Trabalho de Campo com os Eleitores do Bolsonaro
Por: Tayssalima10 • 17/11/2018 • Relatório de pesquisa • 907 Palavras (4 Páginas) • 140 Visualizações
Acordei às 7h30 num sobressalto. Já estava atrasada, pois o grande evento aconteceria às 9h no centro de Seropédica e eu precisaria de 2 horas para chegar até lá. Arrumei-me abruptamente e combinei o local de encontro com meu namorado, que me acompanharia para me ajudar nessa árdua tarefa de não deixar minhas emoções interferirem na minha pesquisa. Nos encontramos na Avenida Brasil em Deodoro e pegamos o ônibus em direção ao evento.
Quando cheguei ao centro de Seropédica - cerca de 10h-, situado no Km 49, vi uma quantidade modéstia de pessoas - cerca de 50 pessoas - trajando blusas em prol de Jair Bolsonaro, segurando em suas mãos panfletos com dizeres persuasivos sobre a honestidade e o caráter do candidato. Aparentavam serem pessoas muito simples. Não possuíam muitos objetos de valor e a fala argumentativa era o que mais se ouvia no ato. O cenário assemelhava-se a um bloco simples de carnaval. Carros de som, bandeiras, cheiros de comidas das quais se vendiam nos quiosques, músicas e discursos veementes tomavam conta daquela pequena ruela em frente à caixa econômica na qual se concentravam pessoas em passeata para gozar de seus plenos direitos de manifestação ideológica. O sol estava acanhado, o tempo perigava virar e ao redor só víamos pessoas bebendo nos bares e discutindo política como se fosse um jogo decisivo de futebol - não prestei muita atenção no conteúdo da conversa.
Tomada pela ânsia e o receio de desenvolver algum tipo de desavença no meu trabalho de campo, parei e fui comer um churrasco no qual o cheiro exalava há kilometros de distância. Passei a observá-los antes da entrevista. Haviam crianças, casais, adolescentes. O número de negros era pequeno; em comparação, o de mulheres surpreendia, visto que somavam quase metade das pessoas. De longe, uma cena me chamou a atenção: um menino, que aparentava ter uns 3 ou 4 anos, estava com a blusa do Bolsonaro, pulando e cantando, dizendo que Jair seria eleito presidente logo no primeiro turno. Seus pais riam e o aplaudiam, levando todos os manifestantes a se derreterem pela fofura do garoto. Após este episódio, todos se movimentaram até à calçada da rua e se agruparam, tiraram fotos fazendo o símbolo da arminha com a mão e gravaram vídeos contrapondo o movimento do “#Elenão”, gritando em uníssono o “#Elesim”. Paravam pessoas aleatórias para falar o porquê do Jair ser a salvação para o Brasil e entregavam folhetos, que, segundo eles, obtiveram através dos agentes de campanha de Bolsonaro sem terem recebido nenhum dinheiro pela divulgação. O clima era de felicidade e não haviam muitas divergências no local.
Após observar bem os transeuntes que se manifestavam naquele local, dirigi-me a um casal para entrevista. Ele, chefe de segurança e ela, dona de casa, mostravam bastante admiração ao “mito”. Falaram de sua conduta moral e de seus receios sobre a segurança pública, mas demonstravam uma certa ignorância sobre assuntos políticos, como a ideologia comunista. O marido pouco respondeu, deixando as respostas para a mulher que se maquiara toda para aparecer linda no ato. As respostas dela já eram previstas, enalteceu o caráter do candidato, o combate à corrupção, a luta contra ideologia de gênero, etc. Pouco se diferenciou dos discursos que vemos nas redes sociais. Depois deles, fui a um grupo de adolescentes que, disseram-me depois, estudavam em escola pública.
...