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O Olhar Social

Por:   •  24/10/2018  •  Trabalho acadêmico  •  1.462 Palavras (6 Páginas)  •  128 Visualizações

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    Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)

Victor Leone de Alcântara (2017062310)

Trabalho escrito sobre a unidade I

Belo Horizonte

28/09/2018

      O local escolhido para analisar e produzir esse texto foi a Estação Vilarinho, uma estação de ônibus e metrô que fica no norte da cidade de Belo Horizonte. E que curiosamente tem um shopping center localizado literalmente acima dela, e por isso, tomei a liberdade de também analisar as partes do shopping responsáveis por interligar os setores da estação. A pergunta escolhida para a observação foi : “Como ocorre as interações sociais em um ambiente muito apressado?”

      A estação é dividida em setores sul e norte, e também na parada do metrô. apesar de ser leigo em assuntos de engenharia e arquitetura, diria que a estrutura geral de cada parte tem um formato próximo ao de um retângulo, parece que a estrutura do local não foi pensada para ser algo visualmente bonito e conquistador. Talvez eles tenham focado muito mais na funcionalidade do que na estética. Em um aspecto geral, todos os setores apresentam a mesma estrutura, mas claro com algumas diferenças. Há canos coloridos expostos nas paredes, me pergunto o que cada um deles conduz e se tem uma finalidade deles estarem expostos. A estação tem uma atmosfera acinzentada, que não muda nem mesmo no mais radiante dos dias; e sem nenhuma vegetação para ornamentar, provavelmente por causa da poluição dos ônibus. Provavelmente as pessoas nem se dão conta, ou não liga para a presença de vegetação, pois o dia a dia na estação é tão corrido que isso passa a ser algo trivial. Já as partes do shopping, que conectam os setores, são de uma estrutura de visual agradável e cheio de detalhes na arquitetura. O ambiente parece ser muito bem limpo, com plantas enfeitando, e também com as vitrines coloridas das lojas que contribuem para a beleza visual do lugar. Isso é completamente o oposto do que se vê na estação, é como se quando você tomasse uma das escadas rolantes que ligam a estação ao shopping, você simplesmente viajasse ara outro lugar.

      Agora listando as diferenças, o setor sul é a parte direcionada aos ônibus que transportam para outra cidade, e o norte é para os que transportam para os muitos lugares dentro de Belo Horizonte. O setor sul é mais simples, tem um único andar e em uma das extremidades ficam alguns ônibus estacionados, e que mesmo em horário de pique eles continuam lá. Já o setor norte parece ser mais elaborado, tem dois andares, bastante espaço para caminhar, e em um aspecto geral parece ser mais organizado, há alguns quiosques que vendem comida. O setor norte parece ser mais arejado também. Tudo isso me dá a impressão de que a rede municipal é mais bem cuidada do que a rede metropolitana, e fico me perguntando o porquê disso.

      É incrível como os aspectos das pessoas variam conforme o dia vai passando. Começando com os funcionários da própria estação, entre os faxineiros é muito raro ver alguém com a pele branca exercendo essa função. Usando uniformes acinzentados, vai ver é pra combinar com o clima da estação, lá estão eles trabalhando para manter o ambiente minimamente limpo; alguns com semblantes mais alegres ouvindo uma musiquinha, outros com carrancas; uns se esforçando para fazer um bom trabalho, e outros mais querendo que o dia acabe logo. É claro que quando criança, ninguém deve pensar "quando eu crescer, quero ser um faxineiro", é claro que é uma profissão digna como qualquer outra, porém não é muito almejada. Então eu me pergunto o porquê de terem faxineiros mais motivados para fazer um bom trabalho que os outros, mais alegres e dispostos; eu gostaria de saber o motivo. Uma cena muito desconfortável que eu presenciei mais que uma vez durante minhas observações, foi lixo sendo jogado no chão por passageiros, logo após o chão ter sido varrido e tendo uma lixeira a no máximo 7 passos de distância; talvez tenha sido por falta de atenção, só preguiça ou talvez por maldade. no meu caso isso seria motivo mais do que suficiente para me revoltar trabalhando de faxineiro e fazer meu trabalho de qualquer jeito, mas mesmo assim, muitos desses funcionários esboçam gratidão. E o motivo podem ser tão inimagináveis e variados que me deixa pasmo.

      Os caixas que trabalham vendendo passagens são um mistério para mim, não vejo quando eles chegam ou quando eles saem. Por ficarem sempre dentro de uma cabine, parece que eles são isolados do mundo externo dando a entender que eles literalmente moram dentro das cabines. Brincadeiras a parte, não consigo imaginar como deve ser trabalhar o dia inteiro dentro de uma cabine pequena, exposto continuamente a poluição sonora, mas tenho certeza que esses trabalhadores devem ter uma resistência psicológica fantástica. Fico me perguntando se os únicos momentos de socialização durante o trabalho é recebendo dinheiro dos passageiros, suspeito que não.

      Os motoristas sempre com o mesmo uniforme: blusa social branca, calça social preta; e os cortes de cabelo também são parecidos. Isso pode levar qualquer um a pensar que motorista de ônibus é tudo igual, mas tenho certeza que quem convive com eles dia a dia tiveram a oportunidade de ver as peculiaridades que cada um tem. O motorista do meu ônibus sempre brinca com um passageiro específico, por exemplo.

     No setor sul há vendedores autônomos de comida, talvez a falta de quiosques nesse setor tenha revelado um novo mercado para algumas pessoas. Usam roupas variadas bem casuais, e apesar da ausência de uniforme parecem estarem organizados em alguma sociedade. Todos eles aparentam se conhecer e fazem interações bem casuais com um certo grau de intimidade entre eles. Alguns gritam demais para atrair clientes, e somando com a poluição sonora da própria estação talvez seja estressante para algumas pessoas. Devido a esse trabalho ser um tanto inédito para mim eu fico em dúvida com algumas coisas, como deve ser a renda mensal de cada um e como isso é definido? Como essa pessoa se sente e quais os planos dela para o futuro? Por fim, eu suspeito que não seja um trabalho formal de carteira assinada.

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