Resumo Angela Davis
Por: Juniojjm2019 • 23/9/2019 • Ensaio • 1.182 Palavras (5 Páginas) • 237 Visualizações
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Universidade de Brasília – UnB
Instituto de Ciências Humanas – IH
Departamento de Serviço Social – SER
Programa de Pós-Graduação em Política Social – PPGPS
Discente: Leonardo Dias Alves
Disciplina: Relações de Sexo/Gênero, Raça/Etnia e Sexualidades
Docente: Lucélia Luiz Pereira
Data: 09 de abril de 2019
Resenha Crítica: Angela Davis – Mulher, Raça e Classe
A obra “Mulher, Raça e Classe” foi escrita por Angela Davis, um livro, que tem por objetivo colocar a mulher negra na inserção na sociedade de classes, explorando diversos temas e eixos que permeiam essa inserção. Trata-se de uma obra que terá o seu foco nas mulheres negras norte-americanas, porém, é possível utilizar de suas reflexões teóricas para analisar a realidade da mulher negra no Brasil também. O que podemos elencar é que essa obra consegue cumprir com o seu objetivo e nos fornece, de forma histórica e ampla, um debate nutrido de informações que proporciona análises e reflexões profundas sobre a realidade da mulher negra, que nos atrevemos a dizer que no mundo, não só nos Estados Unidos da América.
As informações impressas por Angela Davis nos proporciona um panorama geral do projeto societário racista, de classes dominantes, sexista e de supremacia masculina branca na construção da exclusão, dominação, opressão e violência contra as mulheres negras. Porém, ao mesmo tempo, nos transporta para a necessidade de construção e fortalecimento de um projeto societário que tenha como primazia a transformação revolucionária, e que possa, para além de uma emancipação política, criar elementos que possam nos levar a consolidação revolucionária de uma emancipação humana. Davis nos entrega uma obra que relaciona os determinantes econômico, político e ideológicos que permearam a relação do modo de produção e formação social escravista e capitalista, e assim sendo, é possível tem uma visão crítica acerca das diversas opressões, dominações, explorações que perpassaram pelos corpos de mulheres negras ao longa da história e na contemporaneidade. Nos leva a entender como o Estado, sempre, elencou mecanismos e dispositivos de eliminação de corpos negros, de homens e mulheres, crianças e adolescentes, jovens e idosos; porém, a mulher negra sempre foi o alvo de sua conduta violenta, que vai permear todas as esferas do estado. Com uma fundamentação teórica precisa e certeira, Davis nos oferece uma discussão precisa sobre as mulheres negras no escravismo, nos movimentos políticos abolicionistas e antiescravistas, com elementos de uma realidade concreta e histórica, mostrando a relação das mulheres negras com os homens negros, mulheres brancas e homens brancos na luta pelo direito das mulheres, o racismo no movimento sufragista, o que significa a emancipação das mulheres negras, a utilização da educação em prol da libertação, dentre outros debates necessários e urgentes para entender a realidade das mulheres negras.
Angela Yvonne Davis nasceu em 26 de Janeiro de 1944, em Birmingham, no Estado do Alabama. A sua notoriedade política foi resultado da acusação que ela sofreu ao ser responsabilizada pelo fornecimento das armas utilizadas pelos militantes do partido dos Panteras Negras, em protestos realizados na Assembleia Legislativa no Estado da Califórnia. Esse ato desencadeou a campanha “Libertem Angela Davis”, com apoio internacional. Davis foi filiada ao Partido Comunista dos Estados Unidos, e principalmente, ao Partido dos Panteras Negras. A autora escreveu diversos livros: Mulher, Raça e Classe; Quando Vier o Amanhecer: vozes da resistência; O legado do Blues e o Feminismo Negro; dentre outros.
A primeira parte do livro é dedicada ao resgate histórico do conjunto das bases que estabeleceram o escravismo norte-americano, trazendo um debate preciso sobre a diferença entre o Sul e o Norte dos EUA. Aponta-se como a população negra foi um produto lucrativo, destacando a mulher negra. A mulher negra sofria as mesmas opressões que os homens negros, mas era potencializadas por serem mulheres, com a utilização do estupro como uma arma política de contenção, dominação e subordinação, que se materializava no cotidiano escravista. O movimento político antiescravista, com o objetivo de abolir a escravidão, foi abraçado pelos abolicionistas liberais e pelo movimento pelo direito das mulheres.
Outro ponto que merece atenção é o fato da abolição do escravismo, o que demandava a ascensão do dito trabalho livro, que desembocou na reconfiguração de diversos tipos de opressão, dominação e exploração na relação intrínseca de classes, sexo e raça. Desta forma, é necessário entender que a reconfiguração que houve com a legitimação e consolidação social, política e econômica da dominação, opressão e violência das classes capitalistas, que elencou formas diferentes de tarefas, trabalhos e ideologias que foram destinadas para as frações de grupos e classes oprimidos. Dessa forma, destaca-se que as mulheres negras foram direcionadas, principalmente, para o trabalho doméstico, e não estamos falando do lar, do seu lar, mas sim da casa dos capitalistas, dos homens e mulheres brancas, e é no espaço do trabalho doméstico que a exploração e as práticas de violência (como o estupro) vão se perpetuar.
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