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Psicologia Econômica: Uma análise dos modelos de escolha intertemporal e o caso brasileiro

Por:   •  4/10/2018  •  Artigo  •  2.888 Palavras (12 Páginas)  •  300 Visualizações

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Psicologia Econômica: uma análise dos modelos de escolha intertemporal e o caso brasileiro

RESUMO

        

A Psicologia Econômica pode ser definida como a junção entre a Psicologia e a Economia, através de métodos e abordagens que apreendem o comportamento econômico em toda a sua riqueza e complexidade. As últimas décadas têm sido marcadas pelo empenho em comprovar empiricamente a teoria econômica em suas diferentes linhas de pesquisa. Nesse contexto, está o movimento de produzir modelos econômicos de escolha intertemporal, como o Modelo de Utilidade de Desconto Constante e o Modelo de Utilidade com Desconto Hiperbólico. O trabalho pretende fazer um balanço sobre os modelos de desconto, trazendo suas contribuições para o cenário brasileiro. Para isso, foram escolhidas publicações com uma visão panorâmica sobre o assunto, as quais podem colaborar para o entendimento da dinâmica das escolhas do sujeito econômico ao longo do tempo.

Palavras-chave: Psicologia Econômica, Modelo de Utilidade de Desconto Constante, Modelo de Utilidade com Desconto Hiperbólico, Cenário Brasileiro.

ABSTRACT

Economic Psychology can be defined as the junction between Psychology and Economics, through methods and approaches that apprehend economic behavior in all its richness and complexity. The last decades have been marked by the commitment to prove empirically the economic theory in its different lines of research. In this context, there is the movement to produce economic models of intertemporal choice, such as the Constant Discount Utility Model and the Hyperbolic Discount Utility Model. The paper intends to take stock of the discount models, bringing their contributions to the Brazilian scenario. For this, publications with a panoramic view on the subject have been chosen, which can collaborate to the understanding of the dynamics of the choices of the economic subject over time

Keywords: Economic Psychology, Constant Discount Utility Model, Utility Model with Hyperbolic Discount, Brazilian Scenario.

INTRODUÇÃO

No esforço de desenvolvimento e consolidação de suas teorias, a Ciência Econômica se vale de instrumentos a fim de garantir seu alcance explicativo e sua funcionalidade. Para legitimar os seus modelos, as diferentes abordagens teóricas recorrem a diferentes áreas do conhecimento, como à história, à física, à biologia, à matemática, à sociologia ou à estatística. Alguns métodos e ramos da ciência foram historicamente privilegiados na construção de tais teorias, seja para dar credibilidade, seja para servir de referência para analogias (HOFMANN e PELAEZ, 2011). A preocupação com a previsão e com a mensuração dos fenômenos econômicos fez dos métodos quantitativos protagonistas do discurso econômico, deixando para trás práticas teóricas e metodológicas que primam pela consistência empírica (HOFMANN e PELAEZ, 2011; FERREIRA, 2007).

É o caso da Psicologia, cujo caráter instrumental jamais alcançou a mesma relevância epistemológica do arcabouço matemático na Economia, ainda que muitas das variáveis modeladas sejam comportamentais (HOFMANN e PELAEZ, 2011; FERREIRA, 2007). Por exemplo: o interesse próprio, as expectativas, a racionalidade, as propensões marginais a consumir, poupar e investir, o comportamento de manada, a alienação, o fetichismo, a maximização da utilidade e a satisfação (HOFMANN e PELAEZ, 2011).

Nesse sentido, a Psicologia Econômica pode ser definida como a associação entre Psicologia e Economia, através de métodos e abordagens que apreendem o comportamento econômico em toda a sua riqueza e complexidade. Trata-se de um campo de estudo relativamente novo para muitos economistas. Para outros, é uma disciplina consolidada, autônoma, com definições e métodos próprios (HOFMANN e PELAEZ, 2011).

As últimas décadas têm sido marcadas por um aumento no esforço de fundamentar empiricamente a teoria econômica em suas diferentes linhas de pesquisa. No entanto, os pressupostos comportamentais adotados refletem uma psicologia econômica reducionista, que destaca a ação humana segundo a perspectiva dos agentes individuais, por meio de leis econômicas fundamentais válidas para toda a ação humana. A racionalidade é um exemplo da fragilidade empírica dos princípios sobre os quais se alicerça a teoria microeconômica tradicional (HOFMANN e PELAEZ, 2011; FERREIRA, 2007).

        Inserido no contexto descrito está o movimento de produzir modelos econômicos de escolha intertemporal, desenvolvidos com o intuito de prever padrões de escolha ao longo do tempo. Aqui, serão apresentados e contrapostos o Modelo de Utilidade de Desconto Constante e o Modelo de Utilidade com Desconto Hiperbólico (MURAMATSU e FONSECA, 2008a).

         Portanto, o que se pretende fazer é um balanço, no âmbito da Psicologia Econômica, sobre as duas teorias que dizem respeito à escolha intemporal, assim como compará-las, trazendo, depois, esses elementos para o cenário brasileiro. Como método de revisão bibliográfica, foram utilizadas publicações feitas a partir do ano de 2007, com uma visão panorâmica de um assunto que, apesar de fazer parte de uma disciplina ainda incipiente, pode contribuir muito para o entendimento da dinâmica das escolhas do sujeito econômico ao longo do tempo.

A fim de cumprir seu objetivo da forma mais clara possível, o artigo foi dividido em quatro seções, além desta Introdução. A primeira trata do Modelo de Utilidade de Desconto Constante e suas Anomalias. A segunda do Modelo de Utilidade com Desconto Hiperbólico e as vantagens que a adoção desse modelo proporciona. A terceira, denominada “Das Teorias ao Brasil”, discorre sobre a presença de anomalias em três períodos da histórica econômica brasileira e, por fim, a conclusão do trabalho.

  1. O MODELO DE UTILIDADE DE DESCONTO CONSTANTE E SUAS ANOMALIAS            

         

Em modelos convencionais de escolha intertemporal, os modelos de desconto, o decisão é tomada de acordo com a atribuição de um valor presente, ou descontado, para cada opção, independentemente das outras opções disponíveis, e a opção com maior valor é escolhida (PIMENTEL et al, 2012). Em outras palavras, a pessoa escolhe a opção a qual atribui maior valor agora e desconta as outras que não entram no seu escopo decisório.  

         O Modelo de Utilidade de Desconto Constante (MUDC) foi desenvolvido para representar de maneira simplificada o complexo fenômeno da escolha intertemporal. Tal perspectiva analítica se apoia na hipótese de que as pessoas exibem padrões de comportamento equivalentes àqueles que seriam possíveis se elas maximizassem todas as utilidades descontadas (PIMENTEL et al, 2012; MURAMATSU e FONSECA, 2008a,b). Esse efeito ocorre porque, por hipótese, os agentes racionais se satisfazem, de modo instantâneo, em cada momento das suas experiências de consumo distribuídas no tempo (MURAMATSU e FONSECA, 2008a).

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