Resenha de "O poder em si mesmo" de João Freire Filho
Por: Isadora Rodrigues Padoa • 26/6/2017 • Resenha • 609 Palavras (3 Páginas) • 339 Visualizações
No artigo “O poder de si mesmo”, João Freire Filho discorre sobre como o conceito de autoestima é abordado na mídia contemporânea. Para isso, o autor analisa a reportagem “Eu, meu melhor amigo”, veiculada pela revista Veja em julho de 2007. Ao longo do texto, o sentimento transparecido pelo autor é de ceticismo perante a glamourização da autoestima como algo que, de maneira quase milagrosa, soluciona problemas com pouco ou nenhum esforço por parte do indivíduo.
Para introduzir o tópico, Freire Filho analisa brevemente como o conceito da autoestima se encaixa no modo de vida individualista presente nos dias atuais. Ao avançar no artigo, o autor menciona que uma das estratégias propostas pela reportagem da Veja para o desenvolvimento da autoestima é a identificação e erradicação de crenças consideradas “negativas”1, bem como o alarde em torno de conquistas pessoais2. Segundo a reportagem, é necessário, também, que o indivíduo não dê importância a opiniões alheias, e que se preocupe em agradar apenas a si próprio quando se trata de sua imagem3. De tal maneira, não seria condenada a “presunção”, mas sim nossos conceitos de humildade e modéstia.
Uma das principais ideias do texto afirma que, a partir do ponto de vista defendido pelo jornalismo de autoajuda, fazer mudanças radicais baseadas no pretexto da autoestima é relativamente fácil. O problema está no fato de que a autoestima não é considerada um conceito absoluto; há pesquisadores do campo da psicologia, por exemplo, que sustentam ideias contrárias às ideias defendidas nas páginas da Veja 4 . Um conceito abstrato, portanto, não deveria ser defendido como uma realidade concreta.
A contragosto de Freire Filho, a reportagem também fornece exemplos de “vencedores”, ou seja, histórias individuais nas quais o personagem principal não se conformou com a situação que lhe foi imposta e tornou-se um grande sucesso. Nos trechos replicados pelo autor, é possível identificar várias particularidades que já foram mencionadas por ele previamente: improvável facilidade em agir, orgulho que beira a arrogância e desprezo à opinião alheia 5 .
Referências utilizadas no resumo
1 “[...] Veja recomenda, antes de tudo, identificar avaliações e comportamentos negativos construídos no decorrer da vida. [...] A partir desse mapeamento da negatividade interna, o leitor deve ‘limar’ do comportamento cotidiano todas as ‘crenças que não contribuírem para uma vida harmoniosa’.” (Freire Filho, 2011, p. 733.)
2 “Alardear o próprio sucesso ajuda a reforçar a autoconfiança e a elevar a autoestima e neutraliza os pensamentos de autodepreciação.” (Veja, 2007, p. 81.)
3 “[...] Os pesquisadores advertem que se preocupar em demasia com a construção e a validação de uma autoimagem positiva pode acarretar dificuldades de relacionamento, ansiedade, alcoolismo, entre outros problemas psíquicos e interpessoais.” (Bushman, 2011).
4 “[...] Autores do próprio campo da psicologia [...] relativizam ou contestam os benefícios individuais e coletivos atribuídos à autoestima.” (Mruk, 2006, p. 5-7.)
5 “A revista recorda passagens da biografia de personalidades do passado e do presente – repletas de embates e de reviravoltas edificantes – a fim de construir as evidências palpáveis do poder da autoestima: durante
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