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O Superorgânico

Por:   •  2/10/2019  •  Resenha  •  465 Palavras (2 Páginas)  •  1.407 Visualizações

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KROEBER, A. 1970. O Superorgânico. Em D. Pierson (Ed.), Estudos de Organização Social. Tomo II. São Paulo: Martins, pp. 231-281.

Alfred Kroeber, em seu artigo O Superorgânico, lançado em 1917, trabalha a ideia de distinção entre o orgânico e cultural. Inicialmente, estabelece que cultura e sociedade devem ser formalmente distinguidas, uma vez que apenas o homem é o único animal que possui ambas. Sendo assim, elas não podem ser utilizadas de forma sinonímia. Os diferentes fenômenos recebem análises de diferentes ordens. Então, a diferença entre o vital e o social, ou seja, o orgânico e o cultural, é o foco de sua abordagem.

O progresso humano é, de maneira externa, similar ao das plantas e animais e, de tal forma, os termos acabam por ser empregados de maneira supositiva, uma vez que identificam semelhanças e, desconhecendo a totalidade, imaginam que elas também constituem-se em outras partes.  

O processo evolutivo da civilização é baseado em conservar o que é antigo, mesmo ao adquirir o novo. O progresso da humanidade pode ocorrer sem alteração da espécie, ao contrário das outras. A evolução orgânica está conectada aos processos hereditários, enquanto que o da civilização não depende, necessariamente, do agente hereditário. Isso ocorre porque os corpos humanos permanecem inatos, mas, ao contrário dos animais, para enfrentar determinadas realidades o homem pode criar ao invés de adaptar o seu corpo. Os meios humanos, portanto, são externos ao natural.

Para ele, a cultura é o processo acumulativo, passado de geração em geração, que se acumula e é transmitida de modo patrimonial. A construção cultural ultrapassa o lado biológico do ser, libertando o homem da natureza.    

A linguagem, por exemplo, é uma capacidade adquirida pelos seus associados, não pela hereditariedade. Ela é um instrumento da sociedade, não um artifício biológico. Não há, pois, língua humana natural. A comunicação humana baseada na linguagem é produto social, é externo ao ser e, então, é resultado da cultura.

O homem, fora da civilização, é apenas mais um animal, já que não tem acesso à produção cultural. Através do que Kroeber defende, o homem é mais influenciado pela cultura em que está inserido do que pela sua herança genética. Sendo assim, a cultura é o que o homem acrescenta em seu meio natural, enquanto que o orgânico é o que não sofre intervenção humana.

Sendo assim, entende-se através do texto que, segundo o autor, o social exerce uma maior influência sob o indivíduo do que a própria constituição biológica. A sua importância para as áreas de estudos sociais é a reflexão de que o cultural, ou seja, o que o próprio homem constrói, é fundamental para a sua vida e ultrapassa o orgânico. O ser humano é mais uma construção do próprio homem, uma vez que ele cria o social e é influenciado por ele.

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