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Psicanálise no contexto social "A experiência dos sem-teto, dentro do abrigo"

Por:   •  12/3/2018  •  Artigo  •  801 Palavras (4 Páginas)  •  252 Visualizações

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A psicanÁlise em um contexto SOCIAL

“Experiências com moradores de rua, dentro de um abrigo”.

O presente artigo refere-se à experiência de estágio em psicologia dando-se início em 07/2016, dividindo-se em três semestres, concluindo-se em 12/2017 no estágio básico III.

O abrigo se localiza na cidade de Londrina, PR., No entanto a residência é uma extensão da instituição que conta com mais quatro casas.

Todos os abrigados passaram por uma triagem, por meio de órgãos competentes, vinculados a rede de Assistência Social. Foram cadastrados no Sistema Único, através de programas sociais e encaminhados para o local, onde residiram. No período de estágio, se observou que esta unidade abriga vinte e cinco acolhidos, com idade entre 18 a 70 anos, todos do sexo masculino, que passam por situações de vulnerabilidade social.

A unidade conta com o auxílio de uma equipe multidisciplinar, onde cada um exerce sua função. Esta equipe é composta por uma coordenadora uma Assistente Social, uma Psicóloga, uma cozinheira, uma colaboradora da limpeza e quatro Educadores.

Também todas as sextas-feiras ela realiza um atendimento em grupo, trabalhando com dinâmicas voltadas para aspectos sociais e emocionais dos indivíduos, falando da importância da autoestima, da higiene pessoal, e promovendo a interação entre eles. E através destes grupos, todos tem a oportunidade de conviver e compartilhar em um espaço coletivo, suas experiências pessoais e seus problemas comuns, expondo seus desejos, seus sonhos e suas vontades.

Num primeiro momento inicio com uma pequena citação de Jorge Amado quando redigiu Capitães da areia;

Vestidos de farrapos, sujos, semi-esfomeados, agressivos, soltando palavrões e fumando pontas de cigarro, eram, em verdade, os donos da cidade, os que a conheciam totalmente, os que totalmente a amavam, os seus poetas. (AMADO, 2003)

Pensando por essa citação, algo me toca em ser sensível , nas relações onde eles estabeleciam entre si e com o mundo , até que ponta eu estaria que estar preparada para escutar o que eles tinham pra me dizer , onde eu não sei e não tenho a mesma vida, e o que valida a psicanalise é a possibilidade da escuta do sujeito e de escutar esse sujeito onde é que ele esteja, e o que podemos chamar de transferência com o sujeito , onde ele pode se relacionar e escuta-lo onde ele esteja, se relacionar através de sua historia e vida.

EX: Um dia cheguei na casa um homem sentou-se para conversar, olhei para ele e o comprimente : Oi tudo bem ?

Ele : Oi , de onde você é ?

Eu: Sou estagiaria de psicologia

Ele : Eu sou morador de rua há 12 anos , sou formado em Adm e filosofia

E começou a me fazer umas perguntas, não foi de imediato alguns dias depois pensando ainda nisso e nas perguntas que ele fez para testar  , entendi que ele estava tentando me testar se eu estava preparada para escuta-lo e sua história .

O difícil não era ele falar, é como eu iria suportar aquilo que ele ia me dizer.

Após fazer as perguntas começou a me contar que já foi casado tem dois filhos, a mãe mora em uma casa de alto padrão, trabalhava em uma empresa de grande porte, e hoje prefere ficar na rua, uma das falas dele foi “A rua é a minha casa” , e que faz usos de substancias psicoativas (drogas), contraiu doença por usar seringas usadas ,após me contar fomos jogar um jogo de xadres .

Importante ser lembrado que desde que o homem é homem ele faz uso dos fármacos para tranquilizar ou melhorar suas condições na vida.  Freud (1976-1930) em ‘O mal-estar na civilização’, ele cita: “...a vida, tal como a encontramos, é árdua demais para nós, proporciona-nos muitos sofrimentos, decepções e tarefas impossíveis. A fim de suportá-la, não podemos dispensar as medidas paliativas. Não podemos passar sem construções auxiliares [...] derivativos poderosos que nos fazem extrair luz de nossa desgraça [...] e substâncias tóxicas, que nos tornam insensíveis a ela. Algo desse tipo é indispensável. (p.93)”

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