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Resenha Microfísica do Poder - Foucalt

Por:   •  26/8/2018  •  Resenha  •  1.024 Palavras (5 Páginas)  •  427 Visualizações

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Referência bibliográfica: FOUCAULT, Michel. Introdução: Por uma genealogia do poder. In: MACHADO, Roberto (Org.). Microfísica do poder. 2ª. ed. Rio de Janeiro: Edições Graal, 1979. p. IX-XXV.

Poliana Pimentel dos Santos

O organizador Roberto Machado visa dar um panorama geral de Poder segundo Foucault analisando as obras História da Loucura, Nascimento da Clínica, As Palavras e as Coisas e A Arqueologia do Saber. Ele explica que essa questão nem sempre esteve presente nas obras Foucaultianas e surgem a partir de uma reformulação de objetivos teóricos e políticos (R. Machado, 1979, pp. IX).

Em a História da Loucura (1961) existe uma grande inovação metodológica, que consiste em estudar sem a limitação de uma disciplina ou época, buscando uma compreensão que estabeleça relações entre os saberes e regularidades, não incompatibilidades que sancionam ou invalidam no decorrer do tempo.

Na obra O Nascimento da Clínica (1963) machado aborda a diferença entre a medicina clássica e a medicina moderna. Houve uma ruptura radical que mudou, segundo o autor, a própria positividade do saber (Machado, 1979, pp. X). Entretanto Foucault não se limita a uma correspondência dos saberes, mas os articula com o extra discursivo, institucional ou as transformações político-sociais.  

Já o livro A palavra e as coisas (1966) têm como objetivo de aprofundar e generalizar interrelações conceituais capazes de situar os saberes constituídos das ciências humanas, sem pretender articular as formações discursivas com as práticas sociais (Machado, 1979, pp. XI), radicalizando o seu projeto. A tese central do livro é a defesa que só existe ciência humana a partir do surgimento das ciências empíricas - biológicas e a filosofia, que tematizaram o homem como sujeito e objeto de conhecimento.

Arqueologia do Saber (1969) vem com o objetivo de clarificar e aperfeiçoar os princípios já formulados, fazendo uma reflexão sobre a homogeneidade metodológica até então concebida como o conceito de saber e sua articulação com a estrutura social.

Se esta produção teórica for comparada em blocos, será perceptível uma nova forma de análise histórica sobre as ciências, tendo como ponto de partida a questão do porquê, que objetiva uma análise através de sua existência e suas transformações, como parte integrantes das relações de poder e não como efeito ou resultante e que Foucault chamará de genealogia. Entretanto o autor deixa claro que Foucault não determina uma teoria geral do poder, como se houvesse uma natureza própria intrínseca a ele, e sim formas díspares que se transformam. Não sendo uma coisa natural, mas sim uma prática social construída historicamente.

A partir de alguns estudos sobre a formação histórica das sociedades capitalistas, Foucault desconstrói a concepção de Poder atrelada ao Estado e apresenta outras formas de poder não concentrados, como por exemplo, o que é atribuído a médicos especificamente e em determinados locais e circunstâncias. Também podemos citar como formas de poder específica e não estatal as relações entre pai e filho e até mesmo professor e aluno. Ou seja, devemos ter o foco de estudo do Poder não no Estado, como uma forma de dominação global, mas todo o tipo de poder social elementar, que é reproduzido no cotidiano com formas regionais e concretas, que atinge a sociedade, mas não está acima dela. Estas formas periféricas de manifestação do poder, não são necessariamente provenientes do Estado, e se são, não foram confiscadas e absorvidas por ele, reduzida a uma forma de manifestação do aparelho central (Machado, 1979, pp. XIV).

Foucault não tinha a intenção de minimizar o poder estatal, mas de se opor a ele como única e central forma de poder ou que toda a rede de micro poderes seriam originárias dele, o que reduzir as suas especificidades. Estas microformas de poder possuem sua própria tecnologia e histórias específicas, mesmo que se relacional com o nível mais geral de poder, que é construído pelo Estado. Ele não analisa o poder como uma forma de dominação global e centralizada que se difunde no âmbito social, mas como uma existência própria, específica e em níveis elementares (Machado, 1979, pp. XVI).  

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