denominados”. (DURKHEIM, pág. 04)

“... um fenômeno só pode ser coletivo se for comum a todos os membros da sociedade ou, pelo menos, à maior parte deles, portanto, se for geral. Certamente, mas, se ele é geral, é porque é coletivo (isto é, mais ou menos obrigatório), o que é bem diferente de ser coletivo por ser geral. Esse fenômeno é um estado do grupo, que se repete nos indivíduos porque se impõe a eles”. (DURKHEIM, pág. 09)

“Um fato social se reconhece pelo poder de coerção externa que exerce ou é capaz de exercer sobre os indivíduos; e a presença desse poder se reconhece, por sua vez, seja pela existência que o fato opõe e toda tentativa individual de fazer-lhe violência”. (DURKHEIM, pág. 10)

“É fato social toda maneira de fazer, fixada ou não, suscetível de exercer sobre o indivíduo uma coerção exterior; ou ainda, toda maneira de fazer que é geral na extensão de uma sociedade dada e, ao mesmo tempo, possui uma existência própria, independente de suas manifestações individuais”. (DURKHEIM, pág. 13)

Émile Durkheim introduz a obra explorando a necessidade e a importância de estabelecer um método científico específico para o estudo da sociedade. Ele ressalta que a sociologia é uma ciência distinta, com objetos e métodos próprios, e busca estabelecer sua autonomia em relação a outras disciplinas. Durkheim inicia delineando a noção central de fatos sociais, que são fenômenos que transcendem a ação individual e possuem uma influência coercitiva sobre os indivíduos. Esses fatos sociais podem ser entendidos como normas, valores, instituições e padrões de comportamento que existem independentemente das vontades individuais.

O autor destaca que os fatos sociais são exteriores aos indivíduos, exercem controle sobre eles e são dotados de uma força superior que molda comportamentos e crenças. Além disso, eles são generalizados e compartilhados por um grupo ou sociedade. Durkheim argumenta que a sociologia deve se esforçar para alcançar objetividade científica semelhante à das ciências naturais. Ele critica abordagens subjetivas que dependem apenas das impressões individuais e defende a observação cuidadosa e a análise sistemática dos fatos sociais. O autor enfatiza a importância de estabelecer regras rigorosas para a pesquisa sociológica, a fim de evitar preconceitos, subjetividade e erros. Ele sugere que a observação precisa, a comparação e a análise estatística são ferramentas cruciais para desenvolver um método confiável.

De certo, o capítulo I de As Regras do Método Sociológico estabelece as bases para a abordagem científica da sociologia, enfatizando a necessidade de objetividade na análise dos fatos sociais. Durkheim argumenta que a sociologia deve buscar compreender as forças coercitivas e os padrões que moldam a vida social, utilizando um método rigoroso que inclui observação, comparação e análise estatística.