UM TETO TODO SEU
Por: 090920151 • 17/11/2015 • Resenha • 1.296 Palavras (6 Páginas) • 258 Visualizações
FACULDADE PRINCESA DO OESTE
CURSO DE BACHARELADO EM SERVIÇO SOCIAL
DISCIPLINA DE POLÍTICA SOCIAL I
TERCEIRO SEMESTRE
PROF. DR. RAFAEL OLIVEIRA
RAYSSA KELLY AURÉLIO LOPES
UM TETO TODO SEU
Resenha crítica
Crateús – CE
Novembro de 2015.
RESENHA- UM TETO TODO SEU (Virgínia Woolf)
Este livro de Virgínia Woolf, é resultado de temas abordados por ela em palestras onde a mesma era chamada a proferir sobre a mulher e a ficção, tratando da relação da mulher com a ficção no sentido literário. O livro foi escrito em 1928, a autora na época fazia parte do pequeno grupo de mulheres escritoras, tinha uma mente aguçada e um pensar diferente. Apesar de ter palestrado sobre mulheres e a ficção o livro acabou levando o título “Um teto todo seu”, pois a ideia central de Woolf é de que uma mulher precisa de dinheiro e um teto todo dela para poder escrever ficção.
Diante de tal afirmação a autora vagueia pelo universo literário analisando a opinião das demais escritoras, observando o fato de que naquela época as mulheres não podiam se permitir expor seu lado artístico e literal, pois a elas eram dadas atividades que tomavam todo o tempo. As mulheres do início do século XX deveriam cuidar dos afazeres domésticos e servir aos seus filhos e maridos, destruindo assim qualquer possibilidade de terem um tempo para repassar ao papel a inquietude de suas mentes. Woolf foge então da ideia principal a ela proposta, pois considera difícil tratar de mulher e ficção sem antes ver quais eram as oportunidades que as mulheres tinham de manter tal relação. O nível de escolaridade era baixíssimo, as mulheres desde cedo eram induzidas a pensarem em casamento, ter filhos e construir assim a família perfeita, onde o homem era tido como centro, aquele que submetia as mulheres ao seus caprichos, o opressor.
A partir desta análise e graças a oposição de Woolf para com esta realidade a qual a mulher da década de 20 estava exposta, é que este livro, além das demais obras de Virgínia, tornaram-se obras importantes de apoio ao movimento feminista, que prega a igualdade de direitos entre os sexos, ou seja, o feminismo defende que mulheres e homens tenham direitos iguais perante a sociedade, não havendo assim submissão, lutando pelo fim do patriarcado, desconsiderando qualquer hipótese de o homem ser superior a mulher, ou de a mesma está sujeita a algum tipo de opressão. Virgínia ao defender que mulheres devem ter liberdade de expressão, e que a luta por direitos igualitários é válida e importante, juntamente com o seu modo de pensar bastante moderno para sua época, torna-se um ícone para o feminismo. Isso se destaca pela sua posição no texto e na vida em sim. Virgínia, ao se aprofundar nesse tema trouxe a tona várias especulações que levariam as mulheres da época refletir sobre sua atual situação, e quem sabe poderiam se impor, visando liberdade e oportunidade de exercer algo além de “pilotar um fogão”.
No início de sua abordagem Virgínia se mostra indignada com as restrições para as mulheres daquela época, quando a mesma é impedida de entrar na biblioteca da faculdade. Tal fato só poderia ocorrer se a mulher, ser submisso, estivesse acompanhada de um estudante, homem, ser superior. A comida servida naquela universidade também apresentava uma forma de descriminação para com a figura feminina, os homens tinham tudo a sua escolha. Para as mulheres restavam as comidas menos apetitosas. Era certo de que poucas mulheres tinha o direito de estudar naquela época, Woolf era afortunada por ter uma herança e poder viver bem do seu próprio dinheiro, podendo assim produzir seus escritos. Ela era uma das poucas que tinham um teto todo seu e dinheiro para dedicar-se a criação. Mas isso não a fez se acomodar no interior de seu ego, gozando de seus privilégios. Muito pelo contrário, a escritora usou de toda sua liberdade para apresentar ao mundo suas ideias, sua opinião que transcendia décadas, seu jeito realista e cheio de igualdade de ver as coisas, o seu pensar livre. E o conceito de que se fazia necessário dar autonomia para as mulheres escritoras.
Assim, na busca por esta autonomia a autora cria um personagem fictício apresentado como a irmã do célebre William Shakespeare onde leva o leitor a refletir sobre a possibilidade de esta irmã ser tão inteligente e ter tamanho domínio das palavras escritas quanto o irmão, levando ao questionamento e comparação da fama que ambos teriam, e da dimensão de suas obras. Mas, diante de uma sociedade tão cheia de regras à apenas um lado, o das mulheres, essa situação fictícia seria bastante utópica. É claro que se desde o início dos tempos fosse dado as mesmas oportunidades para homens e mulheres, a irmã de Shakespeare não seria apenas sua irmã, a ela iriam referir-se pelo eu próprio nome, não como alguém cuja existência é associada a um parente famoso.
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